Agência da ONU dá assistência humanitária a palestinos© Reuters
Uma acusação feita por Israel de que funcionários da UNRWA - a agência da ONU que dá assistência a refugiados palestinos - teriam tido envolvimento nos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023 desencadeou uma investigação interna, demissões e reações dos EUA, que anunciaram uma pausa no financiamento da agência.
O
secretário-geral da ONU, António Guterres, se disse “estarrecido” com a
acusação e pediu uma investigação rápida.
O
Hamas matou 1,3 mil pessoas, a maioria delas civis, em um ataque sem precedentes
contra Israel em 7 de outubro. Outras 250 pessoas foram feitas reféns. O episódio desencadeou uma ofensiva israelense contra a
Faixa de Gaza que já matou mais de 26 mil palestinos, segundo o Ministério da
Saúde, sob controle do Hamas.
Ao
anunciar sua decisão de temporariamente suspender o financiamento da UNRWA, o
Departamento de Estado americano afirmou estar “profundamente apreensivo” com
as acusações de suposto envolvimento de pessoal da ONU nos ataques.
O
chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, disse na sexta-feira (26/1) que, a partir
das informações de Israel, colocou diversos funcionários sob investigação e
demitiu alguns deles.
“Para
proteger a habilidade da agência de oferecer assistência humanitária, eu decidi
rescindir imediatamente o contrato desses funcionários e lançar uma
investigação para estabelecer a verdade, sem demoras”, afirmou Lazzarini em
comunicado.
“Qualquer
funcionário envolvido nos atos de terror responderão por isso, inclusive em
processos criminais. A UNRWA reitera sua condenação, nos termos mais duros, dos
repugnantes ataques de 7 de outubro e pede a libertação incondicional dos
reféns israelenses (...).”
Ao
mesmo tempo, Lazzarini afirmou que “essas chocantes alegações ocorrem no
momento em que mais de 2 milhões de pessoas em Gaza dependem de assistência
vital que a agência provê desde que a guerra começou. Qualquer pessoa que trai
esses valores fundamentais da ONU também trai as pessoas que atendemos em Gaza,
na região e no resto do mundo.”
Mark
Regev, conselheiro do governo de Israel, disse à BBC que “pessoas recebendo
salários” da UNRWA se envolveram no ocorrido em 7 de outubro e que professores
que trabalham em escolas da agência “celebraram abertamente” os ataques do
Hamas.
Ele
também se referiu a uma refém israelense que, quando foi libertada, afirmou ter
sido mantida em cativeiro “na casa de alguém que trabalhava para a UNRWA”.
“Eles
têm um sindicato que é controlado pelo Hamas, e acho que já passou da hora de a
ONU investigar esses elos entre a UNRWA e o Hamas”, disse Regev.
Ao
pedir uma investigação do caso, António Guterres afirmou que qualquer empregado
da agência que comprovadamente tenha “participado ou auxiliado” no episódio de
7 de outubro será demitido e encaminhado para uma denúncia criminal.
A
Casa Branca afirmou que determinará seus próximos passos com base no “resultado
de uma ampla e completa investigação”.
EUA,
Alemanha e o bloco da União Europeia estão entre os maiores doadores da UNRWA.
A agência provê educação, serviços de saúde e ajuda humanitária a palestinos em
Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano, mas diz enfrentar crescentes
dificuldades em assistir a quase 75% da população de Gaza, que foi deslocada
pelo conflito dos últimos meses.
Estruturas
físicas da ONU onde moradores de Gaza se abrigavam foram atingidas por ataques
aéreos israelenses. Na última quinta-feira (25/1), 12 pessoas morreram quando
um abrigo da ONU foi bombardeado em Khan Younis, no sul de Gaza.
Fonte: BBC News Brasil
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