O
YouTube anunciou que vai começar a remover todos os vídeos que contenham
alegações falsas de fraudes, erros ou problemas técnicos na eleição de 2018,
inclusive de forma retroativa, atingindo os que já estão publicados na
plataforma. As informações são de Patrícia Campos Mello | Folhapress.
A
atualização nas políticas eleitorais do YouTube foi anunciada nesta terça-feira
(22), na esteira de diversas críticas à falta de ações da plataforma no combate
à desinformação eleitoral.
O
presidente Jair Bolsonaro e seus aliados protagonizam inúmeros vídeos com
afirmações não comprovadas de que houve fraudes eleitorais e que a urna
eletrônica foi adulterada em 2018 -todo esse conteúdo é passível de remoção.
Antes,
a proibição de conteúdo com afirmações falsas de fraude generalizada após
resultados eleitorais finais serem oficialmente certificados valia apenas para
eleições presidenciais passadas dos EUA e as federais alemãs de 2021. Agora, as
eleições brasileiras de 2018 passam a ser incluídas.
O
YouTube também atualizou a política que proíbe conteúdo que possa levar à
supressão de votos.
Anteriormente,
as normas eram muito focadas nos Estados Unidos.
Vedavam
vídeos alegando que a "filiação do eleitor a um partido político ficava
visível em um envelope de votação pelo correio" (não existe voto pelo
correio no Brasil) e "alegações incorretas de que o voto de pessoas sem
cidadania determinou o resultado das eleições passadas" (são frequentes
nos EUA boatos de imigrantes indocumentados votando).
Agora,
a plataforma incluiu proibição referente especificamente ao Brasil
-"alegar incorretamente que as urnas eletrônicas de votação brasileiras
foram invadidas por hackers no passado para mudar o voto de pessoas."
A
partir desta terça-feira (22), o YouTube começará a analisar os vídeos que
abordem o tema da suposta fraude eleitoral em 2018 usando inteligência
artificial e moderação humana.
A
plataforma não detalhou se terá pessoal adicional ou mais investimento em
inteligência artificial para fazer essa moderação dos vídeos.
Segundo
a empresa, vídeos informativos ou noticiosos, que debatem a vulnerabilidade das
urnas fornecendo contexto, não serão derrubados.
No
entanto vídeos que não forneçam contexto e afirmem falsamente que houve
adulteração na urna serão eliminados, mesmo que estejam em canais de veículos
de notícias.
Além
disso, os usuários que fizerem buscas de vídeos relacionados à eleição ou urnas
eletrônicas verão um painel de informações na parte superior dos resultados da
pesquisa, ou abaixo dos vídeos relacionados ao voto eletrônico, com um link
para informações oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Já
existem "painéis de contexto" semelhantes para a Covid-19, por
exemplo.
Bolsonaro
vem afirmando desde o início de seu mandato que houve falhas nas urnas
eletrônicas em 2018, e que ele, na realidade, teria vencido o pleito no
primeiro turno.
No
final de julho de 2021, o presidente realizou uma live nas redes sociais para
apresentar o que ele chamava de provas das suas alegações, mas citou apenas
boatos que circulam há anos na internet e que já foram desmentidos.
O
TSE abriu inquérito administrativo para apurar a conduta de Bolsonaro, que, sem
apresentar provas, afirma que o sistema eleitoral é vulnerável a fraude.
As
novas políticas de remoção só se aplicam a alegações de fraude na eleição de
2018 e não a afirmações de que o pleito de 2022 será fraudado. Segundo a
plataforma, só se pode adotar a política de remoção uma vez que haja um
resultado oficial, certificado pelas autoridades competentes.
Nos
Estados Unidos, o YouTube foi criticado por ter demorado demais para agir em
relação aos vídeos espalhando desinformação sobre a eleição presidencial
americana de 2020.
Só
em 12 de dezembro de 2020, mais de um mês após o pleito, o YouTube anunciou que
passaria a remover vídeos com alegações de que fraude generalizada havia
influenciado a eleição.
Na
mesma data, a plataforma informou que havia banido mais de 8.000 canais desde
setembro de 2020.
Em
6 de janeiro de 2021, apoiadores do então presidente Donald Trump invadiram o
Capitólio para impedir a certificação do resultado eleitoral, que diziam ter
sido fraudado. A invasão deixou cinco mortos. Os agressores se organizaram
usando as redes sociais.
No
Brasil, o entendimento da plataforma é que o processo de certificação de
resultado eleitoral pelo TSE é centralizado e muito mais rápido. E, assim que
houver resultado certificado, a plataforma poderá anunciar a remoção de
conteúdo alegando falsamente que houve fraude em 2022.
Também
há o entendimento que, ao longo da campanha eleitoral, outros conteúdos
desinformativos que atentem contra a integridade cívica podem ser incluídos na
política de remoções.
Os
usuários não sofrerão penalidades por vídeos que já estavam publicados. Mas
quem postar vídeos com o teor proibido a partir de agora, com um período de
aprendizagem de 1 mês, passará a sofrer as sanções da plataforma ('strikes').
Quem receber três strikes num período de 90 dias terá o canal excluído.
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