A Embrapa que emociona, produz e entrega valor para a sociedade. Nessa quarta-feira (26), a Empresa celebrou seus 50 anos apresentando resultados e indicando para onde pretende ir no futuro. A estatal anunciou também que sua plataforma de redes sociais no YouTube alcançou a marca de 300 mil seguidores, resultado eficiente para uma empresa pública do governo federal. Uma cerimônia marcada por lançamentos de tecnologias e publicações, assinatura de acordos de cooperação, homenagens, e pelo anúncio da nova presidente da Embrapa, a pesquisadora Sílvia Massruhá, que assume o cargo na próxima semana.
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, aproveitou a oportunidade para destacar a importância das mulheres em cargo de gestão. “A Embrapa fez a revolução da agropecuária no País”, afirmou. “Agora, nos seus 50 anos, fortalece o empoderamento das mulheres brasileiras indicando como presidente, pela primeira vez na sua história, uma mulher cientista”, complementou, referindo-se à pesquisadora Sílvia Massruhá (foto à direita).
“E como será a Embrapa do futuro?”, refletiu o ministro. Ele reforçou a importância do recém-criado Grupo de Trabalho do Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), composto por cinco notáveis, que tem como objetivo pensar a Embrapa do futuro: o ex-presidente Silvio Crestana, os ex-ministros da Agricultura Roberto Rodrigues e Luiz Carlos Guedes Pinto, a economista da UFRJ, Ana Célia Castro, e o engenheiro, agricultor e pecuarista, Pedro Camargo Neto.
“Esses
cinco notáveis toparam o desafio de nos ajudar a pensar a Embrapa do futuro - o
que e como vamos produzir e o que a Embrapa pode fazer para que isso aconteça.
O maior mérito desse grupo será o de ouvir especialistas e construir
coletivamente um projeto para os próximos 50 anos”, afirmou.
Melhor
do que encarar o futuro é criar o futuro
Com
uma dupla de apresentadores no palco, o editor e apresentador do Globo Rural
Nélson Araújo, e a jornalista da Embrapa Fernanda Diniz, a cerimônia abordou o
passado, o presente e o futuro da instituição de pesquisa e da agricultura
brasileira. Saudou antigos gestores da época da criação da estatal, o
ex-ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima, o economista José Pastore
e o ex-presidente da Embrapa Eliseu Alves, presentes ao evento (foto à esquerda,
na qual aparece também o ministro Fávero). Pastore, em 1973, coordenou o grupo
de estudos que criou a Embrapa e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
“Melhor
do que encarar o futuro é criar o futuro”. Com essa frase, o presidente Celso
Moretti reafirmou que a sustentabilidade é a marca da Embrapa e do agro
brasileiro. Ele resgatou a história da agricultura brasileira do passado ao
presente. “Nos anos 1970, o Brasil era conhecido como produtor de café, açúcar
e cacau e ainda importava grandes quantidades de arroz, feijão, carne, trigo,
leite, milho e outros cereais. Era necessário modernizar a produção agrícola
brasileira, criar uma instituição capaz de inovar, gerar conhecimentos em um
novo modelo de agricultura digital”, afirmou. Lembrou quando a Empresa enviou,
a partir da década de 1970,um conjunto de pesquisadores para estudar nas
universidades de renome internacional e consolidou, na década de 1990, o Programa
Labex. Em 2000, a Embrapa já se consagrava na fronteira do conhecimento.
“Essa
revolução se deu sustentada em três pilares: a transformação de solos ácidos em
férteis, a adaptação de animais e cultivos ao clima tropical brasileiro e o
desenvolvimento de uma plataforma de produção sustentável”, explicou.
Complementou, ressaltando que a pesquisa transformou o bioma Cerrados em um dos
maiores celeiros de alimentos do mundo, com a tropicalização da soja, e, mais
recentemente, a tropicalização do trigo, a partir das variedades melhoradas da
Embrapa. Em 2019, o País produzia 6,2 milhões de toneladas, porém, na última
safra saltou para 10,5 milhões de toneladas do cereal. “Estamos chegando lá,
quase na autossuficiência”. Ele enfatizou que a Embrapa, as Organizações
Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Oepas) e a extensão rural abriram os
caminhos para um setor produtivo ágil e eficiente.
