O governo dos EUA formalizou na quarta-feira (23) a acusação de
crimes de guerra contra a Rússia por ações praticadas na invasão da Ucrânia. Uma declaração assinada pelo Secretário de Estado Antony Blinken acusa
as tropas sob as ordens do presidente russo Vladimir
Putin de realizar “ataques indiscriminados e ataques
deliberadamente direcionados a civis, bem como outras atrocidades”. As informações são do site de noticiais internacionais A Referência.
“As forças da Rússia
destruíram prédios de apartamentos, escolas, hospitais, infraestrutura crítica,
veículos civis, shopping centers e ambulâncias, deixando milhares
de civis inocentes mortos ou feridos. Muitos dos locais atingidos pelas
forças da Rússia foram claramente identificados como sendo usados por civis”,
diz o texto.
No documento, Blinken diz que
há “relatos confiáveis” das acusações, citando especificamente dois casos
reportados nas últimas semanas pelo governo ucraniano. Um deles, o bombardeio
de uma maternidade em Mariupol, relatado também pelo Escritório do Alto
Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Também foi citado o
“ataque que atingiu um teatro em Mariupol, claramente marcado com a palavra
‘дети’ – russo para ‘crianças’ – em letras enormes visíveis do céu”.
Tanto Blinken quanto o
presidente norte-americano Joe Biden já haviam manifestado opiniões
pessoais de que as ações da Rússia na Ucrânia configuram crimes de
guerra. “Na semana passada, repeti a declaração do presidente Biden, com base
nos inúmeros relatos e imagens de destruição e sofrimento que todos vimos, de
que crimes de guerra foram cometidos pelas forças de Putin na Ucrânia”.
A declaração publicada pelo
chefe da diplomacia norte-americana serve para formalizar a denúncia. “Hoje,
posso anunciar que, com base nas informações atualmente disponíveis, o governo
dos EUA avalia que membros das forças da Rússia cometeram crimes de guerra na
Ucrânia”.
No texto, o Secretário de
Estado diz, ainda, que “o governo dos EUA continuará a rastrear relatos de
crimes de guerra e compartilhará informações que coletamos com aliados,
parceiros e instituições e organizações internacionais”. E diz estar
comprometido em “buscar a responsabilização usando todas as ferramentas
disponíveis, incluindo
processos criminais“.
Criminoso de guerra
Iryna Venediktova,
procuradora-geral da Ucrânia, disse na quarta-feira (23) ter provas dos crimes
de guerra cometidos pela Rússia. “Sim, podemos provar”, disse ela à
agência AFP, entrevista reproduzida pela rede France 24. E direcionou as acusações contra o presidente
Putin: “Ele é o principal criminoso
de guerra do século 21“.
O trabalho de Venediktova é
coletar evidências de crimes de guerra e montar um processo contra o líder
russo e os demais responsáveis pelas ações na Ucrânia. Segundo ela, as
atrocidades não se limitam aos bombardeios da maternidade e do teatro de
Mariupol. Ela cita outros edifícios civis atingidos, “muitos” casos de estupro
e uma criança que morreu de desidratação em uma cidade bloqueada. Nas contas
dela, 121 crianças morreram
em virtude do conflito.
Somente no primeiro mês de
guerra, que teve início no dia 24 de fevereiro, a procuradora-geral diz ter
registrado 2.401 “crimes de agressão e crimes de guerra” e 1.516 “crimes contra
a segurança nacional”. São 127 os indivíduos suspeitos de terem cometido esses
crimes, todos incluídos no que ela chama de “caso âncora” contra o regime civil
e militar da Rússia.
Para provar os crimes, Venediktova
diz usar imagens de satélite que exibem o “antes e depois” de prédios
bombardeados, entrevistas feitas com soldados russos capturados e testemunhos
de refugiados ucranianos que cruzaram a fronteira buscando abrigo em outros
países.
Inicialmente, os casos serão
julgados em tribunais da Ucrânia. O ideal, porém, seria levá-los ao Tribunal
Penal Internacional (TPI), que já
abriu uma investigação do caso. Entretanto, a procuradora-geral admite
tratar-se de uma possibilidade remota levar réus russos à corte, considerando
que o TPI não julga à revelia.
Por que isso importa?
A escalada de tensão entre
Rússia e Ucrânia, que culminou com a efetiva invasão russa ao país vizinho no
dia 24 de fevereiro, remete à anexação da Crimeia pelos russos, em
2014, e à guerra em Donbass, que começou naquele mesmo ano e se estende até
hoje.
O conflito armado no leste da
Ucrânia opõe o governo central às forças separatistas das autodeclaradas
Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e
foram oficialmente reconhecidas como territórios independentes por Moscou. Foi
o suporte aos separatistas que Putin usou como argumento para justificar a
invasão, classificada por ele como uma “operação militar especial”.
“Tomei a decisão de uma
operação militar especial”, disse Putin pouco depois das 6h de Moscou (0h de
Brasília) de 24 de fevereiro, de acordo com o site independente The Moscow Times. Cerca de 30 minutos depois, as primeira
explosões foram ouvidas em Kiev, capital ucraniana, e logo em seguida em
Mariupol, no leste do país, segundo a agência AFP.
Desde o início da ofensiva, as
forças da Rússia caminham para tentar dominar Kiev, que tem sido alvo de
constantes bombardeios. O governo da Ucrânia e as nações ocidentais acusam
Moscou de atacar inclusive alvos
civis, como hospitais e escolas, o que pode ser caracterizado como crime de
guerra ou contra a humanidade.
Fora do campo de batalha, o
cenário é desfavorável à Rússia, que tem sido alvo de todo tipo de sanções.
Além das esperadas punições financeiras impostas pelas principais potencias
globais, que já começaram a sufocar a economia russa, o país tem se tornado um
pária global. Representantes russos têm sido proibidos de participar de grandes
eventos em setores como esporte, cinema
e música.
De acordo com o presidente dos
EUA, Joe Biden, as punições tendem a aumentar o isolamento da Rússia no mundo.
“Ele não tem ideia do que está por vir”, disse o líder norte-americano,
referindo-se ao presidente russo Vladimir Putin. “Putin está agora mais isolado
do mundo do que jamais esteve”.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação
Postar um comentário