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Embora o uso de tabaco esteja diminuindo entre adultos nos Estados Unidos, o de cannabis está aumentando.
As
leis e políticas que regulam o uso de tabaco e cannabis também estão seguindo
direções diferentes.
As
políticas de tabaco estão se tornando mais restritivas, com proibições de fumar
em lugares públicos e limites nas vendas, como proibições estaduais de produtos
com sabores.
Em
contraste, mais Estados estão legalizando a cannabis para uso médico ou
recreativo, e há esforços para permitir exceções para a cannabis nas leis
contra o fumo.
Essas
mudanças significam que um número crescente de pessoas está propenso a ser
exposto à fumaça da cannabis. Mas quão segura é a fumaça direta e passiva da
cannabis?
Sou
médica da atenção primária e pesquisadora em um Estado onde a cannabis agora é
legal para uso médico e recreativo.
Eu
e meus colegas estávamos interessados em como as opiniões sobre a segurança da
fumaça do tabaco e da cannabis têm mudado durante esse período de crescente uso
e comercialização da cannabis.
Em
nossa pesquisa com mais de cinco mil adultos nos Estados Unidos em 2017, 2020 e
2021, constatamos que as pessoas estão cada vez mais acreditando que a
exposição à fumaça da cannabis é mais segura do que a do tabaco.
Em
2017, 26% das pessoas achavam que era mais seguro fumar um baseado de cannabis
do que um cigarro diariamente. Em 2021, mais de 44% escolheram a cannabis como
a opção mais segura.
As
pessoas também eram mais propensas a classificar a fumaça passiva da cannabis
como "completamente segura" em comparação com a do tabaco, mesmo para
grupos vulneráveis, como crianças e mulheres grávidas.
Apesar
dessas opiniões, pesquisas recentes levantam preocupações sobre os efeitos da
exposição à fumaça da cannabis na saúde.
As
opiniões e a ciência
Décadas
de pesquisa e centenas de estudos associaram a fumaça do tabaco a
múltiplos tipos de câncer e doenças cardiovasculares.
No
entanto, há muito menos estudos sobre os efeitos a longo prazo da fumaça da
cannabis. Como a cannabis ainda é ilegal no nível federal, é mais difícil para
os cientistas estudá-la.
Tem
sido particularmente difícil estudar os resultados de saúde que podem levar
muito tempo e maior exposição para se desenvolverem.
Revisões
recentes da pesquisa sobre a cannabis e o câncer ou doenças cardiovasculares
consideraram esses estudos inadequados porque incluíram relativamente poucas
pessoas com exposição intensa, não acompanharam as pessoas por tempo suficiente
ou não levaram em consideração adequadamente o tabagismo.
Muitos
defensores apontam a falta de descobertas claras sobre os efeitos negativos da
exposição à fumaça da cannabis como prova de sua inofensividade.
No
entanto, eu e meus colegas acreditamos que este é um exemplo da famosa citação
científica de que "ausência de evidência não é evidência de
ausência".
Cientistas
identificaram centenas de produtos químicos presentes tanto na fumaça da
cannabis quanto na do tabaco, muitos dos quais são carcinogênicos e tóxicos.
A
combustão do tabaco e da cannabis, seja por meio do fumo ou de vaporizadores de
ervas, também libera partículas que podem ser inaladas profundamente nos
pulmões e causar danos aos tecidos.
Estudos
em animais sobre os efeitos da fumaça passiva do tabaco e da cannabis mostram
efeitos preocupantes semelhantes no sistema cardiovascular, incluindo
comprometimento da dilatação dos vasos sanguíneos, aumento da pressão arterial e redução da função cardíaca.
Embora mais pesquisas sejam necessárias para determinar o risco de câncer de pulmão, ataques cardíacos e derrames causados pela fumaça da cannabis, o que já se sabe tem gerado preocupações entre as agências de saúde pública.
Por que as opiniões sobre a cannabis são importantes?
A
forma como as pessoas percebem a segurança da cannabis tem implicações
importantes para o seu uso e para as políticas públicas.
Pesquisas
mostram que, ao acreditar que algo é menos arriscado, as pessoas tendem a usar
mais.
As
opiniões sobre a segurança da cannabis também moldarão as leis de uso médico e
recreativo da cannabis e outras políticas, como se a fumaça da cannabis será tratada
como a fumaça do tabaco ou se exceções serão feitas nas leis de ambientes
livres de fumo.
Parte
da complexidade nas decisões sobre o uso da cannabis reside no fato de que, ao
contrário do tabaco, ensaios clínicos demonstraram que a cannabis pode ter benefícios
em certos contextos.
Isso
inclui o manejo de tipos específicos de dor crônica, a redução de náuseas e vômitos associados à
quimioterapia e o aumento do apetite e ganho de peso em pessoas com HIV/AIDS.
Vale
ressaltar que muitos desses estudos não se basearam na cannabis fumada ou
vaporizada.
Infelizmente,
embora uma busca na internet sobre cannabis retorne milhares de resultados
sobre os benefícios para a saúde da cannabis, muitas dessas alegações não são
respaldadas pela pesquisa científica.
Eu
peço às pessoas que desejam aprender mais sobre os potenciais benefícios e
riscos da cannabis que conversem com profissionais de saúde ou busquem fontes
que apresentem uma visão imparcial das evidências científicas.
O National Center for Complementary and Integrative Health oferece
uma boa visão geral dos estudos sobre a cannabis (em inglês) para o tratamento
de várias condições médicas, bem como informações sobre os possíveis riscos.
*Beth
Cohen é professora de Medicina na Universidade da Califórnia, São Francisco
Fonte: BBC News Brasil
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