Moretti
(foto à direita) destacou que a Embrapa desenvolve também projetos e ações com
forte impacto na redução da pobreza no Norte e Nordeste. “A Empresa não
trabalha apenas para o agronegócio, mas para todos os agricultores, hoje mais
de 30% dos projetos são vinculados à agricultura familiar”. Como exemplo citou
soluções tecnológicas como a fossa séptica biodigestora, as barraginhas e o
Sisteminha Embrapa.
Balanço Social
Para o presidente, a Embrapa opera um silencioso Pré-Sal. Se a Petrobras é líder mundial em prospecção de petróleo em águas profundas, a Embrapa é líder mundial em prospecção de tecnologias agropecuárias em profundidade. São campos de trigo, soja, arroz, feijão, bovinocultura de leite e de corte, florestas nativas e plantadas, entre outros.
E o Pré-Sal da Embrapa trouxe, em 2022, um retorno de quase 35 reais para cada real investido na Empresa, sendo apurado um lucro social de quase R$ 126 bilhões, o que impactou na geração de mais de 95 mil novos empregos em 2022. “Os números comprovam que vale a pena investir em pesquisa e inovação. E o Brasil se orgulha de conquistas os solos de forma sustentável”, disse.
Ele
enfatizou que estudos da Embrapa confirmam que dois terços do território estão
protegidos na forma de florestas e matas nativas dos mais diferentes biomas. “E
ainda temos pastagens degradadas da ordem de 100 milhões de hectares.
Recuperando essas pastagens, o País poderá aumentar a produção agrícola para
poder alimentar a população brasileira e o mundo.”
Nos
últimos quatro anos a Embrapa entregou mais de 200 ativos tecnológicos
destinados à agricultura e pecuária brasileira. “Mesmo na pandemia não paramos
e os produtores também não”, afirmou o presidente. Para ele, a instituição deve
continuar sendo pública, porém preparada para enfrentar os desafios que virão.
“A
modelagem do Núcleo de Inovação Tecnológica Externo trará significativa redução
na necessidade de recursos do Tesouro Nacional e maior independência da
Embrapa”, explicou. Segundo o gestor, o futuro da agricultura brasileira se
apresenta com desafios nada triviais: seguir produzindo com qualidade e
sustentabilidade, atendendo consumidores que demandam alimentos mais saudáveis
e sustentáveis; desenvolver ferramentas e métricas para estimar indicadores de
sustentabilidade atendendo demandas relacionadas aos inventários de gases de
efeito estufa, à avaliação de ciclo de vida e de impacto ambiental; criar
soluções para contribuir para a adaptação da agropecuária e mitigação das
mudanças climáticas; e disponibilizar as ferramentas no campo, como drones,
sensores, Internet das Coisas e inteligência artificial.
Durante
a celebração, foram anunciados os lançamentos de mais de 40 soluções
tecnológicas, sendo 29 voltadas para a cadeia produtiva vegetal, como
cultivares, bioinsumos, zoneamento agroclimáticos e sistema de produção. Cinco
tecnologias para a cadeia produtiva animal, como forrageiras para bovinocultura
e testes laboratoriais para a piscicultura, e sete softwares, aplicativos e
equipamentos também foram lançados.
Publicações
Durante
a cerimônia foram lançadas, ainda, três publicações: “A Embrapa na Agricultura
Tropical”, obra de referência sobre a Empresa, gerada por um grupo de
jornalistas especializados no agro e editado pela Metalivros; “O Brasil em 50
Alimentos”, que apresenta 50 alimentos produzidos no Brasil, selecionados por
sua importância econômica, social e científica; e, por fim, “O Futuro da
Agricultura Brasileira – 10 visões”, que traz reflexões sobre as direções e os
desafios do agro brasileiro até 2050.
História
construída em parceria
A
importância da parceria da Embrapa com instituições públicas e a iniciativa
privada, nacionais e internacionais, foi ressaltada na solenidade. No evento,
foi assinado um acordo de cooperação entre a Empresa, a Avon, e a
VBIO, uma plataforma de bioeconomia que auxilia instituições na captação e
destinação de recursos para projetos da biodiversidade brasileira. As parceiras
foram representadas, respectivamente, pelo presidente Celso Moretti, pela
Gerente de Assuntos Regulatórios e Biodiversidade da Avon, Luciana Machado dos
Santos, e pela Assessora para Assuntos Estratégicos e Relacionamento
Institucional, Mariana Barreto Granato.
