CARNAVAL: Despesas devem atender aos princípios da economicidade, moralidade e transparência.

 

foto - carnaval de Juazeiro  norte da Bahia


(*) Taciano Medrado


Enquanto as prefeituras por todo o pais ainda sofrem com a queda das receitas, em especial do FPM, correndo na contramão, estima-se que a prefeitura de Juazeiro no norte da Bahia deverá gastar mais de 5 milhões de reais em 4 dias (25 a 28/01) para realizar Carnaval antecipado,  entre cachês, Hotéis, alimentação, diárias, trios elétricos, estrutura de palcos e camarotes, sons, pessoa de apoio, ajuda para polícias militar, civil, rodoviária federal. Enfim, no fechar das contas, geralmente o custo operacional total fica em torno de 20 a 30% do custo das atrações.


Chuvas e problemas iminentes 


Vale lembrar que nessa segunda quinzena de janeiro (21 a 31) as previsões dos institutos de meteorologia apontam para ocorrências de chuvas intensas na cidade, e como todo juazeirense sabe, chuvas  trazem vários transtornos para a população, em especial para as que residem na periferia, já que a maioria das cidades do pais não são estruturadas e não estão preparadas para receberem altos índices de precipitação pluviométrica. 


Origem dos recursos


Mas o que o povo quer saber é: De onde a prefeitura vai tirar 5 milhões de reais para bancar as mais de 30 atrações que irão se apresentar na folia momesca? Dos cofres públicos? O governo do Estado está sendo parceiro?


Para responder a esses questionamentos a equipe o blog prof.TM, realizou uma  consulta ao diário oficial do município, e descobriu que a prefeitura municipal publicou no dia 19 de Janeiro de 2024, a partir da pagina 3,  um Edital de Chamamento de captação de patrocinadores para o carnaval de Juazeiro.  CLIQUE AQUI


Investimento ou gastos

 

Sempre que são questionados sobre os valores gastos no carnaval, os prefeitos usam o tradicional argumento de que o carnaval traz recursos para cidade com o turismo e aquece o comercio ajudando os ambulantes e os trabalhadores informais. Até concordamos com essa teoria, porém á luz de obtenção de receitas para os cofres públicos o retorno é muito lento.


Regras para despesas com eventos e festas nos municípios

 

Segundo o portal Consultor do prefeito, a realização de despesas com festas e eventos no serviço público deve observar algumas condições ou requisitos com vistas a preservar os princípios do interesse público, da moralidade e da eficiência do gasto público.


A sociedade exige cada vez mais que o investimento dos recursos públicos sirva para atender as demandas sociais e resolução dos problemas coletivos. Em razão disto, a realização de despesas com festas, comemorações e eventos deve ter como principal regra o caráter secundário. Ou seja, o gasto com festividades somente deve ser realizado quando as demais necessidades coletivas estiverem razoavelmente atendidas, salvo se os recursos tiverem destinação específica, como é o caso de convênios celebrados para realização de um evento ou festa determinada.


Em razão da moralidade administrativa e do interesse público não é razoável a realização de festas e eventos em municípios que se encontrem em situação geral de calamidade pública ou com grave crise fiscal.


Um outro cuidado na realização de festas e eventos diz respeito a finalidade do órgão. De forma geral, não se admite este tipo de despesa quando o evento ou festa esteja desvinculado da finalidade institucional da entidade pública. Segundo jurisprudência do Tribunal de Contas da União, admite-se a realização de despesas públicas com festividades por parte dos órgãos públicos, desde que vinculadas às atividades finalísticas da entidade e sejam feitas com moderação e economicidade.


Da análise da jurisprudência mencionada, percebe-se outras condições para realização de despesas com festividades, quais sejam: a moderação, razoabilidade e economicidade. Para o Tribunal de Contas  as despesas com comemorações, festas e eventos devem se restringir aos casos estritamente necessários, atendendo-se aos princípios da economicidade, moralidade e transparência.

 

(*) Professor, redator - chefe e analista político


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