Entre
2019 e 2021, o Brasil teve queda de 7,3% nas matrículas na educação infantil, o
que representa 653.499 crianças de até cinco anos que saíram da escola durante
a pandemia. Até então, desde 2005, o país seguia com aumento de matrículas
nessa etapa de ensino. Com informações da FolhaPress.
Os
dados são do Censo Escolar 2021, feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais), divulgado na tarde desta segunda-feira (31).
A
queda de matrículas foi puxada, principalmente, pela saída de alunos das
creches da rede privada. Nessa etapa, que atende crianças de zero a três anos,
a matrícula é opcional às famílias.
Segundo
os dados do Inep, a redução das matrículas nas creches foi de 9% de 2019 para
2021. A rede privada teve queda de 21,6% nesse período, enquanto a rede pública
teve queda de 2,3%.
Na
pré-escola, que atende crianças de 4 a 5 anos e já é uma etapa com matrícula
obrigatória, a redução foi de 6%, com queda de 25,6% na rede privada e de 1,3%
na pública.
Com
a suspensão das aulas presenciais em março de 2020 e a crise financeira que
acometeu o país, muitas famílias tiveram que tirar seus filhos de escolas
privadas. Como o ensino a distância era mais desafiador entre crianças
pequenas, a saída era mais esperada exatamente nas creches e pré-escolas.
"O
preocupante é que os dados mostram que essas crianças não migraram para escolas
públicas. Elas simplesmente ficaram sem escola durante um período tão
importante para o desenvolvimento social, físico, emocional e cognitivo",
diz Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.
A
queda nessa etapa deixa o país ainda mais distante de conseguir alcançar a
meta, prevista em lei, do PNE (Plano Nacional de Educação), de ter 50% das
crianças de zero a três anos matriculadas em creche até 2024. O último dado
disponível, de 2019, indica que só 35,6% da população dessa idade tinha acesso
à escola.
"Ainda
assim, nos preocupa as crianças que, mesmo matriculadas em escola pública,
ficaram muito tempo longe da escola, o que pode trazer impactos graves em seu
desenvolvimento", diz Cruz.
O
Censo também trouxe um dado inédito sobre o tempo de suspensão das aulas
presenciais no país. Até maio de 2021, a média nacional foi de 279 dias com
escolas fechadas.
A
média na rede pública é ainda maior, de 287 dias de fechamento. Já na rede
privada, foi de 248 dias.
Nas
demais etapas da educação básica, também houve redução no número de matrículas
nas escolas particulares.
Nos
anos iniciais do ensino fundamental (do primeiro ao quinto ano), desde 2017, já
há uma queda geral nas matrículas, o que é atribuído a uma mudança no perfil
demográfico do país. De 2019 a 2021, o número de alunos nessa etapa caiu 3,23%,
mas a redução nas escolas privadas foi de 9,2%.
Nos
anos finais do ensino fundamental (do sexto ao nono ano), também houve queda de
2% na rede privada. Só no ensino médio que as escolas particulares registraram
aumento de matrículas, de 0,1%.
A
pesquisa mostra, ainda, que, no ensino médio, também houve aumento no número de
matrículas. Foram registrados 7,8 milhões alunos em 2021 —um acréscimo de 2,9%
em relação a 2020. O dado é positivo já que havia receio de que a pandemia
pudesse ter aumentado a evasão escolar nessa etapa.
Nessa
etapa, também houve aumento significativo no número de matrículas em tempo
integral. Com aumento de cobertura de 13,8% para 16,4% em um ano. Na rede privada,
a evolução foi mais tímida, saindo de 5,4% e atingindo 5,8% dos alunos, entre
2020 e 2021.
"O
aumento das matrículas em tempo integral é um bom sinal, é um sinal de que os
estados estão preocupados com os prejuízos educacionais desse período e querem
ampliar o tempo desses alunos na escola", diz Cruz.
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