Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de
fevereiro, mais de 300 empresas ocidentais anunciaram que deixaram de operar em
território russo, seja de maneira temporária ou definitiva. O levantamento foi
feito pela Universidade de Yale, nos EUA.
Uma debandada que custará caro ao consumidor russo, privado
de produtos em setores diversos, como entretenimento, tecnologia,
automobilístico, vestuário e geração de energia. Mas que também pode afetar o
Ocidente, sobretudo nos casos do gás e do petróleo. As informações são
do site de notícias internacionais A Referência.
Pensando
na economia russa, o maior
impacto será causado pelo êxodo das empresas do setor de geração de
energia, que já começaram a suspender sua atuação no país. Nesse caso, destaque
para a BP, empresa britânica de gás e petróleo que cancelou um
investimento de US$ 14 bilhões na empresa estatal russa Rosneft, segundo a
rede Voice of America (VOA).
Quem
também optou por suspender o relacionamento foi a Shell, criticada por
comprar petróleo cru da Rússia depois de iniciada a guerra. Na última
terça-feira (8), o diretor executivo da companhia, Ben van Beurden, se desculpou
e afirmou que não mais compraria a commodity de Moscou. Também
abandonou a parceira com a russa Gazprom no projeto Nord
Stream 2 de fornecimento de gás natural à Europa.
Nessa
área, as sanções já
anunciadas por EUA e Reino Unido, que deixarão de comprar petróleo e gás da
Rússia, tendem a causar problemas inclusive ao Ocidente, com a perspectiva de
grande aumento global nos preços dos combustíveis. E pode piorar, vez que
Moscou ameaça suspender o fornecimento de gás natural à Europa como represália.
Em
um comunicado divulgado através da televisão estatal russa na última segunda
(7), o vice-primeiro-ministro Alexander Novak disse que é “absolutamente claro
que uma rejeição ao petróleo russo levaria a consequências catastróficas para o
mercado global”, segundo a agência catari Al Jazeera. “O aumento nos preços seria imprevisível.
Seriam uns US$ 300 por barril, se não mais”, afirmou.
No
setor de alimentação, alguns gigantes mundiais suspenderam suas operações na
Rússia. Um deles é o McDonald’s, que fechará todos seus restaurantes. Ao
final do ano passado, a rede tinha 847 lojas no país. Diferente do que ocorre
no resto do mundo, onde habitualmente atua no sistema de franquias, 84% das
lojas russas são operadas pela própria companhia. Somado ao faturamento na
Ucrânia, a operação responde por 9% da receita global da empresa.
Seguindo
o mesmo caminho da tradicional rede de lanchonetes, a Coca-Cola também
confirmou que sairá da Rússia. “Nossos corações estão com as pessoas que estão
resistindo a efeitos inconcebíveis desses trágicos eventos na Ucrânia”, disse a
empresa em comunicado. A PepsiCo, por sua vez, deixará de vender bebidas
na Rússia, mas manterá as linhas de produtos essenciais, como leite e comidas
para bebês. O Starbucks, por sua vez, fechará as lojas e interromperá o
fornecimento de produtos a parceiros.
A
indústria automobilística também começou a deixar a Rússia, puxada pelas
decisões das japonesas Toyota e Nissan de suspenderem a
produção em suas fábricas em São Petesburgo. Ambas também anunciaram que
deixarão de exportar veículos ao país, decisão que foi acompanhada por outras
gigantes do setor como Honda, Jaguar, Ferrari, GM e Volkswagen.
Na área de aviação, a Boeing diz que não mais comprará titânio russo
para usar na produção de aviões.
Outra
decisão que tende a impactar na rotina dos russos é o fim dos serviços das
companhias de cartões de crédito Mastercard e Visa. O
maior banco
estatal da Rússia, o Sberbank, disse que o impacto na rotina doméstica
dos cidadãos será pequeno. A instituição financeira assegurou que ainda será
possível “sacar dinheiro, fazer transferências usando o número do cartão e
pagar em lojas russas offline e online”, de acordo com a rede britânica BBC.
A
tendência é a de que os consumidores russos possam usar os cartões normalmente
até que percam a validade, e depois disso não recebam novos plásticos.
Entretanto, os cartões emitidos na Rússia deixarão de ser aceitos no exterior
imediatamente. Isso já criou problemas, por exemplo, para turistas russas que
ficaram impedidos de deixar a Tailândia, por problemas com voos e cartões.
No
setor de vestuário, quem anunciou estar deixando o mercado russo é a Levi’s,
sob o argumento de que quaisquer considerações comerciais “são claramente
secundárias em relação ao sofrimento humano experimentado por tantos”. Nike e Adidas também
suspenderam todas as operações no mercado russo. A sueca Ikea,
gigante do setor de móveis, é outra que decidiu deixar a Rússia em função da
guerra.
Nas
áreas de entretenimento e tecnologia,
alguns gigantes também optaram por suspender as vendas de produtos e serviços
no país de Vladimir Putin. A Netflix interrompeu
seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições na Rússia,
enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos
de suas novas produções no país. Já a Apple excluiu
os aplicativos das empresas
estatais russas de mídia RT e Sputnik e
disse que não mais venderá seus produtos, como iPhones, iPads e
afins, em território russo. Panasonic, Nokia, Microsoft e Samsung são
outras que optaram por encerrar as operações no país.
Por
que isso importa?
A
escalada de tensão entre Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão
russa ao país vizinho no dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O
conflito armado no leste da Ucrânia opõe o governo central às forças
separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que
formam a região de Donbass e foram oficialmente reconhecidas como territórios
independentes por Moscou. Foi o suporte aos separatistas que Putin usou como
argumento para justificar a invasão, classificada por ele como uma “operação
militar especial”.
“Tomei
a decisão de uma operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de
Moscou (0h de Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site
independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde
o início da ofensiva, as forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev,
que tem sido alvo de constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações
ocidentais acusam Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora
do campo de batalha, o cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de
todo tipo de sanções. Além das esperadas punições financeiras impostas pelas
principais potencias globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o
país tem se tornado um pária global. Representantes russos têm sido proibidos
de participar de grandes eventos em setores como esporte, cinema
e música.
De
acordo com o presidente dos EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o
isolamento da Rússia no mundo. “Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o
líder norte-americano, referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin
está agora mais isolado do mundo do que jamais esteve”.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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