Da Redação
Os
(as) trabalhadores (as) em Educação permanecem realizando aulas remotas e
trabalhando arduamente. A APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação vem
acompanhando e 95% das escolas não estão funcionando. Com a grande adesão da
categoria ao movimento, o coordenador-geral da APLB, Rui Oliveira, reforça a
necessidade dos profissionais em Educação de permanecer firmes na luta. “Vamos
continuar unidos, dialogando com a população, pais, mães, estudantes, enfim
toda a comunidade escolar, esclarecendo sobre os riscos e denunciando qualquer
tipo de assédio ou intimidação para o retorno presencial. Vamos seguir o
exemplo do Colegiado Escolar de Seabra e nos unir cada vez mais nessa luta em
defesa da vida”, pontuou Rui.
A
APLB-Sindicato segue lutando pela vida e pelo ensino remoto de qualidade, única
maneira possível no momento para a manutenção das aulas de maneira segura, já
que os profissionais em Educação ainda não estão todos imunizados.
A
APLB divulga abaixo Carta Conjunta do Colegiado Escolar de Seabra que decidiram
coletivamente não retornar às aulas presenciais no regime híbrido para
conhecimento e ampla divulgação:
CARTA
CONJUNTA DE COLEGIADOS ESCOLARES DE SEABRA SOBRE O REGIME HÍBRIDO DE AULAS E OS
PROTOCOLOS SANITÁRIOS
Os
colegiados escolares das escolas estaduais de Seabra (Colégio Estadual de
Seabra, do C. E. Professora Ivanda Miranda de Souza, do CEEP em Gestão e
Negócio Letice Oliveira Maciel e do C. E. Filinto Justiniano Bastos de Seabra)
vem por meio desta carta afirmar a decisão coletiva de apoiar o não retorno às
aulas presenciais, no contexto do regime híbrido.
Inicialmente,
é importante destacar que a pandemia de Covid-19 continua descontrolada no
Brasil. Infelizmente, vivemos em uma sociedade que considera “queda” no número
de casos uma média móvel de 1000 mortes diárias e dezenas de milhares de
contaminações diárias. Esse cenário pode se tornar ainda mais grave com a
chegada da variante Delta em nosso país. Em documento interno divulgado no dia
30/07 o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA alertou que
esta variante é altamente contagiosa, com poder de transmissibilidade
comparável com a catapora e maior que todas as outras cepas da COVID-19.
Na
previsão de diversos especialistas estima-se que até setembro a variante Delta
seja responsável por cerca de 90% dos casos de Covid-19 na Europa. Nesta mesma
perspectiva pesquisadores apontam para a possibilidade de novas ondas em
diversos países, inclusive no Brasil. O alerta realizado pelo CDC pontua que a
variante representa um grande risco, sobretudo para pessoas que não estão
devidamente imunizadas. O risco de desenvolver casos graves da doença pela
variante Delta cai consideravelmente caso o ciclo de imunização tenha se
completado (duas doses ou dose única).
No
caso do Estado da Bahia, a vacinação para profissionais da educação da rede
estadual só foi priorizada após uma solicitação da própria Secretaria de Saúde
(SESAB) que indicou a necessidade inegociável de que a categoria estivesse com
o protocolo vacinal completo para que o retorno às aulas presenciais fosse
possível. Entretanto, pelo fato desta decisão ter sido tomada tardiamente
sabemos que muitos destas e destes profissionais só terão acesso à segunda dose
em outubro. Caso o retorno às aulas presenciais ocorresse, de fato, neste momento
estaríamos expondo toda a comunidade escolar e suas famílias, já que nem
profissionais da educação, nem estudantes estão devidamente imunizados. Um
cenário extremamente propício para contaminações através da variante Delta, por
exemplo.
Além
da situação preocupante relacionada ao controle de casos e óbitos e o
surgimento de novas variantes da Covid-19 os protocolos de biossegurança
disponibilizados pela Secretaria de Educação também são extremamente falhos.
