foto reprodução- TV Globo
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) afirmou
nesta terça-feira que não deixou de "falar a verdade" ao comentar a decisão
do governo chileno de ter convocado o embaixador brasileiro em Santiago após
ele ter feito acusações contra o mandatário chileno, Gabriel Boric, no domingo
à noite.
"O
presidente do Chile agora começou a chamar o seu embaixador, uma maneira que
ele tem de mostrar a insatisfação comigo. Se eu exagerei ou não, não deixei de
falar a verdade", disse.
"A
Constituinte do Chile vai na contramão do que qualquer país democrático quer.
Isso é problema deles? É problema deles, mas o cidadão lá teve o apoio de um
cara aqui do Brasil", emendou ele, referindo-se indiretamente ao apoio que
seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deu a Boric.
As
declarações de Bolsonaro foram dadas em evento promovido pelo Instituto União
Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) em Brasília.
Na
véspera, o governo chileno havia feito a convocação do representante da
chancelaria brasileira para prestar esclarecimentos. Essa medida, nos meios
diplomáticos, é uma forma de passar profundo desagrado de um governo com alguma
ação de outro país --no caso, com as declarações de Bolsonaro durante debate
entre os candidatos à Presidência, quando tentava atacar Lula.
"Lula
também apoiou o presidente do Chile, o mesmo que praticava atos de tacar fogo
em metrôs lá no Chile. Para onde está indo nosso Chile?", disse Bolsonaro,
criticando ainda os governos da Venezuela, Argentina e Colômbia, durante o
debate realizado pelo pool Band TV, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo.
Com
origem na política estudantil, Boric participou dos protestos de 2011 pela
gratuidade do sistema de ensino superior e foi eleito deputado pela primeira
vez em 2014. Apesar de apoiar as reivindicações dos protestos de 2019, quando
ocorreram os fatos citados por Bolsonaro, o atual presidente do Chile não era
parte do movimento, como quis dizer o presidente brasileiro.
"São
absolutamente falsas e lamentamos que, em um contexto eleitoral, se fale das
relações bilaterais através da desinformação e das notícias falsas", disse
a ministra de Relações Exteriores chilena, Antonia Urrejola, na segunda-feira.
Em
uma nota, a chancelaria chilena reforçou que as declarações de Bolsonaro são
"inaceitáveis e não condizem com o trato respeitoso que deve haver entre
chefes de Estado, e nem com as relações fraternas entre os dois países
latino-americanos".
Durante
sua campanha à reeleição, Bolsonaro tem feito seguidas críticas aos governos de
esquerda da região, muitas vezes apontando problemas econômicos de Venezuela e
Argentina.
O presidente aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto para o primeiro turno, atrás de Lula.
Com informações da (Reuters) - Brasília
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