Siddiqui estava baseado em Nova Délhi e foi enviado ao Afeganistão
com a missão de registrar a campanha do Taleban para retomar o poder central no
país, avanço que ocorreu em meio à retirada
das tropas dos Estados Unidos e seus aliados após 20 anos de presença
militar lá. As informações são do site de noticias internacionais A
Referência.
Segundo
seus familiares, por meio de comunicado do advogado, Siddiqui foi “ilegalmente
detido, torturado e morto pelo Taleban, e seu corpo foi mutilado”. “Esses atos
e esse assassinato constituem não apenas um assassinato, mas um crime contra a
humanidade e um crime de guerra”, acrescentou Singh.
Autoridades
de segurança afegãs e do governo indiano atestaram a declaração da família e
disseram à Reuters que, com base em fotos, informações e um exame do
corpo de Siddiqui, o corpo foi, de fato, mutilado enquanto estava sob custódia
do Taleban após sua morte.
No
dia em que foi morto, em 16 de junho, o repórter fotográfico chegou a informar
à agência que tinha sido ferido no braço, mas que os talibãs haviam batido em
retirada. Posteriormente, porém, os jihadistas retomaram o embate no momento em
que Siddiqui conversava com pessoas em um mercado.
Um
comandante do antigo Corpo de Operações Especiais do Afeganistão disse que o
fotojornalista acabou sendo deixado para trás por engano quando os soldados se
retiraram de Spin Boldak, o que lhe custou a vida.
O
Taleban nega a captura e execução de Siddiqui.
A Reuters informou
à época da morte que “foi incapaz de determinar de forma independente se o
Taleban deliberadamente matou Siddiqui ou profanou seu corpo”.
Profissional
de prestígio
Siddiqui
fez parte da equipe de fotografia da Reuters que ganhou o Prêmio Pulitzer de Fotografia de 2018 por documentar a
crise dos refugiados rohingya em Mianmar. Ele trabalhava na Reuters desde 2010
e cobriu, ainda, eventos como as guerras no Afeganistão e no Iraque, os
protestos de Hong Kong e os terremotos no Nepal.
Entre
2018 e 2021, 33 jornalistas foram mortos no Afeganistão, de acordo com
relatório publicado pela ONU (a Organização das Nações Unidas) neste ano.
O
dia mais mortal para jornalistas no país foi 30 de abril de 2018, quando nove
profissionais morreram em um ataque suicida em Cabul, e um jornalista da BBC
foi baleado na cidade de Khost, no leste do país.
Por
que isso importa?
Diversas
pessoas foram presas pelo Taleban em 2022 por serem jornalistas ou colaborarem
com profissionais da área. No dia 6 de janeiro, três repórteres foram detidos
enquanto trabalhavam na cobertura de manifestações contra os jihadistas na
província de Panjshir. Eles estavam a serviço de um canal no YouTube chamado Kabul
Lovers, com aproximadamente 244 mil inscritos.
Em
outro caso registrado neste ano, o Taleban prendeu Faizullah Jalal, professor
de Direito e ciência política da Universidade de Cabul, em 8 de janeiro. Ele
foi detido por quatro dias sob acusações de fazer declarações “sem sentido” e
“incitar” pessoas contra os talibãs. Depois de solto, Jalal disse ter sido preso
por ter discutido com um porta-voz talibã em um debate na televisão. Aslam Ejab
e Waris Hasrat, da Ariana TV, são as vítimas mais recentes da repressão talibã
à mídia.
Números
mostram que o jornalismo afegão tem sido sufocado pelo Taleban. Em dezembro de
2021, uma pesquisa conduzida em parceria pela ONG Repórteres
Sem Fronteiras (RSF) e pela Associação de Jornalistas Independentes do
Afeganistão (AIJA) apontou que 231 veículos de imprensa foram fechados e mais
de 6,4 mil jornalistas perderam o emprego no Afeganistão desde o dia 15 de
agosto, quando o Taleban assumiu o poder no país.
Os
dados apontam que mais de quatro em cada dez veículos de comunicação
desapareceram nesse período, e 60% dos jornalistas e funcionários da mídia
estão impossibilitados de trabalhar. As mulheres
sofreram muito mais: 84% delas perderam o emprego, contra 52% no caso dos
homens. Entre as 34 províncias do país, em 15 delas não há sequer uma mulher
jornalista trabalhando atualmente.
Dos
543 meios de comunicação registrados no Afeganistão antes da ascensão talibã,
apenas 312 ainda operavam no final de novembro. Isso significa que 43% dos
meios de comunicação afegãos desapareceram em
um espaço de três meses. Das 10.790 pessoas que trabalhavam na mídia afegã
(8.290 homens e 2.490 mulheres) no início de agosto, apenas 4.360 (3.950 homens
e 410 mulheres) ainda estavam trabalhando quando a pesquisa foi realizada.
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