Um palestino foi morto a tiros depois de esfaquear e matar quatro pessoas na cidade de Bersebá (Be’er Sheva, em hebraico), no sul de Israel, na terça-feira (22). As autoridades israelenses informaram que outras duas vítimas ficaram feridas no ataque, uma delas em estado grave, de acordo com a agência catari Al Jazeera. As informações são do site de notícias internacionais A Referência.
A
imprensa local identificou o agressor como Ahmed al-Qiaan, um professor
palestino de 33 anos da cidade israelense de Hura. Em 2015, ele foi condenado a
quatro anos de prisão acusado de
ligação com o Estado
Islâmico (EI).
“Parece
ser um único terrorista que esfaqueou”, disse o porta-voz da polícia Eli Levy,
em declarações ao Canal 13 da TV de Israel. “Um civil tomou a iniciativa,
atirou contra ele e o matou”.
Primeiro,
o agressor usou o carro para atingir um ciclista. Depois, desceu do veículo e
esfaqueou cinco pessoas que estavam das proximidades. Mais tarde, al-Qiaan foi
morto por um civil que presenciou a ação e estava armado. Um segundo civil
ajudou a conter o terrorista, ação que foi filmada e reproduzida nas redes
sociais. Veja o vídeo abaixo. As imagens são fortes.
Após
o ataque, as autoridades israelenses entraram em “alerta máximo”, de acordo com
o primeiro-ministro Naftali Bennett. As forças de segurança do país fecharam
rodovias e fizeram um cerco à residência de al-Qiaan.
“Vamos
agir vigorosamente contra as operações terroristas. Vamos acompanhar e prender
aqueles que prestaram assistência”, disse um comunicado divulgado pelo
escritório do premiê.
Embora
não tenha assumido a autoria do ataque, o Hamas, grupo jihadista que governa a
Faixa de Gaza ocupada, elogiou o ataque. O porta-voz da organização, Abdel-Latif
al-Qanou, disse que “os
crimes cometidos pela ocupação” contra o povo palestino só podem ser
enfrentados com tais “atos heroicos”.
A
iniciativa foi repetida pelo Movimento da Jihad Islâmica na Palestina, que
classificou o ataque como “uma resposta natural aos crimes da ocupação no
Naqab” O porta-voz Tariq Salmi disse, ainda, que Israel “perceberá mais uma vez
que nosso povo não se renderá”.
Por
que isso importa?
Nos
últimos anos, o EI
se enfraqueceu financeira e militarmente. Em 2017, o exército
iraquiano anunciou ter derrotado a organização no país, com a retomada de todos
os territórios que ela dominava desde 2014. O grupo, que chegou a controlar um
terço do Iraque, hoje mantém apenas células
adormecidas que lançam ataques esporádicos, quase sempre focados em
agentes do governo. Já as FDS (Forças Democráticas Sírias), uma milícia curda
apoiada pelos EUA, anunciaram em 2019 o fim do “califado” criado pela
organização extremista na Síria.
Em
janeiro deste ano, o grupo sofreu mais um duro golpe quando o exército
norte-americano anunciou ter matado Amir Muhammad Sa’id Abdal-Rahman al-Mawla,
principal líder da facção. Durante uma operação antiterrorismo dos EUA na
Síria, ele explodiu uma bomba que carregava junto ao corpo, matando também
mulheres e crianças que o acompanhavam. O evento foi semelhante a outro, em
2019, que terminou com a morte do líder anterior da organização
extremista, Abu
Bakr al-Baghdadi.
De
acordo com um relatório do
Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) publicado em
fevereiro de 2022, as perdas territoriais e de pessoal transformaram o EI, que
antes controlava boas partes da Síria e
do Iraque,
em “uma insurgência principalmente rural, resistindo à pressão
antiterrorista sustentada pelas forças da região”.
