Os
franceses saíram às ruas nesta quinta-feira (6), para a 11ª jornada de
protestos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, oito
dias antes de uma decisão crucial do Conselho Constitucional que poderia
desbloquear um conflito social.
Os franceses saíram às ruas nesta quinta-feira (6), para a 11ª jornada de protestos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, oito dias antes de uma decisão crucial do Conselho Constitucional que poderia desbloquear um conflito social.
Símbolo
do descontentamento, um sinalizador lançado durante um confronto entre um grupo
de manifestantes radicais e as forças de segurança incendiou parte do toldo do
restaurante La Rotonde, em Paris, um local apreciado pelo presidente Macron,
antes da rápida intervenção dos bombeiros.
Escolas
e universidades foram bloqueadas, algumas viagens de trens foram canceladas, o
fluxo está "quase normal": o movimento de protesto continua, mas
perdeu força e a crise chegou a um momento de estagnação.
Uma
reunião na quarta-feira entre a primeira-ministra, Élisabeth Borne, e os
líderes sindicais serviu apenas para constatar que os dois lados mantêm suas
posições inflexíveis e aguardam a decisão do Conselho Constitucional, marcada
para 14 de abril.
"A
única solução é a retirada da reforma", reiterou nesta quinta-feira a nova
líder do sindicato CGT, Sophie Binet, para quem, diante da "profunda
revolta", o governo "atua como se nada estivesse acontecendo" e
"vive em uma realidade paralela".
O
governo se nega a desistir a reforma, que aumenta idade de aposentadoria de 62
para 64 anos a partir de 2030 e antecipa para 2027 a exigência de contribuição
por 43 anos, e não mais 42, para o direito a uma pensão integral. As medidas
são rejeitadas por dois terços dos franceses, de acordo com as pesquisas.
-
"Momento intermediário" -
A
apresentação da reforma em janeiro provocou uma onda de protestos, que ficou
ainda mais radical em 16 de março, quando o presidente francês Emmanuel Macron
decidiu adotar a lei por decreto, devido ao temor de uma derrota no Parlamento,
onde o governo não tem maioria absoluta.
As
autoridades mobilizaram mais 11.000 guardas nesta quinta-feira. Oito pessoas
foram detidas em Paris até o início da tarde.
O
governo afirma que elevar uma das menores idades de aposentadoria da Europa
permitirá evitar um futuro déficit no fundo previdenciário, mas os críticos
afirmam que a reforma pune as mulheres com filhos e as pessoas que começaram a
trabalhar muito jovens.
Desde
7 de março, quando os sindicatos mobilizaram 1,28 milhão de pessoas, segundo a
polícia, e 3,5 milhões, de acordo com o sindicato CGT, as manifestações
perderam intensidade. Em 28 de março, entre 740.000 e 2 milhões de pessoas
saíram às ruas.
A
França vive, de acordo com o cientista político Dominique Andolfatto, um
"momento intermediário antes da decisão do Conselho Constitucional".
Os
primeiros números indicam uma queda na participação. Sem dados oficiais, a CGT
calculou a presença de 400.000 pessoas nas ruas da capital.
-
"Crise democrática" -
Todas
os olhares estão voltados para o Conselho Constitucional. A decisão sobre a
validade ou não da reforma marcará a evolução de um conflito social arraigado e
que beneficia, segundo analistas e as pesquisas, a líder de extrema-direita
Marine Le Pen.
O
líder do sindicato moderado CFDT, Laurent Berger, culpou Emmanuel Macron pela
situação e fez um alerta ao presidente sobre a "crise democrática" e
o "risco de ascensão da extrema-direita".
A
equipe do presidente liberal de 45 anos rejeita a análise e destaca que a
reforma estava no programa da campanha, com o qual ele conseguiu a reeleição em
2022 com quase 59% dos votos no segundo turno contra Le Pen.
Para
Andolfatto, uma "saída" possível para a continuidade do movimento
social, em caso de validação da reforma, é pressionar os integrantes do
Conselho Constitucional para que aceitem o referendo sobre a idade de
aposentadoria solicitado pela oposição de esquerda, o que bloquearia
temporariamente a lei.
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