(*) Fernando Fabbrini
Tenho
certeza de que não foi uma nem duas, mas dezenas de vezes. Lembro-me
perfeitamente de pequenas e divertidas discussões políticas quando eu, já
bastante vivido e calejado, caí na besteira de aprofundar o assunto “ideologia”
com jovens – vizinhos, familiares, filhos de amigos etc. Com essa turminha,
geralmente universitários de cabeça feita, não adianta “aprofundar” nada. Ao
menor sinal de surgimento do saudável contraditório, eles se refugiam nas
frases feitas, clichês, slogans e narrativas que trazem do campus e repetem
como papagaios treinados.
Pedi
a vários que me definissem o que entendem por “comunismo”, “sionismo”, “semita”
e até “nazismo”. Ou até que conceituassem a mais fácil de todas: “terrorismo”.
Não conseguem, emburram, e os mais exaltados chamam-me logo de “fascista”. É
compreensível: estamos diante de uma geração que infelizmente naufraga em
conhecimentos gerais, política local e internacional, atualidades e sobretudo
em história – a grande mestra da civilização.
Porém,
esta semana tive ganas de cutucar alguns mais próximos para saber o que acharam
do crime de responsabilidade do atual ocupante da Presidência – sujeito
endeusado no passado, e hoje em franca decadência, no qual muitos desses jovens
votaram. Mas preferi adotar um silêncio obsequioso.
Graças
à estupidez da sentença dita pelo chamado mandatário maior da nação, o Brasil
acaba de conquistar novo troféu na extensa lista de vexames diplomáticos
creditados à incompetência e à arrogância desse governo: “Persona non grata”.
Como muita gente não estudou latim, convém esclarecer: é a primeira vez que um
presidente leva uma lambada dessas na cara. A expressão pertence ao universo da
diplomacia; tal pessoa não é bem-vinda ou foi banida do convívio por
determinado grupo. Simplificando, garotos e garotas, “persona non grata”
equivale, mais ou menos, a você unir seus dedos polegar e indicador, formando
um pequeno círculo e, num gesto enfático, exibir o arranjo nas fuças de alguém
que lhe dirigiu uma ofensa, um xingamento qualquer.
Até
que se redima – pouco provável, porque não percebe a extensão do dano – o
referido idoso não poderá botar os pés no território israelense, bem como acaba
de fechar muitas portas sutis nos planos econômicos e sociais mundiais,
prejudicando imensamente o país. O cara já não pode andar por qualquer rua do
Brasil, onde venceu a polêmica eleição. Agora, não poderá mais passear pelas
cidades e kibutz israelenses e talvez aprender como se faz um Estado livre,
democrático, independente e altaneiro.
Um
tsunami de sanções pode atingir Brasília. Terá ele dito isso apenas como
bravata, já que ninguém lhe dá muita bola, tentando holofotes após o fiasco de
sua viagem à África, onde nenhum líder ou estadista expressivo quis
encontrá-lo? Ou serão, já, sinais da idade provecta e da inevitável decadência
mental que o fizeram confundir uvas com olivas?
O
grave conflito entre o Estado de Israel e a organização terrorista Hamas já
permitiu que uma burocrata desconhecida ganhasse segundos de fama na bolha
esquerdista. Gleide Andrade, secretária nacional de Planejamento e Finanças do
PT e conselheira de Itaipu, no ano passado postou nas redes: “Israel é
assassino”, “uma vergonha para a humanidade”, “não merece ser um Estado”. Nas
notícias, soubemos ainda que seu cachê para cantar versos tão cheios de amor e
carinho é de R$ 37 mil mensais, pagos pelos brasileiros. Melhor esquecer. Até
porque essa performance só fez sucesso para a pequena plateia que já
conhecemos. É a mesma que aplaude o atraso, a censura, as tiranias e o “terror
do bem”. E a que foge das discussões porque não tem elementos para tal,
fingindo-se de fanzocas da paz e da justiça.
Fonte: O
Tempo
(*)
Escritor e
colunista de O TEMPO
AVISO: Os
comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do
Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou
reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem
de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados
que não respeitem os critérios serão excluídos sem prévio aviso.
Postar um comentário