A Leiaute Propaganda empresa cotada para assumir o marketing da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apresentou um orçamento de R$ 44,5 milhões para o primeiro e o segundo turno das eleições.
De acordo com a FolhaPress, o valor é próximo ao da empresa descartada na quinta-feira (21) pelo partido em
meio à crise de comunicação da pré-campanha petista, indicando que a possível
substituição pode estar ligada mais à disputa interna e insatisfações com a
proposta de trabalho do que com os gastos --justificativa dada oficialmente
pela sigla.
Pela
proposta apresentada em dezembro de 2021 pela empresa agora cotada, seriam R$
31,8 milhões para o primeiro e R$ 12,7 milhões para o segundo turno da campanha
de Lula.
Esse
valor está apenas R$ 500 mil abaixo da previsão apresentada pela MPB Estratégia
e Criação, destituída sob o argumento de que "não foi possível
compatibilizar a proposta orçamentária com o planejamento de recursos
partidários".
Elaborada
em meio à pandemia da Covid-19, a proposta da MPB (de R$ 45 milhões) incluía um
gasto de cerca de R$ 25 milhões com os dois turnos e uma reserva de,
aproximadamente, R$ 13 milhões que poderia ser usada de acordo com o ritmo das
atividades protagonizadas por Lula. O restante seria destinado ao pagamento de
impostos.
Além
dos R$ 44,5 milhões, a proposta da Leiaute prevê ainda um custo de R$ 1,780
milhão para o período que antecede a largada oficial da corrida presidencial,
distribuído em dois ciclos de R$ 890 mil.
Diretor
do Instituto Lula e um dos integrantes do comando da pré-campanha petista,
Paulo Okamotto afirma que não se deve discutir pela imprensa o plano de
comunicação de uma campanha presidencial.
Ele
alegou, porém, que um orçamento não inclui apenas a previsão de custo, mas o
ritmo de desembolso do dinheiro. Segundo Okamotto, a coordenação cometeu um
erro ao não explicitar, na negociação com a MPB, prazos e condições de
pagamento.
"A
gente deveria ter colocado a forma de pagamento. Mas esse episódio está
superado. Isso nem é um problema. Tem coisa muito pior, uma crise, acontecendo
no Brasil", disse Okamotto.
Apresentado
há quatro meses, o plano da Leiaute previa a divulgação de um jingle
--intitulado "Isso é prova de amor"-- no perfil da cantora Preta Gil
nas redes sociais. "Isso é prova de amor/Você nunca me abandonou/Tinha
casa, comida, motinha, charanga/Depois de você, desandou", diria o refrão.
Pelo
planejamento apresentado pela Leiaute, ao qual a reportagem teve acesso, essa
música seria apresentada em dois clipes. Um deles com a participação de Lula.
Seriam cinco filmes.
Um
deles dedicado à aplicação de vacinas em defesa da imagem de Lula e do PT e
outro, à comparação entre o petista e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Também
seria reservado um arsenal de ataques que seria usado contra os adversários a
título de advertência.
Esse
orçamento prevê a realização de cerca de 90 pesquisas qualitativas e duas
quantitativas. Sócio da Leiaute, o publicitário Sidônio Palmeira deverá
substituir Augusto Fonseca, da MPB, no marketing da campanha.
Segundo
petistas, os termos desse contrato nem foram acertados, já que a MPB foi a
escolhida na concorrência realizada no ano passado.
Fonseca
foi afastado como consequência de uma disputa entre o coordenador da
pré-campanha, o jornalista Franklin Martins, e o secretário de comunicação do
PT, Jilmar Tatto, sobre os rumos da campanha.
Lula
bateu martelo durante reunião com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e o
presidente da Fundação Perseu Abramo, Alozio Mercadante. Fiador de Fonseca,
Franklin Martins deverá ser afastado da comunicação da campanha.
A
ele foi oferecida uma cadeira no conselho político. Mas, até a quinta-feira
(21), ele resistia à ideia, ameaçando deixar a coordenação da campanha,
restando a Lula a missão de convencê-lo a ficar.
Nas
últimas semanas, em meio à queda de braço na coordenação da pré-campanha, houve
também críticas internamente pela falta de uma unidade na disseminação de
ideias e pautas --com vaivém nas declarações do próprio Lula.
Dois
exemplos mais recentes foram as declarações sobre o aborto e a reforma
trabalhista.
No
primeiro, o petista afirmou que o aborto deveria ser um "direito de todo
mundo", fornecendo munição para seus adversários. No dia seguinte, o
petista contornou as declarações, se posicionou pessoalmente contra o aborto e
defendeu o tratamento para mulheres que realizarem o procedimento na rede
pública de saúde.
Já
no caso da reforma trabalhista as declarações se arrastam desde o começo do
ano. Em janeiro, publicações nas redes sociais de Lula e Gleisi, a favor da
"contrarreforma" em implementação na Espanha, causaram reação no
setor empresarial.
Emissários
de Lula se apressaram a explicar que não se tratava de uma revogação integral
da reforma aprovada no governo de Michel Temer (MDB), mas sim a revisão de
alguns itens.
Como
a Folha mostrou, porém, o PT propôs e a federação partidária que formará
endossou a proposta de revogação da reforma --embora o próprio Lula reconheça
entraves para a iniciativa.
Em
entrevista a uma rádio do Tocantins, na terça (19), o petista afirmou que quer
reconstruir uma "relação de trabalho moderna". "Não é que a
gente faça a revogação [da reforma], porque ninguém quer de volta o
passado", ressaltou.
Com informações da Folhapress
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