Através de uma avaliação detalhada realizada pelos Colegiados Escolares que
assinam esta carta foi possível constatar que os protocolos apresentados são
defasados e insuficientes para lidar com a pandemia de coronavírus e a
especificidade da rotina escolar.
Através
deste documento a SEC responsabiliza profissionais da educação pelo
monitoramento de casos de covid-19 desconsiderando que não possuem treinamento
na área de saúde, nem contam com a presença de profissionais de saúde nas
escolas e não tiveram, por parte da própria Secretaria a garantia de testagem
periódica para um acompanhamento efetivo de casos.
Ao
responsabilizar profissionais da educação pelo cumprimento dos protocolos
sanitários cria-se um acúmulo de trabalho sobre equipes já reduzidas e
sobrecarregadas que gerará prejuízos incalculáveis. Sem pessoal suficiente para
realizar o monitoramento do protocolo à risca, a tendência é que ocorra um
aumento de casos de covid-19 nas escolas, como já tem ocorrido desde a semana
passada. Vale lembrar que além de professoras e professores há um quantitativo
grande de funcionárias e funcionários, como merendeiras, auxiliares de serviços
gerais e vigias que são do grupo de risco para Covid-19 e possuem comorbidades,
devendo, portanto, priorizar o seu afastamento das atividades presenciais e
manutenção do trabalho remoto.
Reforçamos
que no campo pedagógico esse retorno açodado e mal planejado irá se configurar
em claro prejuízo na aprendizagem dos estudantes. Ao transformar professoras e
professores em fiscais de protocolo reduz-se ainda mais o escasso tempo
dedicado às aulas e ao planejamento pedagógico. Outro ponto: o método de
rodízio proposto para atender ao regime híbrido (tempo casa e tempo escola) tem
pelo menos dois problemas. Um de ordem pedagógica e outro de ordem trabalhista.
O
primeiro consiste basicamente na excessiva responsabilização do estudante sobre
seus estudos, pois o mesmo terá que repor o conteúdo de uma ou mais aulas
perdidas em casa. Isso consiste em prejuízo por que professoras e professores
não irão repor a aula, como foi proposto dentro do esquema de rodízio. Na
prática, não iremos dispor de tempo suficiente, nem recurso para garantir a
eficácia do aprendizado no tempo-casa. A carga horária cumprida por professoras
e professores, somada ao monitoramento dos protocolos de biossegurança, esgota
todo o seu tempo de hora-aula. E o período de planejamento do qual dispõem
estas e estes profissionais não é suficiente para que possam, com qualidade,
planejar uma orientação para o tempo casa e tempo escola.
Sendo
assim, por conta de um protocolo insuficientemente seguro para proteger a
comunidade escolar diante da variante Delta e do descontrole da pandemia no
Brasil, o descuido no que tange a dimensão pedagógica – fruto da pressa em
cumprir uma decisão autocrática do governador, os Colegiados Escolares que
assinam esta carta deliberaram pelo não retorno às aulas presenciais.
Solicitamos também que seja realizada reunião entre estes Colegiados e a
diretora do NTE-03 Aline Lopes, no sentido de discutir democraticamente o
protocolo de educação e as condições para o Ensino Híbrido, encaminhando, com
isso, as discussões para as outras instâncias da Secretaria de Educação, no
sentido de fortalecer a democracia na gestão da educação baiana.
Seabra, 04 de
Agosto de 2021
ASSINAM ESTA CARTA
Colegiado do
Colégio Estadual de Seabra (CES);
Colegiado do C. E.
Filinto Justiniano Bastos;
Colegiado do CEEP
em Gestão e Negócio Letice Oliveira Maciel;
Colegiado do C. E.
Professora Ivanda Miranda de Souza (CEPIMS);
Com informações da APL Sindicato
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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