Da
Redação
Prof.
Taciano Medrado
Em visita oficial ao Qatar nesta
segunda-feira (28), o presidente Jair Bolsonaro comentou sobre as manifestações
de vitória de Alberto Fernandéz, recém-eleito presidente da Argentina. "É
um afronto [sic] à democracia brasileira e ao sistema judiciário
brasileiro. Ele está afrontando o Brasil de graça", afirmou Bolsonaro
sobre o gesto de Fernandéz em apoio ao movimento Lula Livre.
O presidente brasileiro, que não quis
enviar cumprimentos a Fernandéz, diz que irá aguardar os próximos passos do
novo governo argentino para então, se necessário, "tomar alguma decisão em
defesa do Brasil". O gesto de apoio de Fernandéz ao
movimento Lula Livre desagradou Bolsonaro, que afirmou que foi
informado que "muita gente do PT estaria lá na Argentina para comemorar a
vitória dele [Fernandéz]"
Lula (2003-2010) e Dilma
Rousseff (2011-2016), ambos do PT, governaram o Brasil no mesmo
período em que Néstor Kirchner (2003-2007) e
Cristina Kirchner (2007-2015) presidiram a Argentina. Todos
de esquerda, eles tiveram uma relação próxima durante seus mandatos.
Cristina foi eleita vice-presidente neste domingo (28). Mais cedo,
Bolsonaro havia descartado a possibilidade de o Brasil deixar o
Mercosul, como havia cogitado anteriormente. Em vez disso, falou em
"afastar a Argentina" se a eleição do peronista afetar o acordo entre
os blocos.
Em julho, Fernández havia
dito que reveria o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, caso o
pacto gerasse desindustrialização para o país. Sobre a situação do bloco,
Bolsonaro se diz preocupado e receoso. "A Argentina, em grande parte, faz
comércio graças ao Brasil. Nós não queremos romper nada." A estratégia
será antecipar-se aos possíveis problemas e manter o diálogo. "Se houver
algo contundente, nós buscaremos conversar com a Argentina para de fato saber
qual é a posição deles. Não vamos fechar as portas", afirmou.
Segundo Bolsonaro, a vitória do
opositor se deve ao fato de que reformas feitas por Macri não terem dado os
resultados esperados. "Agora, a Argentina colocou no poder quem colocou a
Argentina no buraco lá atrás", disse. A Argentina vive uma crise
econômica, com inflação e dólar altos, aumento do desemprego e da pobreza. Após
a eleição, o Banco Central anunciou um limite para a compra de dólares, de US$
200 por mês, como forma de tentar segurar a cotação da moeda.
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