Fuga inédita leva Lewandowski a crise em só 13 dias no governo; deputados pedem apuração

 



O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, teve a primeira crise no comando da pasta com apenas 13 dias no cargo após a fuga inédita de dois detentos na penitenciária federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.


Os fugitivos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, 36, conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34, chamado de Deisinho. Segundo as investigações, eles são ligados ao Comando Vermelho.


A principal suspeita até o momento é de que os dois presos tenham usado materiais de uma obra do pátio da penitenciária como instrumentos na ação, de acordo com pessoas com acesso à investigação.


Ainda não há informações se houve ajuda de agentes penitenciários, de outros funcionários ou pessoas de fora na fuga. As hipóteses estão sendo investigadas, mas já há consenso de que houve falha na inspeção.


Lewandowski determinou nesta quarta-feira (14) o afastamento imediato da atual direção da penitenciária em Mossoró e escalou um interventor para comandar a gestão da unidade.


O policial penal federal que assumirá o presídio já está na cidade, e o nome não foi divulgado pela pasta por questão de segurança. Ele embarcou para o local, na tarde desta quarta, com o secretário Nacional de Políticas Penais, André Garcia.


Membros do Ministério da Justiça não explicaram ainda como tudo aconteceu, mas citam uma série de empecilhos para os presos saírem das celas, como câmeras de monitoramento e vigilância das guaritas.


A fuga gerou uma repercussão negativa entre parlamentares. O presidente da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, o deputado Sanderson (PL-RS), disse que o grupo vai cobrar a imediata apuração sobre as "gravíssimas" fugas.


"1º registro de fuga na história do sistema penitenciário federal acaba de acontecer, com 2 faccionados ao CV fugindo do presídio federal de Mossoró. É o exato retrato do caos que virou a segurança pública do Brasil", disse nas redes sociais.


O deputado Alberto Fraga (PL-DF) considerou uma "vergonha" a fuga de dois detentos do presídio federal de Mossoró e defende que alguém seja responsabilizado pelo que aconteceu. Ele já fala em chamar Lewandowski para dar explicações.


"O único sistema que funciona é o federal, vai ser complicado conseguir novamente uma credibilidade com essa fuga. Alguém facilitou essa fuga, nós queremos saber quem e vamos chamar o ministro da Justiça para explicar", disse.


Lewandowski está em São Paulo, de onde monitora as ações para encontrar os fugitivos. Segundo a sua assessoria, ele chega a Brasília nesta quinta-feira (15).


O ministro do governo Lula (PT), segundo nota da pasta, instruiu a PF (Polícia Federal) para que efetuasse o registro dos nomes dos fugitivos no sistema da Interpol, bem como a sua inclusão no sistema de proteção de fronteiras.


Dessa forma, eles passariam a ser procurados também pela comunidade policial internacional. Além disso, solicitou revisão de todos os equipamentos e protocolos de segurança nas cinco penitenciárias federais.


Outra medida foi acionar a direção-geral da PF para abertura de investigações e o deslocamento de uma equipe de peritos ao local, com objetivo de apurar responsabilidades e de atuar na recaptura dos dois fugitivos.


A pasta também ordenou a mobilização das Forças Integradas de Combate ao Crime Organizado (Ficco), que congregam as polícias federais e estaduais nas ações de repressão da criminalidade organizada, para colaborarem com os esforços de localização e prisão dos foragidos.


Os dois fugitivos foram transferidos do Acre para o presídio em Mossoró após uma rebelião que deixou cinco pessoas mortas em setembro do ano passado.


O sistema penitenciário federal tem a finalidade de combater o crime organizado, isolando as lideranças criminosas e os presos de alta periculosidade. As maiores lideranças do PCC e do Comando Vermelho estão em unidades federais.


Ao todo, há outros quatro presídios federais de segurança máxima, localizados em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Brasília (DF). A penitenciária que fica em Mossoró foi inaugurada em 2009 e tem capacidade para até 208 presos.


Com informações da Folha de São Paulo



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