A facada no então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em
2018, segue mobilizando o cenário político brasileiro. Alvo de questionamentos
pelo chefe do Executivo, o ataque rende teorias da conspiração da direita à
esquerda. O episódio teve papel relevante no último pleito, e pode ser abordado
também nas eleições deste ano. Novos desdobramentos na saúde do presidente,
como uma possível cirurgia, não estão descartados.
Bolsonaro foi esfaqueado quando cumpria agenda eleitoral em Juiz
de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018. O autor do ataque, Adélio
Bispo de Oliveira, foi preso em flagrante.
O
inquérito que apura o caso foi reaberto pela PF (Polícia Federal) no final de
novembro. Um novo delegado assumirá as apurações para saber se Adélio Bispo de
Oliveira teve ajuda ou recebeu ordens de outras pessoas. Os 2 primeiros
inquéritos concluíram que ele agiu sozinho.
Incentivados
pelo próprio presidente, apoiadores falam na existência de um possível
mandante, e associam o atentado a integrantes da esquerda.
As
internações hospitalares de Bolsonaro também contribuem para que o tema da
facada volte à tona. Ele afirma que as constantes idas ao médico são resultados do ataque. Na última vez, no começo de 2022, o
presidente ficou 2 dias internado em São Paulo por causa de uma obstrução
intestinal. O problema foi causado por um camarão não mastigado, segundo o médico
Antônio Luiz Macedo.
Foi
a 2ª vez em menos de um 1 ano que Bolsonaro teve o mesmo diagnóstico. Em julho
do ano passado, o presidente ficou internado por 5 dias pelo mesmo motivo. Uma futura
intervenção cirúrgica não está descartada. O presidente já declarou ter
uma “hérnia grande” do lado direito da barriga e
que “talvez” precise incluir uma tela cirúrgica para tratar o
problema.
Opositores
do presidente questionam a existência da facada. Alguns propagam a tese
da “fakeada” –referência à palavra “fake” (falso, em inglês). Na
internet, propaga-se a ideia de que o atentado foi uma armação. O motivo:
eleger Bolsonaro e tirá-lo dos debates presidenciais. Os adeptos dessa teoria
indicam a ausência aparente de sangue no presidente após o golpe e a rápida
assistência médica e policial.
O
deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) protocolou em setembro de
2021) um pedido de abertura de CPI (comissão parlamentar de
inquérito) para investigar a facada. “Bolsonaro tinha 8 segundos de
televisão e passou a ter 24 horas […]. Foi na facada que ele ganhou as
eleições”, disse o congressista ao Poder360.
O presidente nega fins políticos. “O pessoal tem
dúvida. Alguns que seria uma armação da minha parte. Na hora lá alguns falam
‘não sangrou’. Uma facada nessa região não sangra porque tudo vai para dentro”,
declarou em entrevista depois de sair do hospital em 5 de janeiro.
Outro
fator que colabora para deixar em aberto o episódio da facada é a reabertura
das investigações. Ainda falta apurar os dados que a PF obteve com Zanone Manuel de Oliveira Júnior, o 1º advogado que
defendeu Adélio Bispo de Oliveira, em Juiz de Fora.
Conforme
revelou o Poder360, o delegado Martin Bottaro Purper será o responsável pelo caso a partir de agora. Com
experiência em investigações de homicídios, ele já coordenou ações contra a
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Responsável pelas duas
apurações iniciais, o delegado Rodrigo Morais Fernandes foi transferido para uma função nos Estados Unidos.
Adélio
foi absolvido do ataque contra Bolsonaro por ser considerado
inimputável, ou seja, incapaz de responder pelos atos que praticou. Por
isso, sua pena foi convertida em internação psiquiátrica por tempo
indeterminado. Ele cumpre a sentença na Penitenciária Federal de Campo Grande
(MS) desde 2018.
O MPF e Bolsonaro não recorreram da decisão e o processo
contra Adélio foi encerrado em julho de 2019.
1º
inquérito da facada
O
delegado Rodrigo Morais Fernandes comandou 2 inquéritos que apuraram o ataque à
faca contra Bolsonaro. O 1º, encerrado no final de setembro de 2018, concluiu que a motivação do crime se deu por inconformismo
político e que Adélio agiu sozinho no momento da facada.
Eis
os números da investigação:
4
celulares, 2 telefones, 1 laptop e diversos documentos apreendidos;
foram
realizados 3 interrogatórios e uma audiência de custódia;
40
pessoas foram entrevistadas em campo;
30
testemunhas ouvidas;
duas
buscas para apreensões cumpridas;
Para ler mais acesse, www:
professortacianomedrado.com
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