O especialista em meio ambiente Charles Dayler avalia que o principal desafio da Frente Parlamentar dos Resíduos Sólidos (FPRS) será viabilizar a universalização da coleta dos resíduos. Ele explica que, atualmente, a gestão dos materiais não é feita da forma adequada porque muitos municípios ainda não realizam a segregação e destinação correta dos resíduos.
“Isso
gera muito impacto ambiental porque você vai ter a necessidade de grandes áreas
para a deposição de resíduos, geração de chorume, famílias que vão acabar
convivendo com essa situação, que são os catadores. Além disso, tem uma perda
financeira enorme pela quantidade de material reciclado que deixa de ser
aproveitado. Hoje, da forma que é feita, a gestão de resíduos sólidos é muito
precária”, destaca o especialista
No
evento de lançamento da frente, o deputado federal Carlos Gomes
(Republicanos-RS) defendeu a separação de materiais recicláveis desde a origem
para aprimorar a gestão de resíduos sólidos no Brasil. Vice-presidente da
frente, ele destacou que a responsabilidade sobre a gestão desses materiais é
compartilhada e passa por residências, indústria, comércio, agricultura, entre
outros setores.
“Essa
gestão de resíduos é muito importante até para fomentar uma cadeia que eu,
particularmente, acredito muito que tenha um potencial na geração de emprego,
que tenha uma potencial econômico, social e ambiental. Para melhorar nosso
desempenho é preciso investir no trabalho de separação desde a origem, de
gestão dos resíduos e, assim, nós iremos potencializar ainda mais a nossa
reciclagem”, pontuou.
A
FPRS foi lançada de forma integrada com a Frente Parlamentar Mista do
Desenvolvimento Urbano Sustentável (FPDUS) e a Frente Parlamentar Mista do
Saneamento Básico (FPSB). O objetivo é construir uma agenda legislativa com
políticas sustentáveis para o desenvolvimento urbano e habitacional,
regularização fundiária, saneamento básico e gestão de resíduos sólidos.
Política
Nacional de Resíduos Sólidos
De
acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento 2021, do
Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, 22 milhões de
brasileiros não possuem acesso à coleta domiciliar de resíduos sólidos. Em
2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei
12.305/2010), com o objetivo de reduzir a geração de resíduos, estimular
hábitos sustentáveis e aumentar a reciclagem e reutilização dos resíduos
sólidos, além de dispor sobre a destinação adequada dos materiais.
A
lei prevê uma responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos,
que abrange fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes e
consumidores, além dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de
manejo de resíduos sólidos. Dentre os objetivos dessa responsabilização
conjunta estão a redução da geração de resíduos sólidos, do desperdício de
materiais, da poluição e dos danos ambientais, além do desenvolvimento de
mercado, da produção e do consumo de produtos derivados de materiais reciclados
e recicláveis.
A
norma também cria metas para reduzir o número de lixões no país. Para o doutor
em desenvolvimento sustentável e especialista em gestão ambiental, Paulo Reis,
a maneira mais adequada de fazer a gestão dos resíduos é criar uma cultura de
coleta seletiva.
“A
melhor solução é separar na fonte, na casa das pessoas, ter regras para
separar, um código de posturas claro de como separar esse material e como
colocar para fora de casa para a coleta ser feita de forma adequada. Ter uma
coleta seletiva para cada um desses três materiais, que vão para locais
diferentes, para tratamentos diferentes e ao final os rejeitos todos são
encaminhados para o aterro sanitário”, avalia Reis.
Outro
mecanismo importante previsto na Política Nacional dos Resíduos Sólidos é a
logística reversa. Uma ferramenta que proporciona o retorno de materiais ao
ciclo produtivo. A ideia é que resíduos, como embalagens, eletroeletrônicos,
baterias e outros retornem ao setor empresarial responsável pela produção para
que tenham uma destinação adequada.
Fonte: Brasil 61
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