Juntas,
as empresas desenvolverão um projeto cujo objetivo é gerar trabalho e renda
para mulheres da agricultura familiar envolvendo o pinhão, a semente da
araucária. Oito comunidades no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São
Paulo serão beneficiadas.
Luciana
dos Santos disse que o projeto Mulheres e a Cultura do Pinhão está alinhado com
a causa defendida historicamente pela Avon. “Desde sua fundação, há mais de 130
anos, quando a população feminina sequer tinha direito a voto, a Avon já
proporcionava oportunidades acessíveis para as mulheres alcançarem a
independência financeira, por meio de vendas e através de relacionamentos.”
Para
Luciana, a parceria com a Embrapa confirma que a empresa de cosméticos continua
contribuindo para o empoderamento de mulheres que buscam melhores condições de
vida e “o alcance de sonhos”, e ainda desenvolvem ações, com gestão
sustentável, por meio da melhoria e ampliação de atividades com o pinhão.
A
parceria internacional foi simbolizada pela assinatura de um memorando de
entendimento entre a Embrapa, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
(USDA) e o Instituto de Ciências Agrícolas e Alimentares da Universidade da
Flórida (Ifas). O memorando tem o objetivo de reduzir a dependência, por parte
dos dois países, de fertilizantes, fortalecer a segurança alimentar e combater
o aquecimento global. Foi assinado por Moretti; Simon Liu, Administrador
Interino do Serviço de Pesquisa Agrícola do USDA; Chavonda Jacobs-Young,
Subsecretária de Pesquisa, Educação e Economia daquele Departamento; e J.Scott
Angle, Vice-Presidente Sênior de Agricultura e Recursos Naturais da
Universidade da Flórida.
Chavonda
(foto à esquerda) ressaltou o trabalho de pesquisa agropecuária desenvolvido
pela Embrapa, os serviços prestados pela empresa brasileira à sua agricultura e
as boas práticas recomendadas com excelência científica. Mencionou ainda o
pensamento visionário da Empresa e os benefícios de sua pesquisa voltada a uma
produção sustentável.
Fez
uma analogia entre as cores e o lema da bandeira brasileira com a agropecuária
sustentável, afirmando que no último meio século a Embrapa carregou a missão da
economia ambiental.
A
representante do USDA falou também sobre o trabalho que será desenvolvido pelos
parceiros no acordo celebrado durante a solenidade e a importância de
microrganismos para a redução de fertilizantes químicos na agricultura.
“Reconheço que nosso contexto compartilhado mudou, mas uma coisa constante é a
parceria valiosa e produtiva entre a Embrapa e o USDA.
Outra
parceria internacional foi firmada com a Universidade da Carolina do Norte
(EUA), representada por John Dole, do Colégio de Agricultura e Ciências da Vida
da instituição americana. As parceiras pretendem ampliar seus programas de
cooperação e intercâmbio sobre desenvolvimento sustentável e fortalecimento
institucional.
Homenagens
Várias
homenagens foram prestadas a autoridades e instituições, em agradecimento pelo
apoio ao trabalho da Embrapa.
Rodrigo
Rollemberg, Secretário de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC),
homenageado na categoria Governo Federal, disse estar feliz e grato ao ser
reconhecido por uma instituição que é “orgulho para o Brasil e referência para
o mundo”, reafirmando seu compromisso em continuar colaborando com a
empresa.
O
deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), presidente da Frente Parlamentar para a
Agropecuária (FPA), homenageado na categoria Legislativo Federal, iniciou sua
fala desejando sucesso a Silvia Massruhá na presidência da Embrapa. “Não
existiria o agro brasileiro como ele é, com a importância e força que tem, sem
a participação da Embrapa, que nos trouxe tecnologia, novos investimentos,
novas cultivares e nos ensinou muito e continua ensinando. Suas unidades têm
feito um trabalho em parceria com os produtores rurais. Só temos o protagonismo
que temos, ao representarmos um terço do nosso PIB, 52% das nossas exportações
e aproximadamente 25% dos empregos gerados no País, por causa de parcerias como
a firmada com a Embrapa”.
Lupion
ressaltou a presença de representantes de instituições americanas e europeias
na solenidade. “A pesquisa transformou o Brasil na potência agrícola que é e os
investimentos em pesquisa fizeram com que avançássemos em práticas que hoje são
aplicadas no mundo, e que estão nos possibilitando chegar a super safras como a
que estamos prevendo para este ano. Não existe FPA, Mapa, agropecuária
brasileira sem a parceria com a Embrapa”, completou, reafirmando também o
compromisso da FPA em apoiar a Empresa nos aspectos orçamentários, funcionais e
institucionais.
