Senadores
da oposição e do governo da Argentina se uniram em solidariedade a Cristina
Kirchner, vítima de um ataque na noite desta quinta-feira (1º). Um deles, Luis
Naidenoff, da Unión Cívica Radical -um opositor do peronismo-- afirma que o
momento de gravidade que vive a Argentina está relacionado a "uma escalada
da violência no debate político que não mede as consequências".
Para
Naidenoff, o atentado é uma particularidade da situação argentina. À Folha, o
senador diz que está ciente das especulações feitas no Brasil devido à
nacionalidade do homem que atacou a vice-presidente, mas descarta outras
ligações com o cenário brasileiro. "O ambiente de confrontação que
permitiu o terrível incidente corresponde apenas à realidade local",
afirma.
"Sabemos
que Bolsonaro vem fazendo declarações contra o peronismo, mas daí a associar as
atitudes do agressor ao bolsonarismo é precipitado e raso", diz Naidenoff.
Por
trás da tentativa de disparo contra Cristina está, segundo o senador, 'uma
fricção que tem como lógica a identificação de inimigos". "Quando
isso é somado à alta inflação, uma situação de carestia profunda, de uma
péssima administração da pandemia, abrimos espaço para que algo assim
aconteça", em tom crítico ao governo de Alberto Fernández.
Assim
como outros líderes opositores, Naidenoff condenou o atentado, mas não está de
acordo com o fato de o presidente ter declarado feriado nacional nesta
sexta-feira (2) nem convocado a militância para marchas e manifestações nas
ruas de Buenos Aires.
"Nós
deveríamos todos estar de pé hoje e trabalhando, tanto opositores como
governistas. O presidente se equivoca ao apontar inimigos como fez em cadeia
nacional, acusando imprensa, Justiça e opositores de insuflar o discurso de
ódio", argumenta Naidenoff. "Em tempos como os que vivemos, é preciso
chamar à moderação e à cordura, e isso cabe à classe política, aos dirigentes
antes de qualquer um".
O
senador argentino descreve como lamentável o silêncio público de Bolsonaro
enquanto várias lideranças manifestaram empatia a Cristina Kirchner. "Isso
corre por conta dele, mas acredito que, antes de mais nada, é preciso fazer um
gesto de solidariedade, mostrar humanidade, nada pode vir antes disso. Depois
façamos as críticas políticas".
Com informações da Folha de São Paulo
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