Em
artigo, cientista político Leonardo Barreto defende o uso dos recortes
estaduais das pesquisas presidenciais para se aproximar da real intenção de
voto
Em
artigo exclusivo para O Antagonista, o cientista político Leonardo
Barreto, diretor da Vector Research, defende o uso dos recortes estaduais
das pesquisas presidenciais para se aproximar da real intenção de voto do
eleitor. Ao calcular a média ponderada desses índices no segundo turno,
Barreto diz que Lula e Jair Bolsonaro “estão mais próximos do que o
registrado nas pesquisas nacionais, com possibilidade de o atual presidente já
estar na frente”.
Segundo
ele, o diagnóstico sugere que a abstenção terá papel fundamental no resultado
do dia 30.
Leia
a íntegra:
“As
empresas nacionais de pesquisa convergiram recentemente para um cenário de
empate técnico com uma ligeira vantagem de Lula sobre Jair Bolsonaro (52 x 48).
É sabido, no entanto, que houve muita dificuldade de captar o voto bolsonarista
no primeiro turno e o mesmo fenômeno pode se repetir no próximo domingo.
Levantamento
feito pela Vector Research, empresa de risco político localizada em
Brasília, listou as últimas pesquisas estaduais com perguntas para presidente
em 15 estados (ver tabela).
Os
dados sugerem que Lula e Bolsonaro estão mais próximos do que o registrado nas
pesquisas nacionais, com possibilidade de o atual presidente já estar na
frente. Na média ponderada, considerando o peso de cada estado sobre o total de
votos, Bolsonaro cresceu dez vezes mais do que Lula (7,81 x 0,78), dando força
à hipótese de que o estoque de votos petistas chegou perto o limite no primeiro
turno. O critério para a escolha do estudo é sempre o último relatório
divulgado, sem discriminação de autor.
A
questão, no entanto, é: o crescimento é o suficiente para uma virada? Os
resultados dos estados com pesquisa disponível foram agregados aos dos estados
sem pesquisa. Nesse caso, repetimos a votação do primeiro turno na simulação. O
placar passou a ser de 49,05 x 49,00. Empate absoluto.
Lembrando
que, nos 12 estados restantes onde não há pesquisa disponível, Bolsonaro e Lula
venceram em 6 cada um.
O
modelo acima tem limites óbvios. Mas não é de todo inútil, pois indica uma
valência muito positiva para Bolsonaro no quesito de transferência de votos.
Essa
situação reforça o diagnóstico de que a abstenção terá um papel central no
resultado, algo que nunca foi considerado como variável importante em todas as
eleições anteriores realizadas desde 1989. Ou seja, o eleitorado que
quiser mais, o mais mobilizado, com maior comparecimento, é o que deve ganhar a
eleição.”
*Leonardo
Barreto é doutor em Ciência Política (UnB) e diretor da Vector Research
Fonte: O Antagonista
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