Foto reprodução do nopontodofato
O
ex-juiz da Operação Lava Jato Sergio Moro (União Brasil) disse nesta
sexta-feira (8) no Twitter que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal)
Gilmar Mendes quer "anular toda a Lava Jato com base em mensagens
hackeadas". A fala de Moro faz referência ao uso de diálogos da Operação
Spoofing, investigação sobre hackers de autoridades, entre elas o ex-juiz e
procuradores da Lava Jato, na sentença. As informações são do FolhaPress.
A
declaração do possível presidenciável ocorreu após o ministro anular esta
semana as decisões do processo contra Walter Faria, dono da cervejaria
Petrópolis, segundo o colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles. Faria foi
alvo da operação Rock City, fase 62 da Lava Jato, em 2019.
"Gilmar
Mendes quer anular toda a Lava Jato com base em mensagens hackeadas. Aliás, nem
proferi decisões nesta operação. O STF e a sociedade vão deixar isso
acontecer?", questionou.
O
ex-juiz ainda afirmou que a ação de Mendes é "mais um balde de água fria
nos brasileiros de bem".
Segundo
o Metrópoles, o magistrado usou em sua decisão diálogos da Operação Spoofing,
investigação sobre hackers de autoridades. Para Mendes, ainda segundo o site,
as mensagens mostraram um "acordo espúrio que importa na quebra da
imparcialidade do magistrado e na nulidade dos atos praticados".
Na
decisão, Mendes ainda aponta a "incompetência e nulidade desde a origem
dos atos praticados nos autos da operação Rock City", na qual Faria era um
dos alvos.
PGR
E OPERAÇÃO SPOOFING
Atualmente,
a PGR (Procuradoria-Geral da República) tenta reverter decisão do ministro
Ricardo Lewandowski que acolheu pedido do empresário Walter Faria e declarou a
"imprestabilidade" de provas derivadas do acordo de leniência da
Odebrecht em duas ações penais abertas contra o dono do grupo Petrópolis na
esteira da Lava Jato.
Walter
Faria foi uma das pessoas que pediu que o Supremo estendesse decisão
inicialmente concedida ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sendo que,
em setembro de 2021, Lewandowski atendeu um dos pedidos da defesa e suspendeu o
trâmite de duas ações penais contra o dono do grupo Petrópolis —uma em curso
perante a 6ª Vara Federal de São Paulo e outra que tramita junto à 13ª Vara
Federal de Curitiba.
Lula
conseguiu acesso às mensagens apreendidas na Operação Spoofing. Desde que as
decisões no âmbito de tal processo beneficiaram o petista, réus da Lava Jato
apresentaram pedidos de extensão, tanto para obter acesso ao acordo de
leniência da Odebrecht como às conversas hackeadas. No final do mês passado, a
subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo pediu que o STF estabeleça os
limites do uso das mensagens apreendidas no âmbito da Operação Spoofing.
No
recurso, a PGR argumenta que a "consequência concreta" da decisão que
declarou a "imprestabilidade" das provas obtidas a partir do acordo
de leniência da Odebrecht para subsidiar as ações contra Faria é o trancamento
das duas ações penais contra o empresário.
O
argumento da Procuradoria é o de que a reclamação na qual a defesa do dono do
Grupo Petrópolis peticionou o STF "transbordou a sua finalidade para se
transformar em verdadeiro meio processual de avanço por sobre as instâncias
anteriores". O órgão argumenta que, após o acolhimento dos pedidos de
Lula, o processo deveria ter sido extinto e arquivado.
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