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Filme DUPLO ESTIGMA

Roteiro de Hertz Félix
Direção e Proponente do Projeto: Mikael Andrade Matos
Elenco: Hertz Félix e Edvaldo Franciolli.

Partindo de pesquisas de que os estudos têm mostrado que o idoso com orientação homossexual tende a ser alvo de duplo estigma, o de ser idoso e o de ser homossexual, principalmente aqueles que viveram o drama da explosão da AIDS no Brasil, na época denominada como “peste gay”, período em que muitos homossexuais tiveram suas vidas ceifadas pelo vírus e pela violência física praticada por homofóbicos, agora em razão da pandemia do Coronavírus, voltam ao estigma do isolamento por ser idoso e fazer parte do grupo de risco.

O filme apresenta em sua narrativa estes dois estigmas, através dos personagens CLÓVIS e Daniel, e depoimentos dos entrevistados GERALDO PONTES e HUGO ANARVATO que se queixam e questionam situações por eles vividas nestas duas etapas cruciais, visto que envelhecer, para a população homossexual, pode ser mais pesado devido a um duplo estigma: além dos muitos enfrentamentos que homens e mulheres têm no espaço social, eles ainda sofrem com a rejeição dentro do grupo. Ou seja, gays e lésbicas idosos, frequentemente, são desprezados ou ignorados por seus pares mais jovens.

Há um contingente de homossexuais brasileiros que, ao longo da vida, são discriminados gays . Ao passarem dos sessenta anos, uma nova violência é acrescida a esse cotidiano brutal: passam a sofrer preconceito por terem chegado à maturidade. Ao contrário de uma conquista, ser idoso se torna instrumento de uma dupla discriminação. Longe de ser uma mazela exclusiva do Brasil, o ageísmo – somado ao capacitismo, sexismo e racismo – é um fenômeno social pouco discutido no mundo.

A população LGBTQIA+ – que já soma mais de 3,1 milhões de brasileiros 60+ – vivencia a volta para o armário. Sim, eles têm que esconder que são gays! Depois de lutarem arduamente por direitos e serem aceitos na sociedade, ao envelhecer, esses indivíduos precisam se calar, pois há residenciais que não os aceitam, famílias que os abandonam e serviços públicos que não os entendem.

O silêncio sobre a própria identidade é uma condição para serem aceitos e terem uma velhice minimamente digna! É alarmante ver que o preconceito etário só aumenta. A pandemia da Covid-19 evidenciou a violência etária, já que colocou um holofote sobre os idosos – que passaram a ser considerados como um grupo de risco do coronavírus.

Os discursos "velhofóbicos" têm se generalizado nas manchetes dos jornais, nos memes do WhatsApp e discursos de famosos. O surto de ageísmo durante a pandemia acentua a divisão entre jovens e velhos à medida que os com menos idade colocam a culpa nos maduros pela oneração dos planos de saúde e pela falta de recursos para o atendimento e tratamento aos mais novos. A tensão gerada pelo preconceito, que já existia antes da pandemia, tem um impacto extremamente negativo na saúde mental dos maduros. Dados compilados na Pesquisa dos Valores Mundiais – realizada pela Organização Mundial de Saúde, em 2018, com 83 mil pessoas em 57 países – apontam que 6 em cada 10 pessoas têm opiniões negativas em relação à velhice. Ou seja, os mais velhos são frequentemente considerados menos competentes e capazes que os mais jovens; há uma clara associação dos longevos a um fardo para a sociedade e para as famílias. Poucos são os indivíduos que valorizam os idosos por sua sabedoria e experiência.

Como sociedade, e diante do telhado branco do mundo, temos que discutir, claramente, o preconceito duplo e absurdo; devemos escrever e pesquisar sobre os estigmas e tabus associados ao envelhecimento. O ageísmo compreende, também, o pânico de envelhecer – algo que está extremamente arraigado na cultura brasileira e que faz com que os próprios maduros sejam preconceituosos em relação à velhice.

Quando o etarismo é internalizado e normatizado pelos próprios maduros, esses passam a aceitar como natural serem tratados de forma desrespeitosa, paternalista, compassiva ou falsamente positiva. Eles aceitam o tratamento recebido pelas leis, instituições sociais, pelos serviços públicos e privados, meios simbólicos e pelas redes sociais. Está na hora de darmos um basta e construirmos, juntos, uma nova narrativa para o envelhecer. Afinal, se tudo der certo, todos chegaremos à maturidade!

Texto de Hertz Félix


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