Foto ilustrativa
O número de casos de dengue no Brasil em 2024, até a sexta semana epidemiológica, foi 305% maior que no mesmo período de 2023. No total, o país registrou 524.066 casos prováveis da doença neste ano, contra 128.842 no ano anterior. Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses, divulgado pelo Ministério da Saúde.
Conforme
a pasta, os estados que apresentam mais casos prováveis da doença são Minas
Gerais, (177.552 casos prováveis), São Paulo, (85.661), Distrito Federal,
(65.847) e Paraná, com 56.559 casos prováveis de dengue. A incidência da doença
é maior em Distrito Federal, Minas Gerais e no Acre, que já declararam situação
de emergência para a dengue.
De
acordo com a diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de
Infectologia, Rosana Richtmann, alguns fatores podem ter tido influência
direta no aumento, como a variação climática e o maior volume de chuvas.
“A
gente sabe que a fêmea do mosquito Aedes aegypti se replica mais fácil em
ambientes quentes — e foi o que vimos esse ano devido ao fenômeno El Niño e
muitas chuvas. Com isso, você encurta o tempo em que ela faz para colocar os
seus ovos, então a quantidade de vetor nesta época do ano aumenta bastante. A pandemia
tem também seu papel nisso, porque nós sabemos que durante 2020, 2021 e
praticamente 2022, a preocupação foi basicamente com a Covid-19 e os próprios
agentes de saúde acabaram não conseguindo entrar nas casas, fazer orientação
habitual. Mas o impacto maior, na minha opinião, são as questões climáticas”,
ressalta.
Ainda
conforme o painel epidemiológico do MS, 75 mortes pela doença foram confirmadas
e 346 estão sob investigação. O coeficiente de incidência de casos no país é de
258,1 a cada 100 mil habitantes. Além das medidas de prevenção que a população
pode adotar nas suas casas e pátios para evitar a proliferação do mosquito da
dengue, a infectologista destaca que é importante ter algumas medidas para
proteção individual.
“Infelizmente,
a essa altura que a gente já está cheio de casos e cheios de vetor, eu acho que
o mais importante agora é a barreira individual, principalmente as pessoas de
maior risco, que são os idosos, as crianças pequenas, as gestantes. Ou seja,
passar repelente na frequência em que o fabricante orienta e também usar de
preferência roupas claras, mangas e calças compridas para evitar a picada da
fêmea do Aedes aegypti. Do ponto de vista de você não ter criadouros em volta
da sua casa, também é muito importante que você não deixe água parada. Todas as
orientações que a gente já sabe em relação a isso”, explica.
Vacinação
contra a dengue
Segundo
o Ministério da Saúde, cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas ao
longo de 2024. O lote inicial de vacinas, com 712 mil doses, já começou a ser
distribuído para as unidades da federação selecionadas pela pasta.
Na
última quinta-feira (8), Goiás e Distrito Federal receberam as primeiras doses
para a vacinação contra a dengue, para a faixa etária de 10 a 11 anos. Na
Bahia, Mato Grosso do Sul e em São Paulo, os primeiros lotes chegaram na última
sexta-feira (9). No sábado (10), foi a vez do Amazonas receber a primeira
remessa do imunizante. Já no Maranhão e Paraíba, os lotes chegaram na
segunda-feira (12). No Acre, a primeira remessa chegou na terça-feira (13). No
Rio Grande do Norte, a previsão de entrega é para esta quinta-feira
(15). Para os demais estados priorizados pelo Ministério da Saúde, a
previsão é que todos recebam doses para a vacinação nos próximos dias.
A
vacinação no DF iniciou na sexta-feira (9). Segundo a Secretaria de Saúde do
DF, até a segunda-feira (12), cerca de 10 mil crianças já tinham sido
imunizadas. A secretaria ainda informou que “a procura pelas vacinas da dengue,
considerando o período festivo, está dentro do esperado”. No Mato Grosso do
Sul, a vacinação iniciou no domingo (11). Já em Goiás e no Amazonas, a
vacinação começa nesta quinta-feira (15).
Na
avaliação da infectologista Rosana Richtmann, apesar de importante, o impacto
positivo da vacinação não deve ser observado ainda este ano. “Em 2024, nós não
vamos ver o impacto da vacina contra a dengue porque o quantitativo é muito
reduzido. Uma pequena parcela da população será vacinada e esse impacto não
será sentido em 2024, mas é o primeiro passo”, diz.
Para
2025, o Ministério da Saúde já contratou 9 milhões de vacinas junto ao
laboratório japonês Takeda.
Sinais
e sintomas
Apesar
de os sintomas da doença serem muito semelhantes aos da gripe e da Covid,
a infectologista explica que a principal diferença é que os sintomas da dengue
não apresentam um quadro respiratório.
“Em
relação aos sintomas da dengue, o mais importante é a febre de início agudo, de
início abrupto. Essa febre é acompanhada de dor de cabeça, dor atrás dos olhos,
dor no corpo, muita mialgia. Pode ser acompanhada de náusea e vômito. E depois
do segundo ou terceiro dia, você pode apresentar também uma erupção na sua
pele, que pode ou não coçar. O mais importante nesse momento que nós estamos
também vendo o aumento do número de casos de Covid é que a
Covid costuma dar sintomas respiratórios como coriza, a tosse, dor de
garganta — e a dengue, não”, explica.
De
acordo com Richtmann, é preciso procurar atendimento médico a qualquer sinal de
febre, principalmente se a pessoa estiver em locais com alto número de casos da
doença.
“Se
você tiver com uma suspeita, você mora num local onde está tendo caso de dengue
e começa com uma febre de início abrupto; primeira coisa é iniciar a
hidratação. A hidratação é fundamental na dengue no sentido de evitar as
complicações — e, claro, procurar um serviço de saúde para poder
ser classificado em termos de risco e receber orientação adequada”, destaca.
Com
suspeita de dengue, a moradora de Brasília, Distrito Federal, Mariana Alves, de
23 anos, conta que teve a doença pela primeira vez durante a pandemia de Covid.
Ela relata que, mesmo após tratar a doença, apresentou sintomas tardios.
“O
tratamento foi água, foi repouso. Eu fiquei internada porque como não estava
conseguindo comer, eu estava bem desidratada. E ainda para piorar, eu tive o
pós-dengue. Tive uma hepatite medicamentosa porque eu não podia tomar dipirona.
Então, durante todo o meu tratamento da dengue com as febres, dores, etc. tive
que tomar paracetamol, que é uma bomba para o fígado. Ainda tive que tratar um
mês essa hepatite. Algo que eu não sabia e eu acho que ainda muita gente não
sabe é que a dengue, assim como a Covid, gera queda severa de cabelo. Então eu
tive alopecia depois de 3 meses”, conta.
Fonte:
Brasil 61
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