Da redação
Depois de a proposta de revogar
a reforma trabalhista, defendida por setores do PT e aventada por Lula, virar
tema de conversa entre Geraldo Alckmin (sem partido) e o deputado Paulinho da
Força (SP), presidente do Solidariedade, petistas fizeram chegar ao
ex-governador explicações para desfazer eventual mal-estar. ((Reveja). As informações são do FolhaPress.
Alckmin,
que é cotado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Lula (PT), também
passou a minimizar a questão, segundo aliados, que não veem no tema um entrave
para o acerto entre o petista e o ex-tucano.
Segundo
pessoas próximas a Alckmin, a interpretação do ex-governador é a de que, na
verdade, o que Lula propõe é um diálogo entre sindicatos, empresários e governo
para discutir a legislação trabalhista e buscar entendimentos, não imposições.
No
último dia 4, Lula e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), publicaram nas
redes sociais mensagens simpáticas à reforma trabalhista acordada entre
governo, empresários e sindicatos de trabalhadores da Espanha.
Na
manhã desta segunda-feira (10), após conversa com Alckmin, Paulinho da Força
relatou que o ex-governador mencionara haver apreensão no mercado com a
proposta do PT.
"Alckmin
disse que está preocupado com a discussão que surgiu nos últimos dias sobre a
revogação da reforma trabalhista", afirmou Paulinho, que diz ser contrário
à revogação, mas defende a mudança de pontos específicos.
Ao
longo do dia, petistas da cúpula do partido envolvidos na campanha de Lula
trabalharam para contornar essa percepção, buscando tranquilizar o ex-tucano.
De
acordo com entusiastas da chapa Lula-Alckmin, o ex-governador demonstrou, na
verdade, curiosidade e interesse sobre o tema da reforma trabalhista,
solicitando a Paulinho que lhe encaminhasse material sobre o assunto, como suas
sugestões de emendas.
Alckmin
pediu informações sobre a revogação de pontos da reforma na Espanha e quis
saber a opinião das centrais sindicais.
Durante
a tarde, aliados de Alckmin também relataram à reportagem que o ex-governador
considera haver espaço para resolver a questão trabalhista de forma inteligente
e que não havia angústia a respeito do tema.
Segundo
Paulinho, Alckmin não mencionou especificamente as recentes manifestações de
Lula e Gleisi Hoffmann favoráveis à iniciativa do governo espanhol.
Nas
redes sociais, Lula afirmou ser "importante que os brasileiros acompanhem
de perto o que está acontecendo na reforma trabalhista da Espanha, onde o
presidente [do governo] Pedro Sanchez está trabalhando para recuperar direitos
dos trabalhadores".
Chamada
de contrarreforma, a proposta espanhola revisa a reforma trabalhista feita em
2012 e que teria impulsionado a precarização das condições de trabalho no país.
Entre
as medidas, extingue os contratos por obra, limita os contratos temporários
(que correspondem a cerca de 25% dos empregos no país) e estabelece regras mais
rigorosas nas terceirizações.
Nesta
segunda, o ex-ministro Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu
Abramo, ligada ao PT, também buscou esclarecer a proposta petista.
Segundo
Mercadante, que organiza uma reunião entre Lula, sindicalistas e economistas
para discutir a revisão da reforma, não se trata de uma contrarreforma, mas de
uma pós-reforma fruto de negociação entre trabalhadores e representantes
patronais.
Reportagem
do jornal Folha de S.Paulo mostrou que quatro anos depois da entrada em vigor
da reforma trabalhista, completados em novembro, o saldo é de queda no número
de ações na Justiça do Trabalho, mas o número de empregos anunciado pelo
governo à época ficou só na promessa.
Em
resposta a Alckmin, o ex-presidente da Força Sindical afirmou que as centrais
não defendem a revogação da reforma, mas a regulamentação da possibilidade de
fixação, em assembleia, do valor de contribuição sindical por categoria.
