Dois
jatos chineses em posição para decolar durante um exercício militar, em
setembro de 2021 (Foto: Wang Guoyun/eng.chinamil.com.cn/)
Da Redação
O
alto investimento militar pode levar a China a superar os Estados
Unidos como mais poderosa força aérea do mundo. Essa e a constatação de
analistas e líderes militares, com base no avanço obtido por Beijing nos
últimos anos, algo que não tem sido acompanhado por Washington. As informações
são da rede norte-americana Voice
of America (VOA). As informações são do site de notícias internacionais A Referência .
A
disputa pela supremacia
militar aérea voltou à tona nos últimos dias, com a maior incursão de
jatos da força aérea chinesa em Taiwan. Somente no dia 4 de outubro, a China
enviou 56 aeronaves ao espaço
aéreo da ilha, concluindo numa ação que se estendeu por quatro dias e
envolveu 149 caças e bombardeiros. O gesto simbólico, que os taiwaneses encaram
como uma ameaça, gerou reação
global, sobretudo de aliados de Taipé. E ampliou o alerta de Washington.
Em
setembro, durante uma conferência militar, o general Charles Brown Jr., chefe
do Estado-Maior da força aérea norte-americana, qualificou o exército chinês
como detentor das “maiores forças de aviação do Pacífico”. E disse que o posto
foi alcançado “debaixo de nosso nariz”, sem uma resposta
à altura. Mais: ele projetou que a China pode assumir a supremacia aérea
militar global em 2035.
No
mesmo evento, o tenente-general S. Clinton Hinote manifestou opinião semelhante
e advertiu que os EUA não acompanham os avanços da China. “Em algumas áreas
importantes, estamos atrasados. E falo ‘nesta noite’. Esse não é um problema de
amanhã. É de hoje”. Posteriormente, em conversa privada com jornalistas,
reforçou a opinião de que os chineses já igualaram os avanços
tecnológicos norte-americanos no
setor.
Na
visão de Eric Heginbotham, principal cientista pesquisador do Centro de Estudos
Internacionais do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, da sigla em
inglês), a recene incursão aérea da China em Taiwan é prova do avanço
militar do rival. “Eles estão montando pacotes de aviões de caça, o
J-16 em particular, que voam em grande número. E essa é uma capacidade
relativamente nova. Estão montando pacotes completos, enviando também aeronaves
antissubmarino. Eles estão mostrando muito”.
Um
estudo de 2015 do think tank RAND Corporation, daCalifórnia já havia
alertado para os avanços chineses. O documento dizia que “as melhorias
contínuas nas capacidades aéreas chinesas tornam cada vez mais difícil para os
Estados Unidos alcançarem a superioridade aérea dentro de um prazo política e
operacionalmente eficaz”. E destacou os riscos que isso pode representar para
Taiwan: “especialmente em um cenário próximo ao da China continental”.
China
x Taiwan
Nesta
segunda-feira (11), no que pareceu mais um recado
belicista destinado a Taipé, o Exército da China publicou um
vídeo em seu canal
oficial que mostra um treinamento de desembarque de tropas e
simulações de assalto na praia da província chinesa de Fujian. A região fica no
estreito de Taiwan e,
pela proximidade geográfica, seria um local estratégico de lançamento para
qualquer invasão chinesa à ilha.
Embora
autoridades chinesas não vinculem os exercícios às atuais
turbulências com a ilha semiautônoma, os taiwaneses estão temerosos
com a vertiginosa pressão
militar imposta por incursões em massa de Beijing na sua zona de
defesa aérea, que tem claro objetivo de impor seu domínio político.
Ao
justificar a movimentação militar, Beijing afirmou que o objetivo das manobras
é “salvaguardar fundamentalmente os interesses gerais da nação chinesa e os
interesses vitais das pessoas em ambos os lados do Estreito de Taiwan”, disse o
porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan, Ma Xiaoguang, de acordo com o
jornal Taipei
Times.
“Os
exercícios do Exército de Libertação do Povo são ações necessárias para
defender a soberania nacional e a integridade territorial [chinesas]”, disse
Ma, deixando claro que a China se entende também como responsável pela defesa
territorial de Taiwan, a qual considera parte de seu território.
Taiwan
respondeu através da porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Joanne
Ou. segundo ela, a China sabotou a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan,
fazendo uso de provocação militar, coerção diplomática e pressão econômica
sobre a ilha.
Por
que isso importa?
Taiwan
é uma questão
territorial sensível para os chineses. Relações exteriores que tratem
o território como uma nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o
princípio defendido de “Uma Só China“, que também encara Hong Kong como
território chinês.
Diante
da aproximação do governo taiwanês com os Estados Unidos, a China endureceu
sua retórica contra as reivindicações de independência da ilha
autônoma no ano passado.
Embora
não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos
países do mundo, os EUA são o mais importante financiador internacional e
principal fornecedor de armas da ilha, o que causa imenso desgosto a Beijing,
que tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação.
Jatos
militares chineses passaram a realizar
exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan, e agora
habitualmente invadem o espaço aéreo da ilha, deixando claro que a China não
aceitará a independência do território “sem
uma guerra”.
O embate,
porém, pode não terminar em confronto
militar, e sim em um bloqueio total da ilha. É o que apontaram relatórios
produzidos pelos EUA e por Taiwan em junho, de acordo com o site
norte-americano Business
Insider.
O
documento, lançado pelo governo taiwanês no ano passado, pontua que Beijing não
teria capacidade de lançar uma invasão em grande escala contra a ilha. “Uma
invasão provavelmente sobrecarregaria as forças armadas chinesas”, concordou o
relatório do Pentágono.
Caso ocorresse, a escalada militar criaria um “risco político e militar significativo” para Beijing. Ainda assim, ambos os documentos reconhecem que a China é capaz de bloquear Taiwan com cortes dos tráfegos aéreo e naval e das redes de informação. O bloqueio sufocaria a ilha, criando uma reação internacional semelhante àquela que seria causada por uma eventual ação militar.
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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