O tradicional torneio de tênis de Wimbledon, o terceiro no calendário do Grande Slam do esporte, não
contará com atletas da Rússia e
de Belarus. Os organizadores anunciaram o veto na quarta-feira (20),
sob a justificativa da invasão russa que desencadeou a guerra na Ucrânia. As informações são do site A Referência.
“Nas
circunstâncias de tal agressão militar injustificada e sem precedentes, seria
inaceitável para o regime russo obter quaisquer benefícios do envolvimento de
jogadores russos ou bielorrussos com o Campeonato”, diz comunicado publicado no
site oficial do torneio. “É, portanto, nossa intenção, com profundo pesar,
recusar entradas de jogadores russos e bielorrussos para o Campeonato de 2022.
No
texto, os organizadores classificam as ações russas na Ucrânia como “ilegais” e
dizem que também levam “em consideração as orientações estabelecidas pelo
governo do Reino Unido especificamente em relação a órgãos e eventos
esportivos”.
Com
o veto, os torneios masculino e feminino de simples perdem importantes
competidoras. Belarus tem a quarta colocada do ranking mundial, Aryna
Sabalenka, enquanto a russa Anastasia Pavlyuchenkova é a 15ª colocada. A
belarussa Victoria Azarenka, ex-número 1 do mundo, hoje é a 18ª. No ranking
masculino, a principal ausência é o número do mundo, Daniil Medvedev, enquanto
Andrey Rublev é o oitavo. Os nomes dos atletas ainda figuram nos rankings, mas
as bandeiras dos respectivos países foram apagadas.
Aliança
militar
Os
presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e
de Belarus, Alexander
Lukashenko, são fortes aliados. Apesar de o exército belarusso não ter
tomado parte diretamente na guerra iniciada no dia 24 de fevereiro, as tropas
russas aproveitaram a proximidade entre os dois governos e usaram o território
belarusso para invadir a Ucrânia.
A
aliança entre as nações é tão forte que o futuro de Minsk está diretamente
atrelado ao destino de Moscou na guerra que começou em 24 de fevereiro. A
afirmação foi feita pelo ex-diplomata canadense Chris Alexander, que já ocupou
o cargo de vice-chefe de missão do Canadá em Moscou e publicou no think
tank Atlantic Council um artigo de opinião sobre os
desdobramentos da guerra.
“A
derrota da Rússia traria enormes benefícios a Belarus, onde o vassalo do
Kremlin Alexander
Lukashenko se agarra ao poder graças em grande parte ao patrocínio
de Putin. Uma vitória ucraniana daria ao movimento democrático belarusso,
agora principalmente no exílio, uma nova tração”, diz Alexander. “Provavelmente
seria apenas uma questão de tempo até que o ditador
deflacionado do país perdesse o poder, abrindo caminho para o
surgimento de uma Belarus europeia”.
Mais
uma vez, a Embaixada Popular de Belarus no Brasil concorda com a afirmação. “O
único político grande que ainda apoia Lukashenko nos últimos dois anos é
Putin”, diz Volha, a representante da entidade. “Putin caindo, e ele cairia com
a derrota na guerra, não vai mais poder sustentar o regime de Lukashenko. Para
a gente, a luta do povo ucraniano é também a nossa luta”.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho, no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo an. Aquele conflito foi
usado por Vladimir
Putin como argumento para justificar a invasão integral, classificada
por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro. Cerca de 30 minutos depois, as
primeira explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida
em Mariupol, no leste do país.
No
início da ofensiva, o objetivo das forças russas era dominar Kiev, alvo de
constantes bombardeios. Entretanto, diante da inesperada resistência ucraniana,
a Rússia foi forçada a mudar sua estratégia. As tropas, então, começaram a se
afastar de Kiev e a se concentrar mais no leste ucraniano, a fim de tentar
assumir definitivamente o controle de Donbass e de outros locais estratégicos
naquela região.
Em
meio ao conflito, o governo da Ucrânia e as nações ocidentais passaram a acusar
Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, dando início a investigações de crimes de
guerra ou contra a humanidade cometidos pelos soldados do Kremlin.
O
episódio que mais pesou para as acusações foi o massacre de Bucha, cidade
ucraniana em cujas ruas foram encontrados dezenas
de corpos após a retirada do exército russo. As imagens dos mortos
foram divulgadas
pela primeira vez no dia 2 de abril, por agências de notícias, e
chocaram o mundo.
O
jornal The New York Times realizou uma investigação com base
em imagens de satélite e associou as mortes em Bucha a tropas russas. As fotos
mostram objetos de tamanho compatível com um corpo humano na rua Yablonska,
entre 9 e 11 de março. Eles estão exatamente nas mesmas posições em que foram
descobertos os corpos quando da chegada das tropas ucranianas, conforme vídeo
feito por um residente da cidade em 1º de abril.
Fora
do campo de batalha, a Rússia tem sido alvo de todo tipo de sanções. As
esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias globais já
começaram a sufocar a economia russa, e o país tem se tornado um pária global.
Desde a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro, mais
de 600 empresas ocidentais deixaram de operar na Rússia, seja de
maneira temporária ou definitiva, parcial ou integral.
Os
mortos de Putin
Desde
que assumiu o poder na Rússia, em 1999, o presidente Vladimir Putin esteve
envolvido, direta ou indiretamente, ou é forte suspeito de ter relação com
inúmeros eventos, que levaram a dezenas de milhares de mortes. A lista de
vítimas do líder russo tem soldados, civis, dissidentes e até crianças. E vai
aumentar bastante com a guerra que ele provocou na Ucrânia.
Na
conta dos mortos de Putin entram a guerra devastadora na região do Cáucaso,
ações fatais de suas forças especiais que resultaram em baixas civis até dentro
do território russo, a queda suspeita de um avião comercial e, em 2022, a
invasão à Ucrânia que
colocou o mundo em alerta.
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