SEGURANÇA INTERNACIONAL : Parlamentares dos EUA pedem que Casa Branca acelere entrega de armas à Ucrânia

Soldado dos EUA realiza o registro e a calibração de sistema de armas na Síria, 30 de setembro de 2021. (Foto: Isaiah J Scott/US Army)

Da Redação

Um grupo de parlamentares norte-americanos que realizou uma visita a Kiev, entre sábado (11) e domingo (12), retornou a Washington convicto de que as ameaças de sanções financeiras feitas pelos Estados Unidos e pela União Europeia (UE) não serão suficientes para dissuadir a Rússia a invadir a Ucrânia. Na visão deles, a única resposta eficiente a ponto de frear o ímpeto do presidente Vladimir Putin é militar, segundo a rede Voice of America (VOA).

Composta por representantes dos partidos Republicano e Democrata, a delegação norte-americana esteve em Kiev para um encontro com o comandante das forças especiais ucranianas. Um grupo de soldados da Guarda Nacional dos EUA também participou da visita e deu treinamento de capacitação a soldados ucranianos. Na volta, os parlamentares classificaram a situação na região como “muito preocupante”, em meio ao aumento de tropas russas na fronteira, o que sugere uma invasão iminente por parte de Moscou.

“Acho que prometer uma ação dura, só para ser franco, depois de uma invasão, fará muito pouco em termos de cálculo de Putin”, disse o deputado Republicano Michael Waltz. “Estamos vendo Putin, eu acho, fazer isso em muitos aspectos porque ele sabe que pode se safar. Precisamos ajudar a Ucrânia a se recuperar e aumentar os custos [para a Rússia] agora”.

Os Democratas seguiram o mesmo caminho dos rivais políticos, sob o argumento de que as medidas prometidas não bastaram para Putin recuar. “Se Putin invadir, quero que saiba que terá problemas para comprar um refrigerante de uma máquina de venda automática nos próximos cinco minutos, não que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) convoque uma conferência para debater o que fazer nas próximas semanas”, disse Seth Moulton.

Os EUA têm fornecido treinamento e armamento ao exército da Ucrânia, a ponto de mudar bastante o cenário em relação a 2014, quando a Rússia não teve maiores dificuldades para invadir e anexar a Península da Crimeia, hoje considerada um território ucraniano sob ocupação russa. Segundo os parlamentares que visitaram Kiev, porém, ainda é necessário ampliar a colaboração militar.

“Precisamos comunicar claramente como as armas que fornecemos causarão grandes perdas de tropas russas no primeiro dia, não apenas com o tempo”, disse Moulton. “Não apenas convencê-los ou tentar convencê-los de que uma ocupação será dolorosa. Mas, ao invés disso, uma invasão imediata em grande escala será difícil de realizar imediatamente”.

Vias diplomáticas

Ao menos em um primeiro momento, o discurso dos parlamentares não convenceu a Casa Branca, que no mesmo dia voltou a insistir em uma solução pacífica para o impasse. “Nosso objetivo continua a ser manter isso em um caminho diplomático e levar a uma desaceleração”, disse a secretária de imprensa da Casa Branca Jen Psaki. “Obviamente, estamos engajados em conversas diárias com europeus, russos, ucranianos, e transmitindo exatamente o que achamos que deveria acontecer aqui para diminuir a situação no local”.

Paralelamente, Rússia e Ucrânia dotam o mesmo discurso, embora a tensão militar não tenha recuado nem um pouco. “O presidente russo enfatizou a importância de lançar imediatamente negociações internacionais para desenvolver garantias legalmente fixas que impediriam qualquer expansão da Otan para o leste e o envio de armas para países vizinhos, principalmente na Ucrânia, que ameaçam a Rússia”, disse o Kremlin em um declaração.

Por sua vez, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se reuniu nesta quarta (15) com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em Bruxelas. Ele usou sua conta no Twitter para falar sobre a reunião. “Posições coordenadas com Charles Michel antes da 6ª Cúpula da Parceria Oriental. Nosso objetivo é a adesão plena da Ucrânia à União Europeia. Informado sobre a situação na fronteira oriental. Esperamos sinais claros após a reunião do Conselho da UE em 16 de dezembro sobre a inadmissibilidade da escalada”.


Por que isso importa?

tensão entre Ucrânia e Rússia explodiu com a anexação da Crimeia por Moscou. Tudo começou no final de 2013, quando o então presidente da Ucrânia, o pró-Kremlin Viktor Yanukovych, se recusou a assinar um acordo que estreitaria as relações do país com a UE. A decisão levou a protestos em massa que culminaram com a fuga de Yanukovych para Moscou em fevereiro de 2014.

Após a fuga do presidente, grupos pró-Moscou aproveitaram o vazio no governo nacional para assumir o comando da península da Crimeia e declarar sua independência. Então, em março de 2014, as autoridades locais realizaram um referendo sobre a “reunificação” da região com a Rússia. A aprovação foi superior a 90%.

Com base no referendo, considerado ilegal pela ONU (Organização das Nações Unidas), a Crimeia passou a se considerar território russo. Entre outras medidas, adotou o rublo russo como moeda e mudou o código dos telefones para o número usado na Rússia.

Paralelamente à questão da Crimeia, Moscou também apoia os separatistas ucranianos que enfrentam as forças de Kiev na região leste da Ucrânia desde abril de 2014. O conflito armado, que já matou mais de dez mil pessoas, opõe ao governo ucraniano as forças separatistas das autodeclaradas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, que formam a região de Donbass e contam com suporte militar russo.

Em 2021, as tensões escalaram na fronteira entre os dois países. Washington tem monitorado o crescimento do exército russo na região fronteiriça e compartilhou informações de inteligência com seus aliados. Os dados apontam um aumento de tropas e artilharia russas que permitiriam um avanço rápido e em grande escala, bastando para isso a aprovação de Putin.

Conforme o cenário descrito pela inteligência dos EUA, as tropas russas invadiriam a Ucrânia pela Crimeia e por Belarus, com potencialmente cem mil soldados. A Ucrânia estima um contingente de 90 mil soldados de Moscou prontos para atacar, enquanto a inteligência norte-americana fala em 50 mil.

Um eventual conflito, porém, não seria tão fácil para Moscou como os anteriores. Isso porque, desde 2014, o Ocidente ajudou a Ucrânia a fortalecer suas forças armadas, com fornecimento de armamento, tecnologia e treinamento. Assim, embora Putin negue qualquer intenção de lançar uma ofensiva, suas tropas enfrentariam um exército ucraniano muito mais capaz de resistir.

 

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