Para
Paulinho, deveria haver liberdade de negociação entre os sindicatos e
representações patronais --o valor da contribuição seria estabelecido em
assembleias. "Revogar a reforma não nos agrada, achamos que não é
necessário", afirmou.
Antonio
Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), reagiu à fala de
Paulinho e defendeu a revogação.
"Nos
causa espanto a declaração de supostos porta-vozes dizendo que as centrais
sindicais são contra a revogação da reforma trabalhista", publicou em rede
social.
"A
maioria das centrais defende a revogação da reforma, pois a questão central
sempre foi a retirada de direitos e o enfraquecimento das negociações coletivas
produzida pela reforma trabalhista", completou.
Em
relação à chapa com Lula, ainda de acordo com aliados de Alckmin, tanto
obstáculos relacionados ao programa de governo petista como relacionados a
acertos e filiações partidárias podem ser resolvidos nos próximos meses.
Com
a avaliação de que não há espaço para o triunfo eleitoral da terceira via, Alckmin
segue mirando no acordo com Lula.
Na
visão de Alckmin, a eleição deve ser decidida entre Lula e o presidente Jair
Bolsonaro (PL). A ideia é que, com Alckmin na vice, o petista vença ainda no
primeiro turno.
O
ex-governador poderia se filiar ao PSB, PV ou Solidariedade -siglas que
encampam seu projeto de ser candidato a vice na chapa petista. No café da
manhã, Paulinho reforçou o convite para que Alckmin se filie ao seu partido.
Alckmin
admitiu a possibilidade de se filiar ao Solidariedade. Mas não deu resposta.
O
caminho via PV ou Solidariedade mostra que a costura da chapa, cogitada a
partir da aproximação e eventual federação entre PSB e PT, hoje independe da
associação entre os dois partidos.
O
diálogo entre pessebistas e petistas está travado em torno de disputas
estaduais, mas o acerto entre Lula e Alckmin segue avançando.
Em
contraposição ao PSB, que negocia o apoio do PT na corrida em cinco estados em
troca da chapa com Alckmin, Paulinho afirmou que "no Solidariedade,
Alckmin não seria usado como moeda de troca".
O
PSB deseja que o PT abra mão de lançar candidatos no Rio de Janeiro, Espírito
Santo, Rio Grande do Sul, Pernambuco e São Paulo -estado onde o imbróglio é
maior. Márcio França (PSB) e Fernando Haddad (PT) pleiteiam a candidatura ao
Governo de São Paulo.
A
expectativa do PSB é que, com uma federação com PT e PC do B e talvez PSOL, PV
e Rede, a sua bancada possa ser ampliada dos atuais 30 para pelo menos 40
deputados federais em 2022.
As
federações partidárias são um novo elemento para as eleições de 2022 no Brasil.
Elas permitem que os partidos se unam nas disputas proporcionais nos 26 estados
e no Distrito Federal e atuem de forma conjunta durante quatro anos no
Legislativo, seja na Câmara dos Deputados ou nas Assembleias Legislativas.
No
caso de uma federação, PSB e PT não poderiam manter duas candidaturas em São
Paulo. Na avaliação de apoiadores da chapa Lula-Alckmin, a manutenção da
candidatura de Haddad poderia ser uma contrapartida para que os petistas entrem
na associação com o PSB.
Caso
não haja federação, no entanto, é possível que tanto França como Haddad sejam
candidatos -o que poderia representar um palanque duplo para a chapa petista no
estado.
A
percepção de interlocutores de Alckmin é a de que ele abandonou de vez a ideia
de concorrer ao Governo de São Paulo e tem se concentrado no plano nacional,
falando de questões federais, como desemprego e isolamento em relação a outros
países.
Alckmin
se disse preocupado com a crise econômica, que julga ser o principal problema a
ser enfrentado em um novo governo, chegando a ressaltar a existência de
moradores de rua até mesmo em Pindamonhangaba (SP), sua cidade natal.
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
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