Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentou amenizar, nesta
quinta-feira (7), o estímulo para a sua militância pressionar deputados em suas
residências sobre projetos em tramitação no Congresso.
Além
disso, na mesma entrevista, o petista se posicionou pessoalmente contra o
aborto, mas defendeu o tratamento para mulheres que realizarem o procedimento
na rede pública de saúde.
Sobre
a pressão a parlamentares, Lula reafirmou a sugestão de que o público possa
conversar com os congressistas de forma civilizada após bater palma na porta da
casa dos deputados.
"Eu
disse que, ao invés de gastar fortuna indo para Brasília fazer protesto, porque
quando a gente está dentro do Congresso a gente não vê o protesto, todo
deputado e senador mora numa cidade."
"Não
custa nada o povo que está reivindicando ir conversar na porta da casa dele de
forma civilizada", afirmou Lula em entrevista à rádio Jangadeiro BandNews,
de Fortaleza.
A
fala de Lula provocou reação de parlamentares, sobretudo de aliados do
presidente Jair Bolsonaro (PL). Alguns deles insinuaram que poderiam receber
com armas quem fosse pressionar por projetos nas suas residências.
"Ao
invés de um deputado me agradecer, esses deputados que falam que andam com o
povo de braços abertos [não querem receber o povo], dizem que abraçam o povo,
porque depois de eleito o povo passa a ser tido como estorvo", disse Lula.
"Não
custa nada, o cidadão vai lá, bate palma, o deputado sai de forma civilizada,
atende os eleitores, pergunta o que eles querem, eles vão dizer que não querem
que aprove determinada lei e o deputado diz se vai votar ou não. Qual o mal
nisso, ou será que o deputado vai votar escondido?", indagou.
"Lamentavelmente,
me parece que tem deputado que não quer conversar com o povo, só na época das
eleições".
Outra
fala do ex-presidente que ganhou repercussão ao longo da quarta (6) foi a
declaração de que o aborto deveria ser tratado como questão de saúde pública.
Nesta quinta (7), ao ser perguntado sobre o assunto na entrevista à rádio
cearense, Lula se posicionou contra o aborto.
No
entanto, o ex-presidente defendeu que mulheres que realizarem o aborto tenham
acesso a tratamento na rede pública de saúde.
"Sou
contra o aborto, tenho 5 filhos, 8 netos e uma bisneta. O que disse é que é
preciso transformar essa questão do aborto em questão de saúde pública, ou
seja, que as pessoas pobres que forem vítimas de um aborto tenham condições de
se tratar na rede pública de saúde."
"Mesmo
eu sendo contra o aborto, ele existe, de forma diferenciada, quando é numa
pessoa que tem poder aquisitivo bom essa pessoa vai pro exterior e vai se
tratar, e uma pessoa pobre que quer se tratar, como faz?."
"O
que acho é que tem que ser tratado por questão de saúde pública, o Estado tem
que dar atenção a essas pessoas pobres que por diversas razões abortam, e que
eu não quero saber porque estão abortando, e o Estado tem que cuidar, não pode
abandonar. Por mais que a lei proíba e a religião nao goste, ele [o aborto]
existe", acrescentou.
Com informações do FolhaPress.
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