Da redação
Restrição
atinge inclusive embarcações que transportem cargas entre portos fluviais e
passageiros, como os navios de cruzeiros turísticos
Um
lei que passou a viger no dia 1º de janeiro deste ano na Ucrânia proíbe que
embarcações da Rússia acessem
as águas interiores ucranianas. A decisão foi anunciada pelo Verkhovna
Rada, o Parlamento unicameral ucraniano, composto por 450 deputados, e
reproduzida pela agência local Interfax.
Conforme
a nova normativa legal, o acesso às águas interiores da Ucrânia é proibido aos
navios com bandeira de uma nação agressora, caso da Rússia, ou de propriedade
de cidadãos russos. A inclusão de navios russos no Registro de Navios do Estado
da Ucrânia também está proibida.
A
restrição atinge inclusive embarcações que transportem cargas entre portos
fluviais e passageiros, como os navios de cruzeiros turísticos. O documento
lista entre as águas interiores do país os rios Dniester, Danúbio e Dnieper.
“Estão
proibidos de entrar nas vias navegáveis interiores da Ucrânia: navios que
carregam bandeira do Estado agressor; navios pertencentes a cidadãos do Estado
agressor ou entidades comerciais registradas no território do Estado agressor”,
diz o texto legal.
A
lei, que era debatida desde 2018, foi aprovada no dia 3 de dezembro de 2021 e
assinada pelo Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky em 30 de dezembro.
Por
que isso importa?
A tensão entre
Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo
começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor
Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país
com a UE. A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de
Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.
Após
a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo
nacional para assumir o comando da península da Crimeia e declarar sua
independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um
referendo sobre a “reunificação” da região com a Rússia. A aprovação foi
superior a 90%.
Com
base no referendo, considerado
ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se
considerar território russo. Entre outras medidas, adotou o rublo russo como
moeda e mudou o código dos telefones para o número usado na Rússia.
Paralelamente
à questão da Crimeia, Moscou também apoia os separatistas ucranianos que
enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O
conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe ao governo
ucraniano as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de
Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte militar
russo.
Em
2021, as tensões escalaram na fronteira entre os dois países. Washington tem
monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou
informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de
tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala,
bastando para isso a aprovação de Putin e a adoção das medidas logísticas
necessárias.
Especialistas
calculam que a Rússia tenha entre 70
mil e 100 mil soldados nas proximidades da Ucrânia, sendo necessária
uma força de 175 mil para invadir, além de mais combustível e munição. Conforme
o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam o
país vizinho pela Crimeia e por Belarus.
Um
eventual conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores.
Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a fortalecer suas forças
armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora
Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, suas tropas enfrentariam
um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
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