Da redação
Por
J.R. Guzzo
Estão
dizendo, dos dois lados, que ainda é muito cedo, que a decisão de um depende da
decisão do outro, e que a ideia é completar a coisa em março. Mas, pelo cheiro
da brilhantina, já dá para ver que estão armando o que parece ser a aliança
mais pretenciosa das eleições presidenciais de 2022, possivelmente a que vai
“resolver tudo” já “no primeiro turno”, segundo a torcida e as esperanças dos
comunicadores, da esquerda e dos oportunistas em geral. É o casamento religioso
do ex-presidente Lula com o ex-governador Geraldo Alckmin – Lula para
presidente, é claro, e Alckmin para vice, também é claro, pois nem o PT (e
muito menos o próprio Lula) aceitam acordos em que não ficam por cima. No fim
das contas talvez não saia nada deste angu. Mas se sair, a chapa Lula-Alckmin
tem tudo para ser o maior monumento à falsificação já construído em todos os
tempos na política brasileira.
Para
quem já foi pedir a benção de Paulo Maluf, esses poemas ao fingimento são a
coisa mais natural do mundo
Acertos
políticos, de um modo geral e segundo ensina a experiência, são tramoias entre
quadrilhas e entre quadrilheiros para encher o próprio bucho; o perdedor,
invariavelmente, é o povo extorquido o tempo todo por eles. Mas desta vez, em
termos de desastre moral em estado puro, estão dando um capricho poucas vezes
visto neste país, num ambiente político onde já se viu de tudo. Não existe um
átomo de sinceridade em nenhuma das preces que Alckmin está dirigindo à Lula.
Até outro dia ele dizia os piores horrores em relação ao seu possível futuro
chefe – e de lá para cá não aconteceu absolutamente nada capaz de apagar
nenhuma das realidades que provocaram cada um desses horrores. Os fatos que
tornaram Lula o ex-presidiário que ele é hoje não sumiram; continuam todos aí,
do mesmo tamanho, mas Alckmin decidiu que eles não existem mais. Lula não
acredita em nenhum agrado que recebe do parceiro, mas aceita todos; para quem
já foi pedir a benção de Paulo Maluf, esses poemas ao fingimento são a coisa
mais natural do mundo. Eis aí, à vista de todos, o maior conto do vigário que
está sendo aplicado no eleitor brasileiro na presente campanha eleitoral.
Alckmin,
que já disse em público que Lula é ladrão, deixou 15 milhões de desempregados e
quebrou o Brasil está disposto agora, para ganhar uma vice, a se ajoelhar na
frente de um criminoso condenado por corrupção e lavagem de dinheiro em
terceira e última instância. Está dizendo que aceita a volta das gangues que,
segundo ele próprio, quebraram a Petrobras. Está dando o seu aval às invasões
de terra do MST, que prega a destruição do agronegócio e já se vê governando o
Brasil ao lado de Lula a partir de outubro de 2022. Está chamando de volta os
empreiteiros de obras que confessaram crimes e devolveram dinheiro roubado – e
que estão desesperados para poder roubar de novo. Está se colocando a favor da
censura, que Lula promete implantar com o seu “controle social dos meios de
comunicação.” Está aceitando que a população pague os seus jatinhos de
campanha, com os R$ 6 bilhões que a bandidagem política nacional acaba de roubar
do Erário através do seu “Fundo Eleitoral”. Está fazendo de conta que é um
devoto das causas femininas, negras, índias, homossexuais ou da “linguagem
neutra” – em suma, está disposto a qualquer coisa. Desse jeito ainda acaba
aparecendo na parada gay.
Na
última vez que se candidatou a alguma coisa, nas eleições presidenciais de
2018, Alckmin ficou com 4% dos votos
Lula,
nessa trapaça, não precisa dar nada, nem mudar nada – com Alckmin de vice, ou
com qualquer outro, vai fazer exatamente o que quer. Se Alckmin (com o
incentivo de sua turma) imagina a si mesmo como alguma espécie de contrapeso
para o esquerdismo, a irresponsabilidade e o estilo Lula de lidar com o
dinheiro púbico, está cometendo um ato aberto de megalomania. Lula, na verdade,
anuncia em plena luz do sol, o tempo todo, que pretende piorar em relação ao
que foi. Quer mais gasto do governo – para “os pobres”, é claro, mas quem vai
se dar bem, como sempre, não tem nada de pobre. Quer mais estatal, mais obra
tipo estádio-para-copa-do-mundo, mais Venezuela. Quer vender as reservas
internacionais do país, para fazer, segundo diz, “distribuição de renda”. Quer
uma economia parecida com a da Argentina, um dos governos que mais conta com a
sua admiração no presente momento. Quer entupir o serviço público, mais uma
vez, com empregos para a companheirada do PT e dos seus subúrbios. Quer mais
invasão de terra. Quer voltar a distribuir diretorias da Petrobras – e por aí
afora. Alckmin vai ter de querer tudo isso, também. Aliás, ao formar uma chapa
com Lula e o PT, estará aceitando formalmente cada uma dessas coisas, e quantas
mais vierem.
O
ex-governador já teve voto em São Paulo, principalmente no interior – sempre
surrando o PT, por sinal. Hoje seu verdadeiro patrimônio eleitoral é um
mistério. Na última vez que se candidatou a alguma coisa, nas eleições
presidenciais de 2018, ficou com 4% dos votos. Quantos eleitores vai trazer
para Lula, se for agora o seu vice? Os analistas políticos garantem que sua
posição terá, para a candidatura de Lula, a mesma importância do movimento de
rotação da Terra. Vamos ver. Ele precisa entrar na chapa, primeiro, e depois
mostrar serviço. De qualquer forma, sendo ou não sendo o candidato a vice, o
que vai sobrar dessa salada é a espetacular farsa que ele, Lula e as forças que
o apoiam montaram para bater a carteira de votos do eleitor brasileiro.
Fonte: Jovem Pan
Para ler mais
acesse, www: professortacianomedrado.com
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário