Foto reprodução internet/Google
Da Redação
Prof. Taciano Medrado
O nome da Major Denice Santiago ainda
não está cravado como a aposta do PT para a prefeitura de Salvador, porém é
tratado como uma realidade para os mais próximos ao governador Rui Costa. Ele
conseguiu tirar um coelho da cartola ao costurar a apresentação da responsável
pela Ronda Maria da Penha como o nome petista – ainda que formalmente Denice
não seja filiada ao partido. Até aqui, é a aposta mais alta na corrida
eleitoral da capital baiana em 2020. Rui fez a sua própria “outsider” para
testar um elemento surpresa na disputa pelo Palácio Thomé de Souza.
A major é um nome que reúne os
requisitos considerados ideais para o debate proposto pela esquerda em
Salvador. É uma mulher, é negra e teve origem na periferia da capital baiana.
Ainda possui uma carreira na Polícia Militar com grande relevância e impacto
social, especialmente depois de assumir o comando da Ronda Maria da Penha. É um
nome leve, desconhecido e ainda conseguiria penetrar em setores cuja esquerda
tradicional sofreria resistência, uma classe média mais politizada e que
reconhece as ações de combate à violência contra as mulheres.
Porém nem tudo são flores. Ao trazer
uma figura de fora do PT, há o risco de não engajar a militância com a mesma
facilidade de um petista “puro sangue”. Foi uma crítica recorrente quando o
então possível candidato Guilherme Bellintani ainda estava no circuito. Para o
petismo clássico, não era tão fácil deglutir alguém chegar de fora e querer
sentar na janela. Com Denice, o argumento não estaria eliminado, apesar de ser
muito mais fácil atrelá-la a pautas defendidas pelo partido – sem o ônus do
nascimento político no grupo adversário, como seria o caso de Bellintani.
É preocupante, todavia, um dos
argumentos que teria levado a elevação de Denice à condição de candidata.
Segundo informações de bastidores, a informação errada de que a major seria a
criadora da Lei Maria da Penha, que teria sido observada em uma pesquisa
qualitativa, estaria incutida na mente de cerca de 30% da população
soteropolitana. Usar a desinformação a favor de uma candidatura é algo que
merece ojeriza, principalmente da esquerda, que acusa os adversários de fazê-lo
com frequência, especialmente quando o presidente Jair Bolsonaro é o atacado da
vez.
A comandante da Ronda Maria da Penha
ainda não deu o aval definitivo para a candidatura. Apesar de parecer que ela
não tem nada a perder, o estômago para enfrentar uma campanha eleitoral é algo
que falta até mesmo para políticos profissionais. Para quem combater a
violência contra a mulher se tornou uma realidade diária, Denice pode tirar de
letra o ringue que se torna uma disputa por votos. Estaria ela disposta a
brigar em um terreno desconhecido?
Fonte : Este texto integra o comentário desta
quinta-feira (30) para a RBN Digital, veiculado às
7h e às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Valença FM e Alternativa FM
de Nazaré.
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