A
expectativa de reabertura da economia chinesa e a possibilidade de novas
sanções à Rússia elevaram a cotação do petróleo Brent, referência internacional
negociada em Londres, para os maiores patamares desde o início de março. As
informações são de por Nicola Pamplona | Folhapress
A
alta aumenta a pressão sobre a Petrobras, que vem praticando preços da gasolina
abaixo da paridade internacional há semanas. A defasagem do diesel também
aumentou e o risco de reajustes levou o presidente Jair Bolsonaro (PL) a voltar
a criticar a companhia.
Nesta
segunda-feira (30), o contrato do petróleo Brent com entrega em junho
ultrapassou os US$ 120 (R$ 570) por barril, fechando o pregão a US$ 121,67 (R$
578). O contrato para julho, mais líquido, fechou o dia a US$ 117,60 (R$ 558)
por barril.
A
flexibilização de restrições ao deslocamento na China renovou expectativas de
aumento da demanda global, após um período de incertezas com relação à evolução
das contaminações naquele país que levou o petróleo para abaixo dos US$ 100 (R$
475) por barril em abril.
Na
Europa, a discussão sobre proibição das importações russas também joga pressão
sobre as cotações, uma vez que pode reduzir a oferta da commodity, em um
momento de mercado já pressionado.
"A
Europa vem lidando com isso há quase um mês, mas cada vez mais o mercado está precificando
(sanções adicionais) como um risco", diz Daniel Ghali, estrategista sênior
de commodities da TD Securities em Toronto.
A
alta, que já se sustenta desde meados da semana passada, ampliou a diferença
entre os preços dos combustíveis no país e a paridade de importação, conceito
usado pela Petrobras em sua política de preços dos combustíveis.
Segundo
a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o preço
médio da gasolina nas refinarias brasileiras está R$ 0,48 por litro abaixo da
paridade. Já são 80 dias sem ajuste no preço de venda do combustível pelas
refinarias da Petrobras.
No
caso do diesel, que teve seu último reajuste há 21 dias, a defasagem é menor,
de R$ 0,34 por litro, também segundo as contas da Abicom.
O
analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman lembra que a proximidade com o
verão no Hemisfério Norte deve manter os preços pressionados, já que o consumo
de gasolina tende a aumentar com as férias nos Estados Unidos.
Na
quinta-feira (2), países membros da Opep (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo) se reúnem para decidir suas metas de produção, mas o mercado não
acredita em aumento significativo da oferta.
"Quando
a gente casa esse aumento de demanda com a oferta comprimida, dá esse aumento
de preços dos derivados", afirma, destacando que a alta da gasolina nos
Estados Unidos compensou negativamente ganhos que o país teria com a
valorização do real nos últimos dias.
"A
gente não sabe se um aumento vai ser implementado, teve essa troca de comando
na Petrobras há pouco, sabemos da efervescência desse tema no cenário nacional,
mas os números mostram um potencial de reajuste superior a 20% na
gasolina."
No
caso do diesel, ele acrescenta que o nível de defasagem é menor, mas a
diferença gera riscos de abastecimento ao mercado interno, já que a tendência é
que postos e distribuidoras não venham se programando para importar os
produtos.
Nesta
segunda, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que a Petrobras pode
"quebrar o Brasil" se houver novos aumentos do diesel. Ele também
reforçou críticas aos estados, dizendo que "é um crime" se cobrar um
real de ICMS sobre o combustível.
O
governo apoia a tramitação de um projeto de lei que cria um teto para o imposto
estadual não só sobre os combustíveis, mas também sobre a conta de luz. Em
outra frente, tenta derrubar no STF (Supremo Tribunal Federal) manobra dos
estados contra lei que reduziria o imposto em 2022.
Insatisfeito
com os impactos da alta dos combustíveis em sua popularidade, Bolsonaro anunciou
na semana passada nova mudança no comando da Petrobras, mas a troca levará
tempo para ocorrer, já que depende de assembleia dos acionistas da estatal.
O
encontro ainda não foi convocado, pois o conselho de administração da empresa
entende que a empresa deve analisar currículos de todas as oito indicações para
o conselho antes de marcar a data, para cumprir decreto editado pelo próprio
presidente em março.
Até
esta segunda, o governo anunciou apenas um dos oito nomes que tem que indicar,
o do novo presidente da estatal, Caio Pas de Andrade.
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