Fonte: Correio do Povo – Foto: Twitter / Reprodução / R7 / CP
Valter
Bernat
Advogado, analista de TI e editor do site.
Todo
ano é igual àquele que passou.
Que
novidade! Em janeiro chove torrencialmente no Rio de Janeiro. Chega a ser
irônica a frase que se repete todo ano, em todo verão, há muitas décadas: “choveu,
em um dia, mais do que o previsto para o mês”. Os cariocas, conhecidos pelo seu
bom humor, já dizem: “Choveu? Alagou!”
Mais
uma vez, fomos “surpreendidos” pelas fortes chuvas, que todo ano caem na cidade
e nos arredores nesta época, causando transtornos e perdas de vidas e de
patrimônio.
Todo
mundo sabe – e não é de hoje – que esta época é propícia a chuvas pesadas,
temporais inevitáveis e desabamentos (estes, claro, devido principalmente ao
crescente desmatamento dos morros da cidade). Sem falar nas inundações, bolsões
d’água e similares. Tudo porque o que deveria ser feito durante o ano inteiro
simplesmente não é feito.
As causas são conhecidas de todos: falta de dragagem dos rios e canais; a limpeza de bueiros; a sujeira jogada nos rios pela população e construções irregulares em encostas. Enfim, causas que poderiam, perfeitamente, ser evitadas se houvesse atuação dos governantes e o não incentivo de legisladores/governantes às invasões de áreas proibidas.
Esperam acontecer a catástrofe para ficar dando explicações inúteis, como se a
culpa fosse só da população ou de fenômenos inesperados da natureza.
A
verdade é que as obras que poderiam evitar os alagamentos são de baixo custo e
tecnologia plenamente dominada, mas que nunca são realizadas por puro desleixo
de nossos políticos. Meu avô já dizia há mais 50 anos: “político não gosta
de obras de infraestrutura porque a obra não aparece e não dá ibope”. Ele
estava certo!
A
população ainda sofre com o descaso e abandono das estruturas urbanas. Além do
lixo excessivo nas ruas e nos rios, o asfaltamento é feito sem preocupação com
o escoamento das águas das chuvas. Não há campanhas educacionais do
estado/prefeitura para conservação da cidade para mantermos a cidade limpa.
Quem
é mais velho lembra da figura do “Sujismundo” personagem criado em 1972, em
plena ditadura militar, nas propagandas educacionais do governo contra o lixo.
Todos que jogavam alguma coisa na rua eram taxados de Sujismundo… isso pegou!!!
As chuvas deste ano, de novo, levaram vidas e carregaram bens adquiridos com muito esforço e suor no rosto, alguns ainda sendo pagos em prestações. Em troca, os temporais deixam o desespero estampado no olhar das pessoas que perderam tudo, mesmo tendo quase nada. Derramam lágrimas para enxugar suas almas e nossos políticos fazem caras tristes, criam programas de auxílio e doações, decretando estado de emergência, direcionando valores para ajuda, que nunca chega a quem precisa… e mais nada!
Uma
sugestão: por que os parlamentares do Rio de Janeiro (deputados e senadores)
não direcionam suas emendas parlamentares para o auxílio às vítimas? Ou para as
obras necessárias. Só como exemplo: o túnel extravasor na Cidade Imperial –
Petrópolis-RJ – duramente atingida em anos anteriores, com muitas mortes, teve
seu progresso a passos de cágado. Ainda está na primeira fase e sem prazo para
conclusão. Ele seria uma solução para as enchentes na cidade.
A
temporada de chuva passa e as obras ficam no papel e nos discursos. Enfim, a
desculpa de “evento catastrófico” não funciona mais.
Dizer
que a Baixada Fluminense está abaixo do nível do mar e assim “temos que
esperar o nível do mar baixar para a água escoar” é de uma puerilidade
inaceitável, haja visto que, por exemplo, a Holanda está abaixo do nível do mar
e não temos estas catástrofes. O nível do mar, definitivamente, não é o
problema. Nossa engenharia é plenamente capaz de resolver os problemas. Já
vimos isso com os piscinões da Praça da Bandeira e na Praça Niterói, que
resolveram os alagamentos nas regiões.
A omissão tem causado mortes e prejuízos e os governantes devem ser chamados à responsabilidade! Já é tempo!!!
Fonte: O Boletim
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