Holanda puxou a fila com 17 expulsões, seguida pela Bélgica, com 21. República Tcheca, com um expulso, e Irlanda, com quatro, completam a relação
Uma
ação coordenada envolvendo quatro países da União
Europeia (UE), na terça-feira (29), levou à expulsão de 43 diplomatas
russos. Encabeçada pela Holanda, a iniciativa está diretamente relacionada à
guerra na Ucrânia e
às frequentes denúncias de espionagem envolvendo membros do corpo diplomático
da Rússia no
continente. As informações são do jornal britânico Daily Mail.
O
governo holandês puxou a fila, com o anúncio de que 17 diplomatas estavam sendo
expulsos por desempenharem “atividades secretas” como agentes de inteligência.
A Bélgica, em ação coordenada com o vizinho, expulsou 21 russos na sequência.
“O
embaixador da Rússia foi convocado ao Ministério das Relações Exteriores e
informado da expulsão”, disse o governo holandês em comunicado. “Há informações
de que as pessoas envolvidas, credenciadas como diplomatas, são secretamente
ativas como oficiais de inteligência. O gabinete decidiu fazer isso por causa
da ameaça à segurança nacional representada por esse grupo”.
O
terceiro país a aderir à ação foi a República Tcheca, que fez o anúncio através
da conta de Twitter do Ministério das Relações Exteriores. “Hoje, o
MRE informou a Embaixada da Rússia em Praga que um de seus funcionários
diplomáticos foi declarado persona non grata e foi solicitado a
deixar a República Tcheca em 72 horas. Junto de nossos aliados, estamos
reduzindo a presença de inteligência russa na UE”.
A
Irlanda foi o quarto país a expulsar russos nos últimos dias, com uma lista de
quatro nomes. O ministro das Relações Exteriores, Simon Coveney, divulgou um
comunicado dizendo que convocou o embaixador russo para avisar da decisão.
“Isso ocorre porque suas atividades não estão de acordo com os padrões
internacionais de comportamento diplomático”, disse o político irlandês.
Por
que isso importa?
Casos
de diplomatas russos expulsos por países europeus, sob acusação de
desempenharem atividades incompatíveis com suas funções, não são novidade. O
país mais afetado por tais atividades suspeitas é a Alemanha, dona da maior
população e da principal economia da UE, o que a torna forte influenciadora do
bloco, inclusive em assuntos ligados à Rússia.
A
relação diplomática entre os dois países é ruim desde 2014, quando da anexação
da região da Crimeia, na Ucrânia, pela Rússia. Desde então, a UE proibiu a
venda para empresas russas de bens de dupla utilização, aqueles que poderiam
também ter uso militar, e os casos de espionagem se acumulam
Em
março de 2021, um ciberataque
atingiu 38 parlamentares alemães, parte da campanha Ghostwriter atribuída
a hackers russos ligados ao GRU (Departamento Central de Inteligência). O
alvo eram políticos do SPD (Partido Social Democrata) e da CDU (União
Democrática Cristã), esta segunda a sigla da ex-chanceler Angela
Merkel. Mais tarde, em outubro, um diplomata russo, suposto agente da FSB (Agência Nacional de
Segurança da Rússia)
foi encontrado
morto em frente à embaixada em Berlim.
O
caso que mais contribuiu para estremecer as relações entre Berlim e Moscou
ocorreu em 2020. Foi o envenenamento do
principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, que
aliados dele atribuem ao presidente russo Vladimir
Putin. A vítima se recuperou na capital antes de retornar à Rússia, onde
está preso desde fevereiro de 2021.
A
Ucrânia, agora integralmente invadida por tropas de Moscou, também detectou
forte atividade de inteligência russa nos últimos anos. Um relatório divulgado
pelo SBU (Serviço de Segurança da Ucrânia, da sigla em inglês), no
final de 2021, aponta que mais de 20
oficiais da inteligência russa operavam no país sob cobertura
diplomática e foram denunciados desde 2014. O trabalho já levou aos tribunais
mais de 180 réus, que foram posteriormente considerados culpados por traição e
espionagem.
Até
mesmo a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi alvo dos espiões,
tendo anunciado, em outubro do ano passado, a expulsão de oito diplomatas
russos. Como consequência, à época, a aliança ainda reduziu pela metade a
equipe de Moscou dentro de seu quartel-general.
Mais
recentemente, já em março deste ano, em meio à guerra, outros dois países
europeus anunciaram a expulsão de supostos diplomatas russos. Primeiro
a Bulgária, que determinou a saída do país de dez russos acusados de
desempenharem funções incompatíveis com o status diplomático. Uma semana
depois foi
a vez da Polônia, cuja lista de expulsões tinha 45 pessoas.
Eslováquia,
Estônia, Letônia, Lituânia e Montenegro são outros países da Europa que nos
últimos meses anunciaram a expulsão de diplomatas russos em casos supostamente
associados a espionagem.
Com informações do A Referência.
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