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Embora haja pelo meio a disputa pelas
Prefeituras, a discussão sobre a sucessão estadual de 2022 já começou entre as
principais forças do governo, ameaçando colocar em campos opostos quem antes
era visto como unha e carne.
A composição da chapa, que da próxima vez terá
três vagas – ao governo, à vice e a uma posição no Senado – estaria por trás da
discórdia que aliados já começam a identificar em passos e declarações que o
governador Rui Costa e o senador Jaques Wagner, principais lideranças petistas
do Estado, passaram a dar nas últimas semanas, bem como das especulações sobre
o risco de estarem, pela primeira vez, se desentendendo.
Articuladores de ambos garantem que Wagner e
Rui pensam de forma diferente com relação à estratégia a adotar para as
próximas eleições estaduais, o que pode fazer ruir todo o castelo que
construíram até agora, responsável pela hegemonia política do PT na Bahia por
13 anos, criando as condições para que a oposição, liderada pelo prefeito de
Salvador, ACM Neto (DEM), assuma finalmente o controle do Palácio de Ondina.
Segundo aliados do petismo, o senador não tem gostado de ver os movimentos de
Rui no sentido de que pode deixar o governo antes do tempo para concorrer a um
cargo majoritário – à Presidência da República ou ao Senado.
Reservadamente, Wagner, considerado o principal
estrategista político do grupo e apontado como o principal responsável por o
petismo ter chegado aonde chegou, inclusive pela eleição de Rui ao governo,
pela primeira vez, em 2014, defende que o petista leve até o fim seu mandato no
governo do Estado, mantendo as forças políticas que hoje dão sustentação à sua
administração unidas e coesas. Por este princípio, o senador concorreria ele
próprio ao governo em 2022, mantendo na chapa o PP e o PSD, depois do PT, principais
partidos da base, que controlam as mesmas posições hoje.
Rui, no entanto, não estaria confortável com a
idéia de ficar sem mandato pelos próximos quatro anos em benefício da harmonia
e entendimento do grupo que lideram, o que tem levado alguns a acusá-lo de
egoísmo. “Rui é o político mais egoísta que a Bahia produziu nos últimos anos.
Aliás, não é o único, mas podemos dizer que é o mais importante, o que pode
produzir sua própria derrota”, diz um conhecido aliado de Wagner no PT,
temeroso de que, pela primeira vez, em 16 anos, a serem completados em 2022, o
PT fique fora do poder na Bahia.
Segundo sua avaliação, que ele garante ser
compartilhada no círculo político íntimo do senador, Rui ensaia a candidatura à
Presidência, mesmo sabendo que não há como remover a postulação do paulista
petista Fernando Haddad em 2022, para construir uma marola que torne triunfal
sua renúncia ao mandato para concorrer ao Senado sob um arranjo político que dê
um mandato-tampão ao vice-governador, João Leão (PP), e crie as condições para
que o hoje senador Otto Alencar (PSD) se viabilize como candidato ao governo
pelo grupo daqui a três anos.
Mas, além de a estratégia poder vir a
desagregar todo o grupo, lançando ao primeiro plano disputas e interesses
contrariados que estariam hoje muito bem administrados pelo formato atual do
consórcio que controla as principais posições do governo estadual na Bahia,
esconderia, de acordo com a mesma fonte, um plano maquiavélico do governador:
levar à derrota o próprio Otto, que muitos acreditam não ter força eleitoral
para poder ganhar as eleições, tudo indica, para o prefeito de Salvador, ainda
mais sob uma base que tenderá à plena desagregação.
A solução para que não se corra riscos, na
avaliação dele, seria o grupo marchar unido com a candidatura de Wagner, único
capaz de impedir que tanto Otto quanto Leão ensaiem dissidências no grupo para
concorrer ao governo. Em sua avaliação, o senador não estaria disposto a
assistir de camarote e impassível à montagem do plano que o governador teria
concebido para a própria sucessão. Estaria aí, em sua avaliação, a explicação
para o movimento que o senador desenvolve no sentido de conquistar o controle
da máquina petista no Estado, com o que nunca trabalhou nem quando foi
governador do Estado.
O candidato de Wagner à presidência do partido
é um assessor dele, Eden Valadares, que tem feito um esforço hercúleo de
articulação para se viabilizar, junto a diversas correntes petistas, muitas
incomunicáveis entre si, para tentar levar o comando da legenda, considerada
fundamental no jogo que será estabelecido daqui a três anos para as
articulações com vistas à sucessão estadual no âmbito do governo.
Fonte: Politica Livre
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