O vereador Juninho Corrêa (PL), decidiu trocar o terno e a gravata pela batina, desistindo de virar ordenador de despesas para ser ordenado padre.
No fim da tarde de ontem (14), em coletiva de imprensa convocada por ele, o parlamentar de Cachoeiro de Itapemirim anunciou a decisão de se licenciar do mandato na Câmara (e da vida secular, entre os leigos) para retomar os estudos como seminarista, iniciados na juventude, atendendo, segundo ele, ao chamado de Jesus Cristo para o exercício da vocação sacerdotal. De acordo com o vereador, respondendo com atraso ao “verdadeiro chamado” de sua vida, ele volta ao seu “primeiro grande amor”, aquele por quem havia se apaixonado antes de resolver entrar para a política, em 2020.
Ao
decidir seguir a vida eclesiástica, o vereador de 27 anos interrompe em pleno
início uma promissora carreira política e deixa “desamparados” o PL e os fiéis
eleitores do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro na eleição para a
Prefeitura de Cachoeiro. O vereador era o pré-candidato e a grande aposta do PL
ao cargo hoje exercido pelo prefeito Victor Coelho (PSB). Com sua decisão, ele
também renuncia a essa e a qualquer outra candidatura. Agora, o partido
presidido pelo senador Magno Malta no Espírito Santo precisa correr para
encontrar uma alternativa para a disputa na maior cidade do sul do Estado.
Filho
de Zezé Corrêa, dono de um dos maiores frigoríficos do Espírito Santo, Juninho
de fato foi seminarista da Igreja Católica, mas, antes de se ordenar padre,
“ouviu o chamado da política”, interrompendo a preparação. Em 2020, elegeu-se
para seu primeiro mandato eletivo, pelo PL, tornando-se vereador de Cachoeiro.
Na eleição para deputado federal em 2022, sempre pelo PL, não alcançou uma das
dez vagas em disputa pelo Espírito Santo, mas foi o segundo candidato mais
votado na chapa do partido, com 37.756 votos, ficando na 1ª suplência de Gilvan
da Federal.
Agora,
a partir do momento em que ele se licenciar oficialmente do mandato, o lugar de
Juninho na Câmara Municipal de Cachoeiro será preenchido pelo contador Amós
Marcelino, 1º suplente do PL na eleição de 2020. Se ele se desfiliar do PL ou
renunciar à suplência na Câmara dos Deputados, o vereador de Vila Velha Devacir
Rabello passará a ser o 1º suplente do partido na bancada capixaba em Brasília.
Antes
do surpreendente anúncio, Juninho era considerado unanimemente como um
pré-candidato muito forte em Cachoeiro, sobretudo por representar, até então, a
direita bolsonarista no cenário local. Como pré-candidato do PL, ele era o nome
mais diretamente identificado a esse espectro ideológico, em um município que,
ao lado de Colatina, firmou-se nos últimos pleitos como o maior reduto
eleitoral bolsonarista no Espírito Santo. Em 2022, o então presidente da
República alcançou incríveis 69,4% dos votos válidos dos cachoeirenses contra
Lula (PT) no 2º turno.
Nos
círculos do PL, quem passa a ser tratado como possível candidato a prefeito no
lugar de Juninho é o também vereador Léo Camargo, um dos três integrantes da
bancada do partido na Câmara de Cachoeiro.
Quanto
ao comando do Diretório Municipal do PL, a retirada de Juninho abre espaço para
a ascensão do deputado estadual Callegari, também representante de Cachoeiro.
Com as bênçãos de Magno Malta, o deputado é o novo presidente municipal, e seu
grupo passa a influir muito mais nas decisões do partido na cidade, notadamente
as de cunho eleitoral.
Além
da definição do substituto de Juninho na chapa majoritária, um desafio imediato
que se impõe é controlar o êxodo de pré-candidatos a vereador desencadeado pela
desistência de Juninho. Com o anúncio, a chapa corre o risco de implodir e pode
precisar ser remontada em tempo recorde.
Por
meio de sua assessoria de imprensa, Magno Malta enviou esta nota:
“O
PL-ES conta com quadros importantes em todos os municípios, e Juninho foi
calorosamente recebido ao se juntar a nós. No entanto, ele optou pelo caminho
do sacerdócio, uma escolha louvável, e o partido expressa sua gratidão pelo
trabalho realizado até então. Com sua saída, o deputado estadual Wellington
Callegari assume a liderança do partido no município. Quanto ao pré-candidato
que substituirá Juninho Corrêa, temos outros patriotas alinhados com as pautas
conservadoras e em breve divulgaremos o nome.”
As
outras forças na cidade
Como
já noticiado aqui, o deputado estadual Theodorico Ferraço, prefeito de
Cachoeiro por quatro mandatos, formou uma aliança com o PL e, a princípio,
tendia a apoiar a candidatura de Juninho. Ferraço assumiu a presidência da
Comissão Provisória do Progressistas (PP) em Cachoeiro, tendo como
vice-presidente ninguém menos que o empresário José Carlos Corrêa, o Zezé, pai
de Juninho e presidente da Cofril, um dos principais frigoríficos de suínos do
Espírito Santo.
Fonte: ES360
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