Por: Cezar Feitosa e Artur Rodrigues
BRASÍLIA,
DF, E FOZ DO IGUAÇU, PR (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) ligou
nesta terça-feira (12) a familiares de Marcelo de Arruda, tesoureiro do PT
assassinado em Foz do Iguaçu, e disse que a esquerda tenta
"politizar" a morte do petista para desgastar o governo.
A
ligação por vídeo foi feita pelo deputado bolsonarista Otoni de Paula (MDB-RJ),
que esteve na casa de um dos irmãos de Arruda, com o aval de Bolsonaro, para
intermediar a conversa.
Otoni
disse que Bolsonaro conversou com dois irmãos do petista assassinado: José e
Luiz de Arruda. Também aparece na chamada, segundo o deputado, a esposa de um
dos irmãos.
O
presidente convidou uma parte da família de Marcelo, alinhada ao bolsonarismo,
para ir a Brasília na próxima quinta-feira (14) para visitar o Palácio do
Planalto e fazer uma entrevista coletiva.
"A
possível vinda de vocês a Brasília, se concordarem, qual é a ideia? É ter uma
coletiva de imprensa para falar o que aconteceu. Até para [evitar] ataques ao
seu irmão. Não é a direita, a esquerda. Esse cara [que o assassinou], pelo que
tudo leva a crer, é um desequilibrado", disse Bolsonaro.
"Eu
faria isso para vocês terem a imprensa na frente de vocês para mostrar o que
aconteceu. Se bem que a imprensa dificilmente vai voltar atrás, porque grande
parte da imprensa tem o seu objetivo também, que é desgastar o meu
governo", completou.
Luiz
de Arruda criticou o uso político da morte. "O que não aceitamos é usar o
meu irmão como pauta de política. Não aceitamos isso de forma alguma. A Gleisi
[Hoffmann, presidente do PT] estava no velório. Ele era de esquerda e estão
usando isso", disse.
Luiz,
que disse ser funcionário da Itaipu Binacional por 35 anos, afirmou que sentiu
falta de a empresa não ter demonstrado carinho, enquanto partidos de esquerda
enviaram representantes ao velório do irmão.
"Eu
fui funcionário 35 anos da Itaipu Nacional. Todos sabem que sou favorável à sua
causa. No velório do meu irmão tinham 35 coroas de flores, e a minha empresa,
em que eu me doei, não deu uma coroa de flores."
Luiz
disse à reportagem que a família ainda não deu uma resposta definitiva sobre ir
a Brasília.
"Foi
feito um contato. A gente não deu um retorno definitivo se a gente vai ou não.
A gente está conversando com os filhos do Marcelo, esposas, sobrinhos, a gente
vai conversar para ver o que a gente vai decidir."
Segundo
ele, a família ainda não avaliou o tom da conversa. "A gente falou algumas
coisas, o presidente não se posicionou ainda, então a gente não tem como ter
uma avaliação definitiva."
Questionado
sobre a frase do Bolsonaro acusando conhecidos de Marcelo de agressividade na
festa, ele disse que a família também analisa isso.
Nesta
terça, o presidente criticou a violência de "petistas" que chutaram a
cabeça do policial penal bolsonarista Jorge José Guaranho, que assassinou
Marcelo, no sábado (9).
Os
chutes ocorreram após a troca de tiros entre os dois. Marcelo morreu e Jorge
ficou ferido. No chão, foi alvo de chutes de convidados que estavam na festa do
militante do PT.
Bolsonaro
disse ainda esperar a conclusão da investigação "para a gente ver que teve
problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava lá na festa, jogou pedra
no vidro daquele cara que estava com o carro do lado de fora".
"Depois, ele voltou e começou o tiroteio lá e morreu o
aniversariante."
A
reportagem apurou que, entre familiares, tem incomodado a narrativa que o
próprio Marcelo foi agressivo. Reclamam, por exemplo, que ele não teria atirado
pedras em seu agressor, mas sim terra de um canteiro, ou seja, nada que pudesse
machucá-lo.
Luiz
é o irmão mais velho de Marcelo. Por indicação dele, o irmão teria prestado
concurso para a Guarda Civil Municipal de Foz do Iguaçu.
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