O ÓLEO DE LOBATO: 85 anos do primeiro poço de petróleo do Brasil

 


Em 21 de janeiro de 1939, o bairro do Lobato, em Salvador, na Bahia, testemunhou um evento que mudaria o curso da história do Brasil: a descoberta do primeiro poço de petróleo do país, o Poço Lobato. Esse marco histórico não apenas inaugurou uma nova era na exploração de recursos naturais, mas também desencadeou uma série de eventos que moldaram o futuro econômico e industrial do Brasil.


A jornada rumo à descoberta do petróleo brasileiro começou em 1938. O pioneirismo dessa descoberta é creditado ao engenheiro geógrafo Manoel Ignácio Bastos, um curioso colecionador de amostras de minerais. Ele, intrigado pelo “gás” usado pelos moradores de Lobato para alimentar suas lamparinas, descobriu uma lama oleosa nas tocas dos caranguejos nos manguezais da região. Ao lado de Bastos, o corretor Oscar Cordeiro, presidente da Bolsa de Mercadorias da Bahia, desempenhou um papel crucial, enfrentando resistência e conspirações, ao defender a existência do petróleo em Lobato.


O processo de confirmação da presença de petróleo foi marcado por desafios e descrenças. Victor Oppenheim, geólogo lituano contratado para contestar a viabilidade do petróleo em Lobato, inicialmente se recusou a aceitar a descoberta. Diante das inúmeras adversidades, em 21 de janeiro de 1939, o petróleo jorrou do Poço Lobato. No mesmo dia, a notícia já estava estampando as capas dos principais jornais.


Mesmo se revelando não comercialmente viável, o poço se tornou um ponto de virada na história da indústria petrolífera brasileira.


Expansão da indústria petrolífera brasileira a partir de Lobato

 

A importância do Poço Lobato se estendeu além das fronteiras do Recôncavo Baiano. A partir do poço, outros ativos foram descobertos, consolidando o Brasil como uma potência na produção de petróleo. Um exemplo é o Poço Candeias 1, primeiro poço comercial do país, descoberto em dezembro de 1941. Alvo do pacote de desinvestimentos, o poço foi privatizado em 2020 e a categoria petroleira luta pela sua reestatização.


Além do Candeias 1, os campos Dom João Terra, Dom João Mar, Água Grande, Bacia de Campos e Bacia de Santos são algumas das descobertas advindas da semente plantada pelo Poço Lobato, que desafiou as concepções geológicas da época.


Em 1946, um projeto de lei permitindo a exploração do petróleo por empresas estrangeiras gerou o movimento ‘O Petróleo é Nosso’. Essa mobilização nacionalista culminou, em 1953, na criação da Petrobrás, que manteve o monopólio da exploração no Brasil até 1997.


Após a descoberta de jazidas de pré-sal em 2006, o Brasil foi considerado o maior produtor de petróleo da América Latina em 2017. Além da quantidade de barris produzidos, o país extrai petróleo de forma mais eficiente e lucrativa, emitindo menos CO2 por barril produzido em comparação com a média mundial. Tudo isso graças à base de extração de petróleo do Brasil: a Petrobrás.


O ouro negro da economia brasileira


Hoje, o Brasil se destaca no cenário global como um dos principais produtores de petróleo, com perspectivas de crescimento contínuo. O país produz, em média, mais de 3,5 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) e já tem expectativas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) de que, em 2025, deve ultrapassar os 4 milhões de bpd.


A exploração contínua e as descobertas em diferentes bacias estimularam a indústria petrolífera nacional. Somado a isso, o desenvolvimento tecnológico e a superação de desafios geológicos consolidaram o legado do poço Lobato como um marco fundamental na história econômica e petrolífera do país.


Ao celebrar os 85 anos da descoberta do Poço Lobato, é importante reconhecer não apenas o feito histórico, mas também a complexa trajetória que o sucedeu. O Brasil, impulsionado por essa descoberta, se tornou uma potência na exploração de petróleo, contribuindo significativamente para sua economia e desafiando paradigmas estabelecidos.


O Poço Lobato, símbolo de determinação e superação, continua a ser um marco na jornada do Brasil em direção à soberania energética e à industrialização nacional.

 

Fonte: AEPETBA



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