A
pandemia também continua a ser um desafio, pois impede as “viagens
transfronteiriças, diminuindo as ameaças decorrentes de fluxos de combatentes
em zonas de conflito e viagens terroristas mais amplas em zonas de não
conflito”. Por outro lado, a estagnação do terrorismo em meio à onda de
Covid-19 aumenta as “oportunidades de recrutamento e radicalização online”,
criando a perspectiva de uma retomada futura das ações extremistas globais.
Outro
risco que o grupo oferece é a presença de milhares de ex-combatentes em prisões
e campos de deslocados em várias partes do mundo. Devolvê-los a seus países de
origem e processá-los judicialmente é um desafio para os Estados-Membros da
ONU, e os estabelecimentos que abrigam os extremistas são um potencial alvo de
ataques para o EI. Exatamente como ocorreu na prisão
de Ghwayran, na cidade de al-Hasakah, na Síria, invadida pelo grupo
com a meta de libertar seguidores.
“Devido
à capacidade severamente degradada, a sobrevivência futura do EI depende de sua
capacidade de reabastecer as fileiras por meio de tentativas mal concebidas,
como o ataque a Hasakah”, afirmou o major-general norte-americano John W. Brennan Jr., comandante da força de coalização
liderada pelos EUA para combater o EI. Segundo ele, a ação na prisão síria
gerou enorme prejuízo ao grupo terrorista, que “sentenciou à morte muitos dos
seus que participaram deste ataque”.
Atualmente,
o principal reduto do EI é o continente africano, onde consegue se manter
relevante graças ao recrutamento online e à ação de grupos
afiliados regionais. A expansão do grupo em muitas regiões da África desde
o início de 2021 é alarmante e pode marcar sua retomada de força. No Sudeste
Asiático, ao contrário, os países da região têm obtido sucesso significativo em
interromper o terrorismo de facções afiliadas.
No
Brasil
Casos
mostram que o Brasil é um porto seguro para
extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil
Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas
no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica,
Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em
2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de
Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista,
coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em
2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF
prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados
semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao
Estado Islâmico foram presos e dois fugiram.
Mais
recentemente, em dezembro de 2021, três
cidadãos estrangeiros que vivem no Brasil foram adicionados à lista de
sanções do Tesouro Norte-americano. Eles são acusados de contribuir para o
financiamento da Al-Qaeda, tendo inclusive mantido contato com figuras
importantes do grupo terrorista.
Para
o tenente-coronel do Exército Brasileiro André Soares, ex-agente da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência), o anúncio do Tesouro causa “preocupação
enorme”, vez que confirma a presença do país no mapa das organizações
terroristas islâmicas.
“A possibilidade de atentados terroristas em solo brasileiro, perpetrados não apenas por grupos extremistas islâmicos, mas também pelo terrorismo internacional, é real”, diz Soares, mestre em operações militares e autor do livro “Ex-Agente Abre a Caixa-Preta da Abin” (editora Escrituras). “O Estado e a sociedade brasileira estão completamente vulneráveis a atentados terroristas internacionais e inclusive domésticos, exatamente em razão da total disfuncionalidade e do colapso da atual estrutura de Inteligência de Estado vigente no país”.
🇮🇱 | Novo ataque em Israel, na cidade de Be'er Sheva: Um terrorista matou 4 pessoas com uma faca.
— Nova Era Mídia (@novaeramidia) March 22, 2022
Dois civis conseguiram parar o agressor, um o distraiu e o outro atirou. pic.twitter.com/pED1d7hLiH
Para ler mais acesse, www: professortacianomedrado.com / Siga o blog do professorTM/EJ no Facebook, e no Instagram. Ajude a aumentar a nossa comunidade.
AVISO: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião do Blog do professor Taciano Medrado. Qualquer reclamação ou reparação é de inteira responsabilidade do comentador. É vetada a postagem de conteúdos que violem a lei e/ ou direitos de terceiros. Comentários postados que não respeitem os critérios podem ser removidos sem prévia notificação.
Postar um comentário