Por: Alinhe/jornalista da revista Isto É
O
novo governo começa mal ao compactuar com a Câmara na mudança, a toque de
caixa, na Lei das Estatais. Para acabar com a corrupção de políticos que
assumiam cargos nas empresas públicas e dilapidavam o seu patrimônio, Temer
conseguiu aprovar uma lei que proibia políticos de serem nomeados para
diretorias de estatais se não respeitassem um prazo de pelo menos 36 meses
desde que deixassem de ocupar funções partidárias. Assim, políticos que
participaram da campanha de 2022 não poderiam ser nomeados agora para postos em
estatais. Era o caso de Aloizio Mercadante, um dos coordenadores da campanha de
Lula. Para permitir que pudesse ser indicado para a presidência do BNDES, a
Câmara mudou a Lei das Estatais, estabelecendo um prazo de apenas um mês para a
desincompatibilização partidária.
Petrobras
Enganam-se
os que acham que a lei só mudou por causa de Mercadante. Há uma fila de outros
políticos da base aliada de Lula que estão aguardando a mudança na lei
promovida sob orientação de Arthur Lira para pegar uma boquinha nas estatais. É
o caso de Jean Paul Prates, que espera ser alçado por Lula à condição de
presidente da Petrobras.
Lira
Arthur
Lira não entra em jogo algum se não for para ganhar. Tanto assim que o projeto
para mudar a Lei das Estatais
foi
apresentado pela deputada Margarete Coelho, sua aliada. É que, com a mudança na
lei, Lira vai poder forçar Lula a abrir 587 novos cargos para políticos nas 302
estatais brasileiras. Mas o que ele quer mesmo é um ministério.
Guerra
no Ceará
Logo
que começou a circular que Lula nomearia Izolda Cela, governadora do Ceará,
para o Ministério da Educação, o PT começou a tripudiá-la. O partido não quer
abrir mão dos ministérios mais importantes e o da Educação é um deles. Para
fritar Izolda, o PT chegou a dizer que ela era ligada à Fundação Lemann, que
tem atuação na área da educação. Agora, o favorito é o ex-governador Camilo
Santana (PT-CE).
Frente
ampla?
Desde
que se elegeu, Lula vem dizendo que sua candidatura se devia a uma frente ampla
formada para derrotar Bolsonaro, contando com a união de quase 15 partidos,
incluindo PSB, PSOL, PCdo B e Rede. E que essa frente foi ampliada com a adesão
ao seu nome de partidos como o MDB e PDT no segundo turno. Mas bastou começar a
fase de formação do novo governo
para
que essa frente ampla se dissolvesse. Só estão tendo espaço na Esplanada dos
Ministérios nomes de petistas ou de pessoas ligadas ao presidente eleito. Nomes
de outras legendas não têm tido o menor espaço. E quando têm os nomes
aventados, logo são detonados e devidamente fritos junto ao presidente.
Retrato
falado
Em
visita aos catadores de rua de São Paulo na quinta-feira, 15, o novo ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o presidente eleito lhe pediu para
viabilizar recursos que atendam as demandas da categoria, já que os ricos pagam
menos impostos do que os pobres no Brasil. No evento, Lula voltou a chorar em
função da extrema miséria em que vivem os moradores de rua e afirmou que, ao
assumir a Presidência, os catadores terão mais dinheiro para seus projetos.
Simone
Tebet
Esse
é o caso de Simone Tebet. Ela teve papel fundamental na alavancagem do petista
junto à ruralistas e Lula lhe prometera o Ministério do Desenvolvimento Social,
mas o PT a detonou. Não quer vê-la à frente de um ministério que tem o Bolsa
Família sob seu guarda-chuva. Medo que faça sombra ao PT em 2026.
Toma
lá dá cá
Qual
o impacto da derrubada do Orçamento Secreto para o novo governo?
Apesar
do estresse com o Legislativo, o Supremo Tribunal Federal garantiu a criação de
um espaço fiscal “extra” de R$ 19,4 bilhões.
Arthur
Lira perde força na corrida pela presidência da Câmara ou a
recondução dele já está sacramentada?
Não
digo que a reeleição está sacramentada, mas ele continua muito forte. O PT,
pelo menos, não discute rever a posição de apoio a Lira.
Com
a garantia do Bolsa Família fora do teto, o PT ainda pretende discutir uma nova
âncora fiscal?
A
discussão sobre a nova âncora continua viva. Queremos fazer uma nova
sistemática de regramento fiscal, com o substituto do teto de gastos e a
reforma tributária.
PSB
se move
Expoentes
do PSB dão como certa a divisão do Ministério da Infraestrutura, cujo Orçamento
de 2023 está estimado em R$ 17,2 bilhões, e se movimentam para emplacar Márcio
França na pasta que ficará à frente da gestão de portos e aeroportos, que
cuida, por exemplo, do gigante Porto de Santos. A sigla já chefiou o órgão no
governo Lula 2 e Dilma 1.
Virou
sonho
O
que Márcio França queria mesmo era o Ministério das Cidades, mas o PT e o
pessoal de Guilherme Boulos atropelou esse sonho. Se não der certo a indicação
para a Infraestrutura, o ex-governador vai ter que acabar aceitando
a
Ciência e Tecnologia, como estava previsto inicialmente. França é ligado a
Alckmin, que sofre para emplacar seus aliados.
PT
X PT
A Secretaria-Geral da Presidência passou a ser peça-chave do Planalto. Não à toa, virou alvo de intensa disputa. Para vencer a corrida, Márcio Macêdo, tesoureiro do PT, busca difundir a tese de que o posto precisa ficar nas mãos de um dirigente partidário. Visa enfraquecer Marco Aurélio de Carvalho, que, embora filiado à sigla há 29 anos, não integra a executiva petista.
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