Foto reprodução Internet/Google
Da Redação
Prof. Taciano Medrado
A tensão no cenário externo e a pressão
inflacionária da carne e do dólar não impediram o Comitê de Política Monetária
(Copom) de dar continuidade ao ciclo de queda dos juros no Brasil. Na tarde
desta quarta-feira (5), após o término da primeira reunião em 2020, o órgão do Banco Central (BC) decidiu baixar a
taxa básica de juros, a Selic, de 4,5% para 4,25% ao ano. Com a quinta redução
consecutiva, o indicador renovou o menor patamar da história do país.
A decisão converge com as expectativas do mercado financeiro. Na última edição
do relatório Focus, divulgada na segunda (3), analistas já estimavam a Selic a
4,25% para 2020. No entanto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
fechou 2019 em 4,31%, acima do centro da meta (4,25%). Além disso, os problemas
internacionais na largada de 2020, como o conflito entre Irã e Estados Unidos e a epidemia de
coronavírus na China, aumentaram a tensão nos mercados.
Alguns especialistas chegaram a recomendar a manutenção em 4,5%
Para o professor de economia do Insper
Fernando Leite Neto, o BC sinaliza, com o novo corte, que a aceleração da inflação e a alta
no dólar nos últimos meses foram eventos pontuais. Sendo assim, segue a
perspectiva de IPCA controlado, na faixa de 3,4% neste ano. Além disso, Neto
acredita que as incertezas geopolíticas vêm diminuindo gradativamente, o que
pode ter contribuído para o Copom firmar posição a favor da redução.
- A economia brasileira ainda com altíssima
ociosidade pesou a favor da queda. Temos uma indústria com baixo uso da
capacidade instalada e um mercado de trabalho com muita mão de obra ociosa.
Então, você ainda pode aquecer a atividade econômica sem pressionar o lado da
oferta - avalia Neto.
Iniciada em julho de 2019, quando a Selic recuou de 6,5% para 6% ao ano,
a diretriz de cortes consecutivos ainda é pouco sentida na economia, na
avaliação do economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Ele destaca que
os efeitos da política monetária costumam aparecer entre seis e nove meses após
sua implementação.
- O estímulo já foi dado, mas ainda não vimos ele
funcionando. Recém agora que se começaria a sentir os efeitos do corte de
julho. Seria hora de parar e observar - aponta Vieira.
Em comunicado, o Copom descartou novas
alterações para baixo na Selic. Com isso, o corte anunciado nesta quinta-feira
foi o último deste ciclo. Com a perspectiva de aceleração e crescimento de 2,3%
do Produto
Interno Bruto (PIB) neste ano, Vieira reforça que não há espaço para mais
reduções além dos 4,25%. O próprio mercado, através do relatório Focus, estima
que em 2021 o juro básico deve voltar a subir, chegando a 6% ao ano.
Fonte: Banco Central
Aviso: Os
comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do
Blog do professor Taciano Medrado. É vetada a postagem de conteúdos que violem
a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os
critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário