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Da: Redação
Prof.
Taciano Medrado
Um teste de rastreamento de Covid-19 por meio da saliva humana está
sendo incorporada à rotina de trabalho do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Botucatu (HCFMB), no interior de São Paulo, para evitar surtos da
doença no local. O teste ajuda a identificar pacientes assintomáticos e, se
aplicado de forma periódica, tem potencial para agilizar o retorno seguro às
atividades presenciais.
A nova metodologia, realizada em parceria com a Universidade Estadual
Paulista (Unesp), já foi usada por algumas unidades da universidade e está
sendo integrada ao plano de retomada das atividades presenciais da Unesp. De
acordo com a universidades, o teste de rastreamento está baseado em estudos
científicos internacionais que apontaram a saliva como material biológico de
alta sensibilidade para indicar a presença do novo coronavírus e atestaram que
as glândulas salivares também possuem o receptor para o Sars-CoV-2, vírus
causador da Covid-19, segundo a Agência Brasil.
A partir destes achados científicos, publicados em periódicos de alto
impacto como a revista The Lancet, uma equipe de professores da Unesp que
trabalham no Hospital das Clínicas de Botucatu concebeu um teste de
rastreamento para pacientes assintomáticos chamado por ora de pool de saliva,
que consiste em coletar salivas de 8 a 15 pessoas aparentemente saudáveis, em
frascos individuais, para identificar a presença do novo coronavírus.
O método de análise das amostras é o PCR-RT, já amplamente utilizado. A
diferença é que o hospital está fazendo o teste através da saliva. “O método de
detecção do coronavírus é o PCR-RT que é considerado a melhor escolha para
diagnóstico, quando feito através de swab orofaríngeo. Para o rastreamento,
estamos fazendo então o mesmo PCR-RT mas em saliva, através de pools de 15
pessoas. Quando o pool é negativo, todos são considerados negativos. Se um pool
é positivo, o exame é repetido individualmente nessas 15 pessoas de um pool, e
encontrado o indivíduo positivo. Essa pessoa será consultada e será colhido o
swab orofaríngeo, que é o método diagnóstico”, explica a Diretora de
Assistência do HCFMB, a médica Erika Ortolan.
Na opinião da médica, o teste tem potencial para ser comercializado.
“Com o uso da saliva, que trouxe possibilidade de realizar em massa, pois é uma
coleta simples, realizada pela própria pessoa, e com o processamento em pool,
há uma economia de reagentes”.
A análise é feita por grupos, o que amplia a escala da testagem. Se
todos derem negativo para o vírus, as pessoas ficam liberadas para trabalhar até
o próximo teste. Se houver identificação do Sars-CoV-2 em algum dos grupos que
se submeteram ao teste de rastreamento, todas as salivas daquele grupo passarão
por teste complementar para descobrir quem está infectado. Identificada a
pessoa com a carga viral, ela é afastada do trabalho e seus colegas passam a
ser alvos de um monitoramento mais rigoroso nos dias seguintes ao resultado.
O teste é feito quinzenalmente no hospital, explica a diretora. “Nas
primeiras cinco semanas desse rastreamento, estamos fazendo quinzenalmente para
áreas covid [em que são tratados pacientes com a doença] e mensalmente para
áreas não covid [outras áreas do hospital como o administrativo]. Em setembro
iniciaremos semanal para áreas covid e quinzenalmente para áreas não covid”,
detalhou Erika.
A nova metodologia do pool de saliva foi apresentada à comunidade
científica internacional no mês passado pela Unesp, durante um webinar sobre
estratégias para impedir o surgimento de surtos da covid-19 em hospitais, que
contou com a participação do professor Carlos Magno Fortaleza, da Faculdade de
Medicina da Unesp e da comissão de controle de infecção hospitalar do Hospital
das Clínicas de Botucatu.
O teste foi padronizado no Laboratório de Biologia Molecular do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HC-FMB-Unesp), sob
responsabilidade da professora Rejane Grotto. Os primeiros a realizarem os
testes de rastreamento por pool de saliva foram os estudantes de internato da
Faculdade de Medicina da Unesp, que estão no 5º ano e 6º ano da graduação e
atuam dentro do hospital.
Para ler outras matérias acesse, www: professortacianomedrado.com
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