O
ministro da Economia, Paulo Guedes, fala nesta quinta-feira (15), em
entrevista ao programa A Voz do Brasil, sobre a recuperação econômica
pós-pandemia, a geração de empregos no mercado formal e informal e o
posicionamento do Brasil no cenário econômico mundial.
Sobre
o desemprego, Paulo Guedes antecipou que o Brasil deve fechar 2022 com a taxa
de desemprego mais baixa dos últimos 15 anos - por volta de 8%. O ministro
disse ainda que outra marca histórica foi atingida em 2022: pela primeira vez,
o Brasil conta com 100 milhões de pessoas estão empregadas. “Todos os setores,
em todas as regiões, criaram empregos”, complementou.
Segundo
o ministro, o governo havia antecipado que os resultados apontados no início de
2022 estavam abaixo das expectativas e que o crescimento ocorreria. “Nós tínhamos
avisado que a política econômica brasileira de [seria de] reação - primeiro a
pandemia, mantendo reformas estruturais, preservando empregos, salvando vidas,
vacinando a população - que isso teria efeito. Nós caímos muito menos do que as
outras economias”, explicou.
“Diziam
que o Brasil cairia 10%. Na verdade, todos os países avançados acabaram caindo
mais do que o Brasil. A Inglaterra caiu 9,7%; a Itália caiu 8,7%; a França,
7,6%, a Alemanha, 5,6%; o Japão, 4,5% e o Brasil caiu 3,9%”, afirmou Guedes ao
defender a chamada “estratégia de retomada em V”, que significa um movimento
brusco e acentuado de declínio econômico seguido por um crescimento agudo e
igualmente veloz.
Paulo
Guedes afirmou que estimativas econômicas mais otimistas apontam para uma
inflação total de 6,5% ao ano em 2022. “O Brasil está crescendo mais rápido e a
inflação está sendo revista para baixo. Já se fala em 6,5%. Pela primeira vez,
teremos inflação mais baixa que Estados Unidos, Inglaterra e todos esses países
[desenvolvidos]. Então, brasileiros, orgulhem-se”, disse.
Programas
sociais
O
ministro da Economia fundamentou a criação dos auxílios emergenciais e frisou a
importância da intervenção do governo em um cenário de crise. Segundo Guedes, a
criação do auxílio emergencial foi uma "primeira linha de defesa"
contra os impactos econômicos que a restrição das atividades provocaria na
economia, em especial nas camadas vulneráveis e para os trabalhadores
informais. "A primeira linha de defesa foi exatamente proteger os mais vulneráveis.
Antecipamos o pagamento de aposentadorias e bônus para os idosos, ao mesmo
tempo que criamos o auxílio emergencial para 68 milhões de brasileiros."
Impactos
da inflação
Sobre
as perspectivas de inflação e as visões que classificou como
"pessimistas" diante do cenário de recuperação de 2022, Paulo Guedes
explicou que o reflexo natural da injeção de altos volumes de dinheiro sem o
devido aumento da produção no país gera inevitavelmente alta inflacionária,
algo que foi notado em todo o mundo em decorrência da pandemia de covid-19 e
das medidas econômicas tomadas por causa da emergência sanitária.
“As
pessoas em casa. A produção se retraiu. Ao mesmo tempo, nós tínhamos que
injetar recursos na economia para as pessoas sobreviverem. Então, os preços
começaram a subir”, disse Guedes.
Em
paralelo, explicou o ministro, o Banco Central tinha acabado de ganhar
autonomia. O governo decidiu que não reajustaria os salários de categorias mais
estáveis e com maiores ganhos, como os servidores públicos. “Foi
importantíssima a contribuição do funcionalismo brasileiro, que foi exemplar:
eles sabiam que tinham salários bem mais altos, sabiam que tinham estabilidade,
fizeram home office, então era justo que a contribuição deles fosse não ter
esse aumento de salário.”
Retomada
de investimentos
De
acordo com Guedes, outro pilar decisivo na política econômica do governo foi a
simplificação e a desburocratização de marcos regulatórios, que eram tidos como
empecilho para o desempenho de atividades comerciais e a criação de novos
empreendimentos.
Segundo
o ministro, os investimentos em telecomunicações, transporte de cabotagem, no
setor elétrico, saneamento básico e demais setores são fruto direto da
simplificação das leis vigentes, que tornaram o investimento mais simples
“Tudo isso tem efeito. Está tudo vindo pelo caminho. Por isso que a inflação
[do Brasil] já começou a descer enquanto está subindo em todos os outros
lugares do mundo.”
Superávit
no governo
O
Brasil tem cerca de R$ 900 bilhões encomendados em concessões e privatizações
para os próximos anos, disse o ministro ao informar que, pela primeira vez, o
governo federal terá um ano de superávit nas contas.
Guedes
salientou a importância de parcerias e concessões que transformam a iniciativa
privada em “sócia” do governo para gerar desenvolvimento. Entre os exemplos
citados por Guedes, linhas de transmissão de gás da Petrobras e a distribuidora
BR. “Pegamos essas empresas e vendemos o que não era essencial.”
Segundo
o ministro, foi feita a escolha de usar os fundos levantados pelas privatizações
para não jogar o custo dos auxílios para o futuro. “A outra forma é se
endividar, jogar a conta para o futuro. Quem vai pagar são nossos filhos e
netos. A decisão do presidente foi ‘nós vamos pagar por essa guerra’. Quando
chegar ao fim, nós mesmos pagamos pela guerra”. O ministro frisou, ainda, que o
nível de dívida do país permanece estável, mesmo após a injeção de recursos dos
auxílios.
“Estamos
aumentando os investimentos para trazer toda uma nova classe média empresarial
para todo mundo. As pequenas lojas, os pequenos comércios, as pequenas feiras.
Temos mais de 14 milhões de novos empreendedores - isso que gera emprego e cria
riqueza no país”, argumentou.
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