ASIA E PACÍFICO: A um mês do início dos Jogos de Inverno, protestos pedem boicote a Beijing 2022

Protesto em Berlim no dia 4 de janeiro de 2022, contra os Jogos de Inverno em Beijing (Foto: reprodução/Twitter)
Protesto em Bruxelas no dia 4 de janeiro de 2022, contra os Jogos de Inverno em Beijing (Foto: reprodução/Twitter)
Da redação

Faltando exatamente um mês para os Jogos de Inverno Beijing 2022, que começam no dia 4 de fevereiro, diversos protestos ocorreram nesta terça-feira (4) em várias partes do mundo. Os manifestantes usaram a internet e foram às ruas para contestar a realização do evento esportivo, com base nas acusações de abusos dos direitos humanos que pesam contra a China. As informações são do site de notícias internacionais A Referência.

O protesto foi liderado pelo Congresso Mundial Uigur, uma organização internacional que promove os direitos humanos da etnia uigur, que vive na província chinesa de Xinjiang e é vítima de perseguição de Beijing. Os abusos contra os uigures, classificados como genocídio por diversos governos ocidentais, incluem internação em campos de detenção, trabalho forçado e vigilância estatal.

“O COI (Comitê Olímpico Internacional) não pode permitir que a chamada neutralidade se sobreponha à moralidade quando se trata de trabalho escravo. Os líderes olímpicos devem assumir a responsabilidade pelo trabalho e pelos direitos humanos”, disse Zumretay Arkin, advogada uigur e diretora do Congresso Mundial Uigur.

Usando a hashtag #NoBeijing2022, a entidade usou as redes sociais para cobrar de patrocinadores oficiais e emissoras detentoras dos direitos de transmissão o boicote ao evento. Também ocorreram manifestações populares em cidades como Bruxelas, na Bélgica, Berlim, na Alemanha, Lucerna, na Suíça, Londres, na Inglaterra, e Tóquio, no Japão.

Outras causas também foram citados nas manifestações populares contra os Jogos de Inverno. Entre elas, a repressão de Beijing contra o Tibete, o cerceamento das liberdades individuais em Hong Kong e a ameaça de invasão de Taiwan pela China continental, que considera a ilha como parte de seu território.

Diversos países anunciaram um boicote diplomático aos Jogos. Assim, não enviarão representantes ao evento, como é praxe em Jogos Olímpicos e em outras competições esportivas, como a Copa do Mundo de futebol. Porém, em termos práticos e desportivos, não há maiores desdobramentos, vez que os atletas competem normalmente. A medida visa somente a ferir o orgulho do país-sede, algo particularmente relevante para Beijing. Saiba quem aderiu ao boicote.

NA EUROPA

Lituânia

Envolta em uma crise diplomática com a China após a abertura de uma embaixada de fato de Taiwan em seu território, a Lituânia foi o primeiro país do mundo a anunciar um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno. O presidente Gitanas Nauseda confirmou que nem ele nem nenhum ministro do governo irá prestigiar os Jogos.

Bélgica

Conforme o primeiro-ministro belga Alexander De Croo afirmou aos parlamentares de seu país no dia 18 de dezembro, “o governo federal não enviará representação aos Jogos”.

O resto da União Europeia

Vários Estados-Membros ainda não se pronunciaram, argumentando que aguardam uma tomada de decisão em comum acordo da União Europeia (UE).

Na França, o discurso é contraditório. O Ministério da Educação, Juventude e Esportes declarou à imprensa que “o esporte é um mundo em si que deve ser preservado tanto quanto possível da interferência política”, confirmando a presença de algumas autoridades. Do outro lado, o ministro das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, afirmou que Paris é “a favor da posição comum” e que “esta questão deve ser tratada como a Europa”.

Alemanha deu justificativa semelhante à maioria que não bateu o martelo sobre o assunto, argumentando que “a decisão deve ser tomada em harmonia com nossos amigos europeus”.

Apesar da declarada predileção por uma posição afinada, vários líderes duvidam da capacidade do bloco de chegar a uma decisão conjunta e até mesmo da utilidade de um boicote Caso do primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean Asselborn, que afirmou que “os Jogos Olímpicos são sempre políticos, não há Jogos Olímpicos politicamente neutros”.

Reino Unido

O premiê britânico Boris Johnson anunciou o boicote no dia 8 de dezembro. “Haverá efetivamente um boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno em Beijing”, declarou ele, acrescentando que “o governo não hesita em levantar essas questões com a China, como fiz com o presidente Xi na última vez em que falei com ele”.

NAS AMÉRICAS

O primeiro país a anunciar o boicote foi os Estados Unidos, decisão que se escorou sobretudo nas acusações de genocídio que pesam contra Beijing na região de Xinjiang, devido ao tratamento dispensado pelo país à minoria étnica dos uigures.

O Canadá seguiu o exemplo. O primeiro-ministro Justin Trudeau se justificou: “Nos últimos anos, temos sido muito claros sobre nossas profundas preocupações em relação às violações dos direitos humanos“.

NA ÁSIA

Japão não enviará uma delegação de ministros aos Jogos, mas preferiu não chamar o gesto de boicote, como explicou o secretário-chefe de gabinete Hirokazu Matsuno à imprensa: “Não usamos um termo específico para descrever como comparecemos”.

Já o premiê Fumio Kishida, que fez dos direitos humanos a principal bandeira de sua diplomacia ao criar um cargo consultivo especial para lidar com a questão, disse que espera estabelecer uma relação construtiva com os vizinhos. “O Japão acredita que é importante para a China garantir os valores universais de liberdade, respeito pelos direitos humanos básicos e o Estado de Direito, que são valores universais na comunidade internacional”, disse Matsuno.

NA OCEANIA

A Austrália foi o primeiro país a seguir o passo de Washington, anunciando o boicote em 8 de dezembro. O primeiro-ministro Scott Morrison usou o mesmo argumento dos abusos dos direitos humanos, mas citou ainda as recentes sanções impostas por Beijing a Camberra. A relação bilateral entre as nações está desgastada, e o embaixador da China em Camberra, Cheng Jingye, anunciou em outubro que deixaria o posto ao fim do mandato.

A Nova Zelândia apoiou Canberra na decisão, justificando que era “a coisa certa a fazer”. No entanto, as autoridades locais enfatizaram que “houve uma série de fatores, mas principalmente a ver com Covid-19”.

Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com

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