Reportagem de Lívia Braz/ Brasil 61
A
crise econômica e o desequilíbrio fiscal que enfrentam mais da metade das
cidades brasileiras é o que motivou cerca de dois mil prefeitos de municípios a
se reunirem em Brasília para pedir apoio à União e pressionar o Congresso a
aprovar pautas que aumentem a arrecadação.
De
acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios
(CNM), que ouviu cerca de três mil gestores, quase metade — 48,7% — dos
entrevistados precisou cortar pessoal para reduzir custos. O levantamento
mostra ainda que outros 10% estão com atrasos no pagamento de pessoal, sendo
grande parte desses (84,8%) nos últimos dois meses. Dos três mil
entrevistados, 47,8% das prefeituras enfrentam atrasos no pagamento de
fornecedores.
Cachoeira
Dourada, em Minas Gerais, município de apenas três mil habitantes, já enfrenta
as consequências da crise econômica. Segundo o prefeito Aleandro Silva, a
cidade tem grande dificuldade em manter as contas em dia. Hoje se atende apenas
às demandas urgentes, como saúde e educação.
“Nós
tivemos alguns cortes com prestadores de serviços, com servidores contratados
que precisamos mandar embora. E estamos fazendo uma avaliação esse mês e é
provável que mais gente tenha que ser demitida entre outros cortes. Hoje
estamos atendendo só o que é necessidade mesmo: saúde e emergência, além do
transporte escolar.”
Segundo
o gestor, fornecedores e folha de pagamento também estão atrasados no
município. Além dos cortes, para conseguir fechar o ano o prefeito diz que
está negociando contratos mais altos, diminuindo 25% dos serviços que são
essenciais.
Encontro
com órgãos controladores
O
presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, mobilizou os cerca de 2 mil gestores a irem
a pé, pelas ruas de Brasília — do Congresso Nacional até o Tribunal de Contas
da União —, num trajeto de cerca de 1,5 km.
No
destino final, o presidente entregou documentos e estudos feitos pela CNM aos
órgãos controladores. O relatório entregue à Controladoria-Geral da União (CGU)
e ao Tribunal de Contas da União (TCU) alerta sobre as dívidas que a União tem
com os municípios. Entre elas, como mostra o estudo, um débito de R$10,5
bilhões referente a repasses da assistência social (CRAS e Creas) que foram
custeadas pelos municípios, mas os valores não foram repassados a eles.
A
entrega dos documentos tem um objetivo, segundo o presidente da
CNM: "Fazer com que os órgãos controladores tomem conhecimento e atitude
sobre o assunto”, mas também mostrar à sociedade o trabalho que vem sendo feito
pela Confederação.
“Saber
que nós estamos agindo com responsabilidade. Não é o prefeito que está mal,
quem está mal é o cidadão. O serviço público está diminuindo em quantidade e
piorando em qualidade. Porque a União, que arrecada tudo, está cada vez se
retirando mais”, critica.
Cenário
futuro
A
pesquisa da CNM mostra que os gestores estão com medo e pessimistas com relação
ao futuro. O município de Poté, em Minas Gerais, tem 13 mil habitantes e
depende do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para custear o básico,
que já começa a faltar. O prefeito Gildésio Sampaio reclama da queda dos
repasses do FPM, mas também de outros programas do governo federal.
“Toda
vez que o governo federal ou estadual cria uma lei, é o município que paga o
pato. Cria-se a lei e não cria-se a receita para a gente bancar.
Consequentemente os estados estão sendo penalizados em todos os
segmentos.”
De
acordo com o levantamento, dos três mil prefeitos ouvidos, 44,3% acreditam que
a situação fiscal vai piorar. Outros 38%, mesmo diante do cenário de crise,
estão otimistas com os próximos meses. E 17,6% não souberam opinar.
Para
um futuro breve, 48% dos prefeitos ouvidos disseram que acreditam que
2023 deve terminar com as contas equilibradas, enquanto 34% são pessimistas e
18% estão incertos.
José
Carlos Garcia é prefeito de Azeredo, cidade de menos de 15 mil habitantes, no
Rio Grande do Sul, faz parte desse time. Desde dezembro do ano passado está
demitindo funcionários, cortando gastos ao extremo. “Mesmo com o cenário ruim
que enfrentamos hoje, eu acredito que a União e a mobilização dos prefeitos em
busca de mais recursos para as cidades já é razão para acreditar em dias
melhores.”
Prioridades
do movimento
A
visita a Brasília tem, entre outras prioridades, pressionar o Congresso
Nacional e dar celeridade à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 25/2022,
que estabelece o repasse adicional de 1,5% do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) para o mês de março — ainda em análise pela Comissão de
Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC), da Câmara dos Deputados.
Pressão
também se intensifica pela aprovação de outras PECs que tramitam na
Câmara, como a que tira os terceirizados do limite das despesas com pessoal; e
a PEC 38/2023, que amplia a Reforma da Previdência aos Municípios.
No
Senado, as prioridades são o PLP 334/2023, que reduz a alíquota do INSS; a PEC
40/2023, que prevê um adicional mensal no FPM por dois anos; a PEC 14/2023, que
atualiza os programas federais; a PEC 45/2019, que promove a Reforma Tributária
no país e o Projeto de Lei (PL) 136/2023, que compensa perdas do ICMS e
recompõe o FPM.
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