Foram
homenageados ainda: na categoria setor produtivo, a Associação Brasileira
do Agronegócio (Abag), representada pela diretora-executiva Gislaine Balbino;
na categoria institucional, a Associação Brasileira de Criadores de Zebu
(ABCZ), representada pelo conselheiro Leizer Valadão; e na categoria
internacional, a Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica),
representada por Masayuki Eguchi, do escritório da instituição japonesa
no Brasil.
E
na categoria cientista do futuro, foi homenageado o estudante Juan Gabriel
Correia Camargo, que, aos 12 anos, confirmou seu desejo de se tornar um
pesquisador da Embrapa.
Homenagem
especial 50 anos
Aplaudido
de pé pelo público, Eliseu Alves, fundador, patrono e ex-presidente da Embrapa,
foi homenageado na categoria especial “50 anos”.
Alves
não discursou, mas sua esposa Eloísa Moreira Alves foi convidada ao palco para
falar em seu nome. Eloísa lembrou o trabalho do pequeno grupo que idealizou a
instituição de pesquisa, “dos cuidadores que gentilmente ajudaram a criança
Embrapa, ainda no berçário, a crescer”. Falou sobre os 50 anos em que
dividiu sua trajetória como profissional, esposa e mãe ao lado de Eliseu Alves,
homem dedicado à Empresa.
“Minha
mãe dizia que conhecemos uma pessoa pelo rastro que ela deixa por onde passa. E
o rastro que Eliseu deixa na Embrapa é limpo, honesto, correto e pleno de boas
perspectivas para o futuro”, concluiu, agradecendo a Celso Moretti o apoio
profissional e afetivo no momento em que Alves decidiu se desligar da
Empresa.
Embrapa
e Globo Rural, uma amizade duradoura
Nélson
Araújo (foto à direita), apresentador do programa de televisão Globo Rural,
dividiu a apresentação e a condução da solenidade com a jornalista da Embrapa
Fernanda Diniz (foto à esquerda). Nos momentos finais do evento, Nélson falou
sobre o programa e a Embrapa, sobre histórias que, nas palavras dele, se
misturam.
“Lembro
aqui que no jornalismo existe uma regra de que o repórter não deve se envolver
com a fonte”, disse, para imediatamente depois frisar que, como exceção à
regra, uma amizade duradoura nasceu, em 1980, quando a Embrapa tinha apenas
sete anos, entre a Empresa e o Globo Rural. Nélson citou Jorge Duarte e como
ele e o jornalista da Embrapa acreditam que a história das amigas se
confundem. “Amigo é aquele que contribui para o outro melhorar e não
tenho dúvida que a Embrapa ajudou muito o Globo Rural nisso”.
Contou
que o modelo da Embrapa de 1973, o de enviar pesquisadores para se capacitar
fora do País, inspirou o antigo diretor do programa, Humberto Pereira.
Referia-se ao protocolo adotado por Pereira, exigindo que jornalista que fosse
trabalhar no programa tivesse que fazer, primeiro, uma imersão de uma semana em
uma unidade ou estação de trabalho da Embrapa.
“Vejo
que o Globo Rural e a Embrapa criaram uma cultura, um jeito de trabalhar e se
relacionar generosamente com tudo. Quantas vezes somos recebidos nas unidades
da Embrapa e, se a ciência às vezes pega na mãozinha da arrogância, nunca vimos
isso na Empresa, pelo contrário, seus pesquisadores sempre nos ajudaram.”
Mencionou
como as publicações e outras orientações da Embrapa são rapidamente
visualizadas e acessadas por QR Code, quando abordadas pelo programa. “As
pessoas sacam rapidamente seus celulares para, por meio da tela, baixarem
folhetos”, disse, como exemplo de como a Empresa se dispõe a colocar o
conhecimento ao alcance de todos.
Por
fim, leu uma carta do atual Editor-Chefe do Globo Rural, Lucas Bataglin.
“Cada funcionário, cada pesquisador da Embrapa ajudou a inventar um jeito único
de produzir em terras brasileiras. Do pessoal da limpeza ao ilustre PhD, cada
um de vocês tem seu tiquinho de trabalho e criatividade nessa construção histórica”,
escreveu Bataglin.
Superintendência de Comunicação (Sucom)
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