Mina em Chuquicamata,
Chile: China importa cerca de 60% do minério de cobre latino-americano (Foto:
Reinhard Jahn/Wikimedia Commons)
Da Redação
A
América Latina tornou-se parte fundamental do projeto de expansão da influência
global chinesa. A região, antes tida como “quintal dos Estados Unidos”,
estreita cada vez mais seus laços com Beijing, segundo a Radio
Free Asia. Setores como mineração e produção e distribuição de energia
elétrica têm crescente investimento chinês, em projetos pouco transparentes que
geram renda e, invariavelmente, um gigantesco impacto ambiental. As informações são do site de notícias A Referência.
Um
relatório de Evan Ellis, professor de pesquisa de Estudos Latino-Americanos do
Instituto de Estudos Estratégicos do Exército dos Estados Unidos, retrata como
a pandemia de Covid-19 ajudou a acelerar a influência chinesa no continente.
“A Covid-19 causou
contratempos econômicos em vários desses países [da América do Sul], de modo
que agora é mais provável que eles concordem com alguns projetos chineses que
eles teriam rejeitado no passado”, analisa Ellis.
A
China tem importado cerca de 75% do minério de ferro comercializado no mundo e
cerca de 60% de seu minério de cobre de países latino-americanos.
Os
países latino-americanos aderiram ao projeto
chinês “Nova Rota da Seda” (Belt and Road Iniciative, da sigla em
inglês BRI), iniciativa lançada pelo governo Xi Jinping em 2015 que financia
projetos de infraestrutura no exterior em quase 70 países.
Nos últimos 20 anos, o
comércio bilateral cresceu 25 vezes, de US$ 12 bilhões em 1999 para US$ 306
bilhões em 2018, colocando a China como o segundo maior parceiro comercial da
América Latina, atrás dos Estados Unidos.
BRI
em 18 países latinos
Para
David Dollar, membro da U.S. Brookings Institution, a BRI é um assunto
controverso no Ocidente por causa da falta de transparência. Ele aponta que há
dificuldade em obter informações confiáveis sobre as finanças da iniciativa,
bem como sobre projetos específicos e seus termos.
De
acordo com o Conselho do Atlântico com sede nos EUA, o Panamá, em novembro de 2017,
tornou-se o primeiro país latino-americano a endossar oficialmente a BRI, cinco
meses após ter trocado os laços diplomáticos de Taiwan pelos da China.
Nos
próximos dois anos, 18 dos 33 países da região adeririam à BRI. As exceções são
gigantes: Brasil,
Argentina, Colômbia e México – as quatro maiores economias da região,
responsáveis por quase 70% de seu PIB – seguiram de perto a iniciativa, mas não
assinaram. Há expectativa de que isso mude.
Baixo
risco
Apesar
da aparente falta de ganhos imediatos associados à BRI e dos possíveis
confrontos diplomáticos com os Estados Unidos, a maioria dos países da América
Latina e do Caribe parece ter respondido de forma neutra ou favorável à iniciativa.
Muitos
consideram que os empréstimos chineses por si só são insuficientes para
desencadear problemas de dívida sistêmica na maioria das economias
latino-americanas. E, para muitos na América Latina, a BRI parece ser uma
aposta de baixo risco para um maior crescimento econômico e cooperação
internacional.
Impacto
ambiental e indígenas
A
alta concentração da atividade chinesa nos setores agrícolas da América Latina
tem aumentado consideravelmente a demanda em relação aos sistemas de
abastecimento de água e aumentado o desmatamento e as emissões de gases de
efeito estufa, de acordo com um estudo de 2015 coordenado pelo Instituto de
Governança Econômica Global da Universidade de Boston.
Alguns
projetos, como centrais hidrelétricas, provocaram protestos de grupos indígenas
em vários países da América Latina.
Armas
Os
latinos também se tornaram bons clientes de armamentos. Nos últimos anos, os
países negociaram com a China artilharia autopropulsada, veículos blindados,
lança-foguetes, helicópteros e aviões de combate.
Os
chineses começaram a vender armas para a Bolívia, que antes havia recebido
doações chinesas de rifles e armas antiaéreas, e para o Equador – sob uma
política que parecia destinada a apoiar a Venezuela e outros regimes
socialistas ou populistas de esquerda, que se uniram em uma “Aliança
Bolivariana das Américas” de oito nações anti-EUA.
Mas,
nos últimos anos, as vendas de armas da China se expandiram não apenas nessas
três nações, mas também por todo o continente.
Enquanto
nas décadas anteriores os EUA eram um grande fornecedor de armas para regimes
militares na América Latina, a China tem agora a vantagem de oferecer preços
baixos para armas com poucos compromissos. Hoje, os EUA estão proibidos por lei
de vender armas para vários países da América Latina, incluindo a Venezuela.
Eletricidade
Os
chineses também têm encaminhada uma proposta para dominar a “conectividade
elétrica” na América Latina, um assunto coberto por Evan Ellis e publicado
recentemente no site da Fundação Jamestown, sediada nos Estados Unidos.
O
artigo de Ellis, publicado em 21 de maio, mostra como as empresas chinesas se
envolveram na geração, transmissão e distribuição de eletricidade em toda a
região, expandindo sua posição em atividades-chave para a “conectividade” das
economias latino-americanas.
Essa
abordagem também se estende à construção e operação de portos, estradas,
ferrovias, telecomunicações, comércio eletrônico e outras infraestruturas.
Mas
nem tudo tem funcionado como planejado. Uma ferrovia transcontinental apoiada
pela China, destinada a ligar o Brasil, na costa atlântica, ao Peru, na costa
do Pacífico, desencadeou críticas porque não levou em conta as preocupações
ambientais. Ela passaria por ecossistemas sensíveis na região amazônica.
Para
ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com
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