Da redação
Louissaint
Wilguens e John Wesley Amady foram baleados e queimados ainda vivos quando
trabalhavam em uma região violenta da cidade. As informações são do site de notícias independente A Referência.
Dois
jornalistas haitianos foram baleados e queimados ainda vivos por uma quadrilha
em Porto Príncipe, a capital do Haiti,
na quinta-feira (6). O crime ocorreu no bairro de Petion-Ville, e um terceiro
profissional de imprensa que estava com as vítimas conseguiu escapar, segundo a
rede norte-americana CNN.
Louissaint
Wilguens e John Wesley Amady trabalhavam em uma reportagem justamente sobre a
falta de segurança na área quando foram surpreendidos por membros da gangue Ti
Makak. A Radio Écoute FM, de Montreal, da qual Amady era funcionário,
disse em comunicado que ele “foi ferozmente baleado e queimado vivo por
bandidos armados”.
“Condenamos
com o máximo rigor este ato criminoso e bárbaro”, disse o veículo de imprensa,
que suspendeu suas operações temporariamente, “em sinal de solidariedade para
com a família da vítima”. No comunicado, a rádio classifica o crime como “grave
atentado ao direito à vida” e aos “jornalistas que exercem livremente sua
profissão neste país”.
Violência
contra jornalistas
Em
meio à violência que impera na capital haitiana nos últimos anos, os
jornalistas têm se tornado um alvo habitual, com um histórico de impunidade nos
casos.
O
popular jornalista local Jean Dominique foi assassinado em abril de 2000, um
crime até hoje sem solução. Já em março de 2018, o fotojornalista Vladjimir
Legagneur foi morto no bairro de Martissant, uma das áreas atualmente
controladas pelas gangues.
As
autoridades haitianas também continuam investigando os possíveis assassinatos
de outros dois jornalistas ocorridos em junho e outubro de 2019. Em outro caso
de impunidade, o jornalista Diego Charles, um ativista político da oposição,
junto de 13 outras pessoas foram mortos em junho de 2021. Nenhum criminosos foi
identificado.
Por
que isso importa?
Dados
divulgados pela Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura) no início de 2022 apontam que 55 jornalistas e profissionais de mídia
foram assassinados em
todo o mundo em 2021. Embora este seja o menor índice em uma década, a
impunidade para estes crimes continua sendo uma realidade, com os jornalistas
enfrentando altos riscos durante o trabalho.
Os
dados coletados pelo Observatório da Unesco sobre Jornalistas Assassinados
apontam que dois terços das mortes aconteceram em países que não estão passando
por conflito armado, o que mostra os riscos para os profissionais que
apenas contam
a verdade, seja onde for.
A
agência da ONU destaca, ainda, que essa tendência é completamente diferente da
situação de alguns anos atrás. Em 2013, por exemplo, dois terços dos
assassinatos de jornalistas aconteceram em países em conflito. Já no ano
passado, a maioria das mortes aconteceu na Ásia-Pacífico, onde 23 profissionais
da mídia foram assassinados, e na América Latina e Caribe, com
14 casos.
A
Unesco revela também que 87% de todos os crimes contra jornalistas ocorridos
desde 2006 continuam sem solução. Além dos assassinatos, muitos
profissionais do setor continuam sujeitos a altos índices de violência
física, de intimidação, de
assédio e com risco de serem presos, que podem acontecer inclusive durante a
cobertura de protestos de rua.
As mulheres
jornalistas são ainda vítimas de assédio virtual. Uma pesquisa
divulgada em abril do ano passado mostra que três quartos das profissionais
confirmaram terem sido atacadas online por motivos ligados ao
trabalho.
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
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