O
ex-presidente do Peru Alberto Fujimori,
que governou o país durante uma década, morreu nesta quarta-feira (11) aos 86
anos. A morte foi confirmada pela filha dele, Keiko Fujimori.
"Após uma longa batalha contra o câncer, nosso pai, Alberto Fujimori, acaba de partir para o encontro com o Senhor. Pedimos àqueles que o estimaram que nos acompanhem com uma oração pelo descanso eterno de sua alma. Obrigado por tudo, papai", disse a filha em comunicado assinado pelos quatro filhos do ex-presidente.
O velório
dele está marcado para começar às 11h desta quinta-feira (12), no Museu da
Nação, em Lima. Segundo a filha, o enterro vai ocorrer no sábado (14), quando o
corpo de Alberto Fujimori será levado para o cemitério Campo Fé, em Huachipa,
também em Lima.
Fujimori,
que foi preso duas vezes por crimes contra a humanidade, deu um autogolpe e
fugiu do país após acusações de corrupção e até de mentir sobre sua
nacionalidade, estava internado em Lima em estado grave. Leia
mais sobre quem foi Alberto Fujimori.
Em
maio, Fujimori revelou que havia sido detectado um tumor maligno na língua. Em
2018, Fujimori disse também que tinha um tumor no pulmão. Além dos cânceres, o
ex-presidente sofria de doenças como hipertensão crônica, gastrite, lombalgia
crônica, artrose lombar e, recentemente, sofreu uma fratura no quadril. Ele
deixa quatro filhos e cinco netos.
Horas
antes da confirmação da morte, o médico pessoal do ex-presidente, Alejandro
Aguinaga, disse a repórteres que Fujimori estava “lutando pela vida” e pediu
que respeitassem a privacidade da família. Segundo informações, o político se
encontrava em uma "situação delicada" de saúde há uma semana.
A
morte ocorreu na casa da filha, Keiko, no bairro de San Borja, em Lima, onde
ele recebia tratamento médico constante. Fujimori foi morar no local após ter
saído da cadeia, em dezembro de 2023. Diversos familiares do ex-presidente
visitaram a casa nesta quarta.
Segundo
a mídia local, o Governo peruano prestará honras de Estado a Fujimori,
"seguindo estritamente os protocolos estabelecidos pela chancelaria".
A
última vez que Fujimori foi visto publicamente foi em 4 de setembro, saindo de
cadeira de rodas de um hospital privado. Na oportunidade, ele foi questionado
por jornalistas se disputaria a eleição em 2026, conforme planejava. Sorrindo,
Fujimori disse: "Vamos ver, vamos ver."
Em
comunicado oficial, o Governo do Peru lamentou a morte de Fujimori e desejou
condolências à família. "A Presidência da República lamenta o sensível
falecimento do ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori. Nossas sinceras
condolências à família, a quem acompanhamos em sua profunda dor. Que Deus o
tenha em Sua glória e que descanse em paz", disse o comunicado.
Um
dos líderes mais polêmicos da história recente da América Latina, Fujimori
governou o Peru entre 1990, quando derrotou Mario Vargas Llosa nas urnas, e
2000. No início do governo, impressionou apoiadores e críticos por ter
controlado a hiperinflação do país e pela luta contra a criminalidade. Mas logo
surgiram denúncias de que ele ordenou massacres como parte de sua política de
combate ao crime organizado, além de violações graves de direitos humanos,
seguidas de suspeita de corrupção.
Apenas
dois anos depois de chegar ao poder, em 1992, Fujimori aplicou um autogolpe,
fechando o Congresso. Nos anos seguintes, foram emergindo denúncias de
violações dos direitos humanos, abuso de poder, corrupção e até de que ele
teria mentido à população sobre sua nacionalidade — a oposição afirmou que ele,
na verdade, nasceu no Japão, mas adulterou sua certidão de nascimento para
poder concorrer à presidência no Peru.
Diante
da chuva de denúncias, o ex-presidente deixou o país em segredo. Ele fugiu para
o Japão, onde seus pais nasceram, e, de lá, enviou um fax com um pedido de
renúncia. Ficou em autoexilio por sete anos, mas foi preso durante uma
visita ao Chile e extraditado de volta ao Peru. Em 2009, foi condenado pela
morte de 25 civis durante dois massacres executados pelo Exército peruano.
Após
um julgamento que parou o Peru, o ex-presidente foi preso, mas, em
dezembro de 2023, teve a condenação revogada. Ele havia sido solto em 2017
por uma concessão de perdão por parte do governo, mas a Corte Interamericana de
Justiça revogou o perdão, e ele voltou a ser preso. No ano passado, porém, o
Tribunal Constitucional deu decisão favorável a um habeas corpus, e ele deixou
o presídio em que estava, em Lima. Fujimori cumpria pena de 25 anos de prisão.
Neste
ano, ele chegou a anunciar que planejava voltar a concorrer às eleições do
país. Sua filha, Keiko Fujimori, também se candidatou três vezes à presidência,
mas perdeu em todas elas. A última foi em 2021, quando foi derrotada pelo
esquerdista Pedro Castillo.
Keiko
também já foi presa, de forma preventiva, como parte de uma investigação por
suspeita de corrupção envolvendo a brasileira Odebrecht. Ela nega as acusações,
mas foi proibida de deixar o país.
G1 - Mundo
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