O Ministério das Relações Exteriores emitiu um comunicado para lamentar a declaração feita na
sexta-feira (18/2) pela porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, na qual ela
afirmou que o Brasil "parece estar do lado oposto à maioria da comunidade global" em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia. As informações são da BBC NEWS.
Na
manhã deste sábado (19/2), o Ministério das Relações Exteriores respondeu à
declaração por meio de nota na qual afirmou que "lamenta o teor da
declaração da porta-voz da Casa Branca a respeito de pronunciamento do Senhor
Presidente da República por ocasião de sua visita à Rússia".
"As
posições do Brasil sobre a situação da Ucrânia são claras, públicas e foram
transmitidas em repetidas ocasiões às autoridades dos países amigos e
manifestadas no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)",
acrescenta a nota.
"O
Ministério das Relações Exteriores não considera construtivas, nem úteis,
portanto, extrapolações semelhantes a respeito da fala do Presidente",
completa a pasta.
A
crítica de Psaki foi feita após o encontro do presidente Jair Bolsonaro com o
líder russo Vladimir Putin nesta semana, em meio à tensão entre Rússia e
Ucrânia.
A
declaração dela foi feita após um jornalista questionar se o governo
norte-americano se sentiu traído por Bolsonaro ter manifestado solidariedade à
Rússia no encontro com Putin na quarta-feira (16/2) em Moscou.
A
porta-voz respondeu que não conversou com o presidente Joe Biden sobre o
assunto, mas afirmou que a posição do Brasil é oposta ao que tem sido
manifestado por outras nações.
"Diria
que a vasta maioria da comunidade global está unida em uma visão compartilhada,
de que invadir um outro país, tentar tirar parte do seu território e
aterrorizar a população certamente não está alinhado com valores globais e,
então, acho que o Brasil parece estar do outro lado de onde está a maioria da
comunidade global", disse Psaki.
De
acordo com o jornal O Globo, diplomatas disseram que a crítica norte-americana
surpreendeu o governo. Eles frisaram que Bolsonaro não explicou, em relação ao encontro
com Putin, ao que se referia quando declarou solidariedade e, quando
questionado, disse que era solidário "desde que busquem a paz".
Ainda
segundo o Globo, integrantes do Itamaraty consideram que não há
"fundamentos para uma guerra de narrativas". Eles afirmam que o
Brasil sempre deixou claro que está ao lado da paz e da solução diplomática e
negociada para as tensões na Ucrânia.
Líder
russo "busca a paz", disse Bolsonaro
No
início do mês, o Departamento de Estado americano divulgou uma nota afirmando
que o Brasil tinha responsabilidade de "defender os princípios
democráticos e proteger a ordem baseada em regras, e reforçar esta mensagem
para a Rússia em todas as oportunidades".
Durante o encontro com o líder russo nesta semana,
Bolsonaro disse que não teme reações dos Estados Unidos por conta da reunião em
meio ao período de tensões e afirmou que Putin "busca a paz".
"Não
(temo reação). O Brasil é um país soberano. Sim, tivemos informações de que
alguns países não gostariam que o evento se realizasse, que o pior poderia
acontecer com nossa presença aqui. Entendo a leitura do presidente Putin, que
ele é uma pessoa que busca a paz. E qualquer conflito não interessa a ninguém
no mundo", afirmou Bolsonaro.
Em
outro momento, Bolsonaro voltou a enfatizar que, em sua avaliação, Putin busca
a paz e fez a manifestação sobre solidariedade "desde que busque a
paz".
"O
encontro com Putin durou aproximadamente 2 horas. Tivemos até momentos de muita
informalidade, certas particularidades. Falei para ele que o Brasil é um país
que apoia qualquer outro país e é solidário desde que busque a paz. E essa é a
intenção dele", afirmou Bolsonaro.
Em
Moscou, apesar de não mencionar a situação da fronteira com a Ucrânia, o
presidente brasileiro enfatizou o compromisso do Brasil e da Rússia com a paz.
"Pregamos a paz e respeitamos todos aqueles que agem dessa maneira, afinal
de contas esse é o interesse de todos nós: paz para o mundo", disse.
Em
outro momento de seu discurso, Bolsonaro ainda ressaltou a proximidade de
valores cultivados pelas duas nações. "Compartilhamos valores comuns, como
a crença em Deus e a defesa da família. Também somos solidários a todos os
países que querem e se empenham pela paz", afirmou.
O
conflito entre Rússia e Ucrânia
As
declarações de Bolsonaro foram na contramão de governos como o dos Estados
Unidos. Na semana passada, os americanos chegaram a afirmar que uma invasão
russa à Ucrânia era iminente. Na terça-feira (15/02), o governo russo afirmou
que teria retirado parte das tropas que estavam estacionadas na fronteira
ucraniana.
Mas
apesar do Kremlin sugerir o contrário, a Ucrânia continua cercada por tropas russas, tanto em sua
longa fronteira com a Rússia quanto dentro da Crimeia ocupada.
A
Rússia mobilizou forças terrestres, aéreas e navais que oferecem ao Kremlin um
leque de possibilidades caso pretenda iniciar uma ação militar.
Não
é a primeira vez que as forças russas parecem prontas para desafiar a soberania
da Ucrânia, e o Ocidente não parece estar mais perto de saber o que fazer a
respeito sem arriscar uma guerra entre Estados com armas nucleares.
A
Rússia vem preparando o terreno para uma ação militar contra a Ucrânia desde
2014, quando anexou a Crimeia e, assim, ganhou uma posição militar mais
substancial ao sul.
Enquanto
isso, a guerra em andamento na região de Donbas, na Ucrânia, permitiu que as
unidades de segurança e inteligência russas continuassem a avaliar as operações
militares e paramilitares ucranianas.
Na
primavera de 2021, a Rússia intensificou as ações contra a Ucrânia, chegando
perto de uma guerra real.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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