O
ex-presidente russo Dmitry
Medvedev, que nos últimos meses tornou-se um especialista em fazer ameaças
exageradas contra o Ocidente, sugeriu nesta segunda-feira (20) que
a Rússia poderia
bombardear o Tribunal Penal
Internacional (TPI), sediado em Haia, como resposta ao mandado
de prisão emitido contra o presidente Vladimir Putin.
As informações são da revista Newsweek.
“Infelizmente,
senhores, todos caminham sob Deus e foguetes. É bem possível imaginar o uso
direcionado de um ‘Ônix’ hipersônico de um navio russo no Mar do Norte contra o
tribunal de Haia”, disse Medvedev em seu canal do aplicativo de mensagens Telegram,
referindo-se a um míssil naval de cruzeiro russo.
A
declaração de Medvedev, hoje aliado de Putin, surge após a decisão da corte
internacional de transformar o líder russo em um criminoso procurado
internacionalmente.
O
mandado emitido na última sexta-feira (17) acusa o presidente de crimes de
guerra por conta da transferência ilegal de crianças de áreas ucranianas
ocupadas para o território russo. Entretanto, ele está legalmente protegido, sem
a perspectiva imediata de que seja preso, porque o país que comanda não e
membro do tribunal.
Ao
ameaçar o TPI com um ataque aéreo, Medvedev disse ainda que não haveria maiores
consequências para a Rússia se tal medida fosse colocada em prática.
“O
tribunal é apenas uma organização internacional miserável, não a população de
um país da Otan (Organização
do Tratado do Atlântico Norte)”, afirmou, ignorando o fato de que a corte fica
na Holanda, que é membro
da aliança. “É por isso que eles não vão começar uma guerra. Eles vão ter medo.
E ninguém vai sentir pena deles. Então, juízes do tribunal, olhem atentamente
para o céu”.
Medvedev
que já se apresentou como um “modernizador liberal”, ocupa atualmente o cargo
de vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia e tem sido um dos
principais porta-vozes do Kremlin em meio à guerra da Ucrânia.
As
declarações recentes dele, quase sempre feitas através do Telegram e
endereçadas sobretudo a seguidores fieis de Putin, têm sido carregadas de
ameaças desvairadas, sob o discurso de que Kiev é um Estado “nazista” e
liderado por “fanáticos” e de que o Ocidente teme o poderio militar russo.
A
própria Otan já havia sido alvo de tais comentários. Em novembro do ano
passado, ele disse que a aliança militar “se tornaria imediatamente um alvo
legítimo de nossas forças armadas” caso viesse a fornecer à Ucrânia o sistema
de defesa antiaérea norte-americana Patriot.
Na
ocasião, ainda pregou o fim da Otan: “O mundo civilizado não precisa dessa
organização. Deve se arrepender perante a humanidade e ser dissolvida como uma
entidade criminosa”.
No
mês seguinte, o ex-presidente voltou a se manifestar em tom ameaçador ao citar
o arsenal
nuclear de Moscou. “A única coisa que detém nossos inimigos hoje é o
entendimento de que a Rússia será guiada pelos fundamentos da política de
Estado. Pela dissuasão nuclear. E, no caso de surgir uma ameaça real, ela agirá
sobre eles”.
Quanto
às punições impostas pelo Ocidente à Rússia, Medvedev chegou a comparar a
situação ao histórico
militar norte-americano. “Toda a história dos EUA, desde os tempos de
subjugação da população nativa, representa uma série de guerras sangrentas”,
disse ele em julho de 2022, citando os ataques nucleares a Hiroshima e Nagasaki
durante a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã.
“Alguém
foi responsabilizado por esses crimes? Que tribunal condenou o mar de sangue
derramado pelos EUA lá?”, questionou o russo, acrescentando mais uma bravata à
extensa lista: “A ideia de punir um país que tem um dos maiores potenciais
nucleares é absurda”.
Fonte: A Referencia
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